Lavanderia cobra dívida milionária e suspende serviço em hospitais
Terceirizada interrompeu, nesta quinta-feira (22/12), a higienização de roupas de cama e peças de vestuário nas unidades de saúde pública
atualizado
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A empresa que presta serviços de lavanderia a quatro das principais unidades de saúde do Distrito Federal suspendeu os serviços nesta quinta-feira (22/12). Caso a atividade não seja retomada rapidamente, pacientes, médicos e demais servidores dos hospitais de Base e regionais de Sobradinho, Gama e Santa Maria ficarão sem jalecos, pijamas cirúrgicos e roupas de cama limpas. O motivo alegado pela terceirizada é a falta de pagamento por parte do GDF.
Em 18 de outubro, a Secretaria de Saúde firmou acordo com a NJ Lavanderia, comprometendo-se a pagar R$ 4,9 milhões em dívidas referentes a serviços prestados entre 2015 e este ano.O problema é grave. Pessoas com a saúde mais debilitada, como recém-nascidos, idosos e quem passou por cirurgias, podem ter o quadro clínico agravado, pois ficarão mais suscetíveis a contaminação.
O valor foi dividido em quatro partes. Entretanto, a última parcela, de R$ 2,2 milhões, não caiu na conta da terceirizada. A fatura venceu em 18 de novembro, conforme mostra ata da reunião entre representantes da empresa e o secretário da Saúde, Humberto Fonseca.
Divergência
Procurada pela reportagem, a NJ Lavanderia informou que, além de não honrar o compromisso, o GDF quer pagar menos do que o acordado: R$ 1,3 milhão. Por meio de nota, a Secretaria de Saúde confirmou essa cifra, uma vez que o documento assinado entre as partes ressalta que “os valores são estimados” e poderia haver revisão. Ainda assim, a pasta informou que a previsão é efetuar o pagamento nos próximos dias.
A secretaria também negou que os trabalhos estejam integralmente suspensos e alegou que está em negociação com a empresa para que a atividade seja restabelecida nos hospitais rapidamente. “Houve paralisação parcial do serviço de lavanderia nessas unidades e, por esse motivo, apenas procedimentos de emergência estão sendo realizados”, diz a nota.
O problema das lavanderias foi criticado pela presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do DF (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues. “O serviço de lavanderia é essencial no atendimento. É imprescindível para a realização de cirurgias e partos. Os pacientes não podem pagar esse ônus”, afirmou a sindicalista.
Contrato emergencial sem licitação
A NJ foi fundada em 18 de novembro de 2009, mesmo ano em que começou a prestar serviço para a Secretaria de Saúde. Inicialmente, ela foi contratada de forma emergencial para atender à demanda do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Depois, teve o contrato ampliado para servir outros três hospitais, novamente sem licitação: o de Base e os regionais de Sobradinho e do Gama.
Se considerados os quatro hospitais em que a NJ atua, foram R$ 32 milhões recebidos dos cofres públicos de 2011 a este ano. Embora o contrato emergencial tenha sido encerrado em 2015, a empresa segue prestando o serviço. Os pagamentos, agora, são feitos por meio de verba indenizatória.
Sucessão de problemas
A falta de roupas limpas em quatro hospitais do Distrito Federal se soma a dezenas de outros problemas que afetam a saúde pública da capital diariamente.
Nos últimos meses, o Metrópoles denunciou uma série de casos, como filas na madrugada para conseguir remédios de alto custo; cadáveres e alimentação de doentes usando o mesmo elevador; necessidade de mutilar pacientes para que fosse possível fazer cirurgias com o material adequado; falta de água quente para o banho; e até cheiro de corpos se espalhando no ar devido à falta de refrigeração das câmaras mortuárias.