Idosa morre à espera de leito em UTI na rede pública de saúde do DF
Maria Lenice Bechmam, 66 anos, estava internada na UPA de Samambaia desde quarta-feira (25/1). Ela faleceu sexta (27), por volta das 12h
atualizado
Compartilhar notícia
A falta de estrutura, medicação, leitos e materiais da rede pública de saúde do Distrito Federal fez mais uma vítima. Desta vez, a aposentada Maria Lenice Bechmam, 66 anos. Ela deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia Sul na última quarta-feira (25/1) com um quadro grave de trombose no pulmão, ou embolia pulmonar, e morreu dois dias depois, nesta sexta (27), enquanto esperava vaga em um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) em um dos hospitais da rede.
Devido à gravidade da situação, a família de Maria Lenice precisou entrar na Justiça na tarde desta quinta-feira (26), para tentar garantir o leito de UTI para a paciente. Porém, o pedido dos parentes de Maria Lenice não teve resposta até a publicação desta reportagem. Em meio à espera, a idosa morreu por volta das 12h desta sexta-feira (27), na UPA de Samambaia.
O caso revoltou os familiares da mulher. A dona de casa Maria Aparecida dos Santos Oliveira, 42, nora de Maria Lenice, desabafou diante da sensação de impotência, dor e tristeza. “O sentimento é de revolta e decepção. Pagamos nossos impostos em dia. Quando precisamos da saúde pública, somos tratados como animais.”A via crucis de Maria Lenice, que era moradora de Samambaia Sul, começou em 7 de janeiro. Ela quebrou o joelho e deu entrada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Passou por cirurgia no dia 16, na maior unidade de saúde da capital do país e recebeu alta médica na segunda-feira (23).
Maria Lenice foi mandada para casa com a recomendação de tomar uma injeção diária do medicamento enoxaparina 40mg (para trombose).
Na quarta (25), a idosa passou mal e precisou ser levada às pressas para a UPA de Samambaia, onde permaneceu internada até esta sexta (27). No dia em que deu entrada na unidade, a médica disse que, devido ao peso dela, a dose correta da medicação seria a de 100 mg, e não de 40 mg, como havia sido passado no HBDF.
Alta médica em “boas condições”
Em nota, a Secretaria de Saúde disse que “a paciente teve alta (do HBDF) em boas condições clínicas, tendo retorno marcado e recebendo todas as orientações do seu tratamento.”
Segundo a pasta, o óbito se deve “à gravidade e evolução de sua patologia e não por outro motivo. Em nenhum momento, foi relatado pela família, problemas na conduta médica ocorrida no Hospital de Base.” Ainda de acordo com a secretaria, “foram adotados todos os procedimentos pertinentes ao caso, não ocorrendo, no entanto, resposta positiva ao tratamento da paciente”.