Hospital libera bebê para cirurgia no coração, mas não há vaga no ICDF
Segundo a Secretaria de Saúde, há oito decisões judiciais determinando internações de crianças em leitos de UTI pediátrica
atualizado
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Superar uma infecção parecia ser o último obstáculo da bebê Jhennyfer Victoria Amorim de Souza, de 1 mês e 3 semanas, mas a cirurgia para corrigir uma grave cardiopatia ainda não tem previsão para ser marcada. O procedimento, que deveria ter sido feito após o nascimento da menina, está sendo adiado por falta de vagas em leitos de UTI pediátrica na rede pública.
Mesmo com uma decisão liminar determinando a transferência para unidade que ofereça o serviço –no caso, o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) –, a sentença emitida pela Justiça do DF vem sendo desobedecida. Além de Jhennyfer, outros oito bebês enfrentam drama idêntico.
A menina está apta a ser transferida desde quarta-feira (5/7), conforme consta no laudo assinado por um médico do Hospital Regional de Ceilândia, onde a criança está internada desde o nascimento.
O Metrópoles vem acompanhando o caso de Jhennyfer desde a concessão da ordem judicial. Logo que a decisão foi emitida, em 23 de agosto, a Secretaria de Saúde (SES) informou que um quadro infeccioso impedia a realização do procedimento.
Veja a decisão judicial:
Deferimento da liminar em favor de Jhennyfer by Metropoles on Scribd
Consultada se, após a melhora da infecção, a bebê seria transferida, a SES informou que a “transferência para o ICDF depende da disponibilidade/vacância do leito especializado, que ocorre mediante alta (por melhora clínica, óbito ou transferência de estabelecimento de saúde) dos pacientes que já os ocupavam previamente”.
Cirurgia
A mãe de Jhennyfer, Maria Amorim de Souza, trabalha como repositora em um supermercado. O marido teve câncer e está sem emprego há mais de cinco anos. Sem dinheiro para arcar com uma cirurgia na rede particular e vendo a filha piorar com o passar do tempo, a única esperança da mãe, agora, é o surgimento de uma vaga no ICDF.
“A gente tentou receber doações, mas não conseguimos nem R$ 300. O valor pago só para o hospital é de R$ 50 mil, fora a comissão do médico e do anestesista. Não sei mais a quem recorrer”, desabafa Maria.