Gestante que perdeu bebê aguarda há 4 dias por retirada de feto
A jovem deu entrada no Hospital de Santa Maria com encaminhamento para parto de emergência. A morte foi constatada no dia seguinte
atualizado
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Uma gestante grávida de oito meses perdeu o bebê após ser internada no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Camila Gonçalves, 20 anos, deu entrada na unidade na noite de terça-feira (22/10/2019) com encaminhamento do Hospital do Gama para parto prematuro. Ela foi atendida e medicada, mas não passou pela cirurgia. Na manhã do dia seguinte, um exame de ultrassom revelou que o menino estava morto.
“Ele ia nascer prematuro e, como não tinha esse leito no Hospital do Gama (HRG), me encaminharam para Santa Maria. Fizeram os testes e escutaram o coração, mas no dia seguinte já não ouviram mais. A médica disse que ele deve ter morrido por volta das 9h30 de quarta”, detalha Camila. Desde então, a jovem aguarda para a retirada do feto que, segundo informações da equipe médica passadas à família, precisa ser feita por meio de uma cesariana.
Por duas vezes, Camila teve a alimentação interrompida, procedimento necessário para a cirurgia, mas a intervenção foi adiada mais de uma vez. Enquanto isso, a família teme pela saúde da jovem. “Ela está sangrando, corre o risco de pegar uma infecção generalizada e está extremamente abalada. Os funcionários não têm um pingo de humanidade, justificaram que a criança já estava morta, então, que ela não é prioridade”, questiona a sogra de Camila, Maria Luiza Pereira.
Gravidez de risco
Camila teve uma gravidez de risco e todo o pré-natal foi feito no Hospital Regional do Gama. No domingo (20/10/2019), ela e o marido, Bruno da Silva, 23, reuniram a família para o chá de bebê da criança, que se chamaria Gael. “Vieram todos os parentes de Minas Gerais e de Goiás. Estava quase tudo pronto. Nós estamos muito tristes”, lamenta Maria Luiza.
O caso chegou ao conhecimento do deputado distrital Chico Vigilante (PT), que acionou a direção da Secretaria de Saúde. “Estamos vendo uma verdadeira podridão no atendimento do hospital e é inaceitável o que está acontecendo com essa jovem. Vou acionar o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) para fazer essa denúncia gravíssima, pois é inaceitável esse tratamento desumano”, afirma o parlamentar.
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pela gestão da unidade, afirmou que seguiu o protocolo indicado para o caso, entrando com as medicações necessárias para preparar a paciente para a cirurgia. “O parto não pode ser realizado antes do procedimento de corticoide terapia. Infelizmente, nesse intervalo de tempo, a criança não resistiu”, diz a nota. A cesária para retirar o feto foi realizada nesta tarde.