GDF dispensa licitação para contratar empresa de logística, mas opta pela burocracia ao comprar kit de diagnóstico da dengue
Enquanto os casos da doença se multiplicam no DF, Executivo abre concorrência para adquirir insumos. Processo levará ao menos duas semanas, segundo edital publicado na sexta-feira (29/1). Mas em dezembro, fez contrato emergencial de R$ 18 milhões para empresa de logística
atualizado
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O recente histórico de gastos do GDF com a saúde revela que o governo local tem uma percepção curiosa na hora de escolher prioridades. Em dezembro, o Executivo dispensou licitação para contratar, em caráter emergencial, uma empresa especializada em operação logística. Agora, no momento em que a população teme o vertiginoso aumento dos casos de dengue no Distrito Federal, a equipe de Rodrigo Rollemberg (PSB) opta pela burocracia e lança edital para comprar os kits fundamentais para diagnosticar a doença. Os kits, que estão em falta nas regiões administrativas, vão demorar pelo menos mais duas semanas para voltar às prateleiras do sistema de saúde.
Dezessete dias é o tempo previsto no edital publicado na sexta-feira (29/1) no Diário Oficial para que seja conhecida a melhor proposta entre as empresas interessadas em fornecedor os insumos.De acordo com o aviso de abertura do pregão eletrônico n° 20/2016, o valor estimado com a compra é de R$ 154.312,50. A entrega das propostas começou ainda na sexta, e a abertura dos envelopes de fornecedoras será somente no dia 15 de fevereiro.
Logística de R$ 18 milhões
O critério utilizado pela Secretaria de Saúde dessa vez foi diferente da contratação de uma empresa especializada em operação logística, no valor de quase R$ 18 milhões em dezembro. A pasta fez o ato em caráter emergencial e, por isso, dispensou a licitação.
O negócio só não foi confirmado porque o Ministério Público recomendou a suspensão do ato após questionar o fato de a secretaria ter tido todo o ano de 2015 para licitar a contratação, mas esperou o período de recesso do Judiciário e do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) para publicar a dispensa de licitação.
Por meio de nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde disse “que não há falta do material nos hospitais regionais” e ressaltou que “todos os médicos são capacitados para, clinicamente, identificar a patologia. Numa hipotética falta de testes rápidos, havendo dúvidas por parte do profissional, o Laboratório Central (Lacen), que é referência no país, possui todo o aparato tecnológico para tal identificação e tem reagentes em estoque”.
A pasta diz ainda que “não há falta do material nos hospitais regionais” e que há “cerca de 4 mil unidades, que são utilizadas mediante prescrição médica, após suspeita clínica, como complemento ao diagnóstico”.
Morte
Na quarta-feira (27), morreu Maria Cristina Natal Santana, cunhada do vice-governador do DF, Renato Santana. Foi a primeira morte em decorrência de dengue hemorrágica confirmada no Distrito Federal em 2016. Ela estava internada no Hospital Regional de Brazlândia. O episódio motivou um contundente desabafo do vice-governador nas redes sociais.
Boletim epidemiológico
Brazlândia continua como a cidade do DF com mais casos de dengue registrados em 2016: são 162, contra os três do ano anterior. São Sebastião (53), Ceilândia (37) e Planaltina (37) vêm na sequência. Não houve alteração no número de casos de febre chikungunya e zika em relação à semana anterior, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde no início da noite desta quarta (27).
De acordo com a pasta, foram 562 casos de dengue confirmados no DF entre 1° de janeiro e a última segunda-feira (25/1) — 487 de residentes no Distrito Federal e 75 de moradores de outras regiões administrativas. O número é quase três vezes maior do que o registrado em período similar no ano anterior, com 206 ocorrências.