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Filha denuncia que encontrou larvas em pai idoso internado no HRC

O homem de 86 anos deu entrada para tratar de uma fratura no fêmur e acabou morrendo no final da manhã desta sexta-feira (4/11)

atualizado

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Reprodução/Arquivo Pessoal
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Familiares de um paciente que estava internado em estado grave no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) denunciam que retiraram larvas do nariz de Adenor José Viana, 86 anos. O idoso, que deu entrada na unidade em 29 de setembro, acabou morrendo no final da manhã desta sexta-feira (4/11).

De acordo com a filha do idoso, Arlete Lopes Christiano, o agricultor, que morava em Santo Antônio do Descoberto (GO), Região do Entorno do DF, sofreu uma queda em sua chácara e fraturou o fêmur. Adenor chegou a ser levado pela família para o Hospital Regional de Brazlândia, mas acabou transferido para o HRC em seguida. “Durante uma semana, meu pai ficou encostado no pronto-socorro pois não havia leito para ele”, contou.

Arlete, que é auxiliar de enfermagem aposentada, explicou que o pai acabou peregrinando por áreas como a clínica médica e a ortopedia, enquanto seu quadro clínico se agravava. “Ele chegou no hospital com fratura no fêmur, mas semanas depois já apresentava sintomas de pneumonia, água nos pulmões e, por fim, os rins pararam de funcionar”, afirmou.

 

A aposentada ainda afirmou que tinha apenas um médico atendendo seis pacientes internados tanto na Semi-UTI quanto nas chamadas UTI Vermelha, onde ficam pacientes em estado mais grave. “Pior que isso. Tinham 16 pessoas jogadas nos corredores quando entrei hoje. Os profissionais do hospital trabalham da forma mais precária possível. Meu pai entrou com o fêmur quebrado e vai sair morto desse hospital”, desabafou.

Segundo a filha do agricultor, depois de muita insistência e procurar a Defensoria Pública para conseguir um leito para o pai, Adenor acabou internado na unidade semi-intensiva do hospital. Na manhã desta sexta, o quadro clínico se agravou ainda mais. “Quando cheguei no hospital, estava muito preocupada e fui logo vê-lo e entrei em pânico quando percebi que havia larvas vivas dentro das narinas dele. Precisei fazer um escândalo para que ele fosse socorrido”, contou a aposentada.

Arlete relatou que usou uma seringa do próprio hospital para armazenar as larvas que foi tirando do nariz do idoso. “Quanto mais puxávamos, mais bichos saíam. Ao mesmo tempo, tinham várias moscas voando pelo ambiente da Semi-UTI”, disse.

O outro lado
Diante da gravidade da denúncia, a Secretaria de Saúde convocou uma entrevista coletiva e admitiu a existência de moscas na unidade. A diretora do HRC, Andrea Araújo, afirmou que os ovos das larvas provavelmente foram depositados na enfermaria do hospital.

O paciente necessitava de uma cirurgia no fêmur. Mas, devido à idade avançada, ele apresentou complicações clínicas, como pneumonia, cerca de sete dias depois. Ele foi encaminhado à sala amarela, onde ficou acamado. Dias depois, chegou a melhorar e ficar pronto para a operação e foi encaminhado à enfermaria. Porém, no dia 17 de outubro voltou a ter complicações e novamente foi levado à sala amarela, com problemas renais, respiratórios e veio a falecer.

Andrea Araújo

Segundo ela, as larvas provavelmente são de moscas que pousaram no paciente. “Como ele estava sedado, não estava com seus mecanismos de defesa. Assim, um inseto pode ter pousado na boca ou nariz e ter depositado ovos”, completou.

De acordo com a responsável pela unidade, as larvas só eclodem cerca de 15 a 20 dias após a deposição. Portanto, pelos cálculos, a infecção ocorreu na enfermaria, onde o controle ambiental é menor do que na sala amarela.

A diretora do HRC afirmou que, após o caso, houve uma reunião para identificar possíveis problemas de vedação e controle ambiental na enfermaria e também na sala amarela.

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