Entre as vítimas de Covid-19 no DF, 62% tinham doenças cardiovasculares
De acordo com o boletim mais recente da doença, já são 673 pessoas com essa comorbidade que morreram após contrair a doença
atualizado
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Entre os 1.158 mortos por coronavírus no Distrito Federal até o momento, chama a atenção o alto número de vítimas que tinham alguma doença cardiovascular. Mais do que qualquer outra comorbidade que agrava o estado de saúde de quem contrai a Covid-19, portadores de problemas no coração representam 62,3% do total de mortes na capital.
Segundo dados da Secretaria de Saúde do DF, já são 721 pessoas com doenças cardíacas que faleceram após contaminação por coronavírus. Entre as enfermidades mais comuns, estão a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca ou arritmia.
Conforme explica o médico infectologista do Hospital Anchieta Manuel Palacios, esses números não são exclusividade do DF. “Realmente já é bem clássico que a comorbidade mais associada aos óbitos seja a hipertensão, mas não podemos fazer uma associação de que morreu apenas por causa disso: vários outros fatores precisam ser levados em consideração”, destaca.
Manuel lembra que o pulmão costuma ser o mais afetado, mas estudos recentes têm detectado trombos em várias partes do corpo. “Isso causa o entupimento de veias e artérias que podem causar disfunções em vários órgãos, inclusive o coração”, conta.
Por esse motivo, alguns exames específicos precisam ser feitos em pacientes com problemas cardiovasculares que vão à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após contrair a Covid-19. “Observamos as alterações que podem indicar um mau prognóstico. É preciso ficar atento também com a pneumonia, que causa dificuldade na troca de oxigênio no pulmão e piora a função cardíaca”, pontua.
O infectologista afirma que, além de todos os cuidados básicos na prevenção do contágio, os portadores de doenças cardiovasculares precisam se atentar a outros fatores. “Essa pessoa não deve se expor de maneira nenhuma. Além disso, nenhuma medicação preventiva deve ser tomada. A hidroxicloroquina, por exemplo, causa arritmia e pode piorar a saúde de alguém que tenha esse problema”, diz.
Por outro lado, um medo que tomou os hipertensos no começo da pandemia já caiu por terra. Segundo Manuel, tomar a losartana e similares não aumenta as chances de pegar a Covid-19.