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De bebês a idosos, falta UTI no DF até para quem tem decisão judicial

Carência desse tipo de leito põe em risco pessoas de todas as idades. Mesmo amparadas pela Justiça, elas não conseguem vagas

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Mesmo com amparo judicial, pacientes do Distrito Federal em crítico estado de saúde não conseguem vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública. A falta desse tipo de suporte afeta pessoas de todas as idades, de recém-nascidos a idosos, como no caso da aposentada Maria Cristina Nascimento, 62 anos.

A mulher sofreu parada cardíaca na segunda-feira (4/6) e, desde então, padece em leito de emergência incapaz de oferecer atendimento necessário, no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Ela tem histórico de doenças do coração, diabetes e insuficiência renal. E mais: depende de hemodiálise – filtração do sangue por meio de rim artificial – diária, o que não tem obtido desde a internação.

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O homem até conseguiu decisão do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT)
Porém, isso não bastou
Enquanto isso, a mulher carece de atendimento apropriado no Hospital Regional de Sobradinho (HRS)
Agora, Maria Cristina aguarda leito em situação não condizente com o atendimento necessário
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Tiago de Jesus acionou a Justiça para conseguir leito de UTI para a mãe

Material cedido ao Metrópoles
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O homem até conseguiu decisão do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT)

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Porém, isso não bastou

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Enquanto isso, a mulher carece de atendimento apropriado no Hospital Regional de Sobradinho (HRS)

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Agora, Maria Cristina aguarda leito em situação não condizente com o atendimento necessário

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“Nós nos sentimos péssimos, porque nem com decisão da Justiça a gente consegue UTI. Já nem sei direito o que fazer. Mas vou lutar até conseguir”, lamentou o zelador Tiago de Jesus Nascimento, filho de Maria Cristina. A família mora em Sobradinho. Ele teme pela vida da mãe, pois a mulher enfrenta diversos problemas de saúde.

Tiago contou que, antes da internação, a idosa já passou por angioplastia e cateterismo – ambos são procedimentos no coração. Além disso, ela tem apenas 10% da função renal. Por causa dessa condição, o quadro dela inspira ainda mais cuidados e aumenta a urgência por UTI.

Antes da parada cardíaca, segundo o homem, Maria Cristina passava por hemodiálise uma vez a cada dois dias. Porém, após a internação, a situação se agravou. “Agora, ela precisa desse procedimento diariamente. Mas só conseguiu duas vezes desde que foi internada. Nós percebemos que, quando ela faz, apresenta melhora significativa”, contou.

O zelador acrescentou que, na quinta (7), médicos tiraram sedação da mãe. Ela não teria reagido e o filho chegou “a pensar no pior”. “Mas, logo após a hemodiálise, ela abriu os olhos. Começou a responder”, disse.

A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) afirmou que Maria Cristina está inscrita na Central de Regulação de Leitos (Cerih). A busca por vagas, segundo nota da pasta, foi ampliada, na terça (5), para os hospitais privados contratados, mas, até o momento, não surgiram vagas. “A paciente ainda aguarda a liberação de leito com suporte hemodialítico”, acrescentou.

Alice
O limitado número de UTIs põe em risco também quem apenas começou a viver, como a recém-nascida Alice. Ela veio ao mundo no último dia 17, foi diagnosticada com Tetralogia de Fallot – tipo de cardiopatia – e, desde então, está internada em leito da UTI neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Mas o estado dela se agrava a cada dia. O bebê está entubado e sob efeito de morfina.

Isso aumenta ainda mais a angústia da família, que já obteve duas decisões judiciais obrigando a SES-DF a providenciar a operação da menina e, posteriormente, conceder UTI no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF).

O Metrópoles falou com a avó da criança, Celma Ribeiro, 43. Ela demonstrou aflição, pois a saúde da neta tem dado sinais de piora por causa da demora em passar por cirurgia. “Ela teve febre alta na terça (5) e na quarta (6). Tiveram de usar antibiótico”, lamentou.

A condição da menina é considerada rara. Nela, o paciente apresenta quatro defeitos cardíacos observados logo após o nascimento. Por isso, Alice necessita passar por duas cirurgias: uma paliativa e outra de correção total. Apenas o ICDF tem estrutura e equipamentos necessários para a realização dos procedimentos.

A SES-DF alegou que Alice, assim como Maria Cristina, está inscrita na Cerih, mas, por enfrentar quadro infeccioso, não tem “condições clínicas adequadas para ser submetida à cirurgia”. Na terça (5), a pasta afirmou que todas as vagas da unidade estavam ocupadas e a menina dependia apenas de um leito disponível para passar pelo procedimento.

arquivo pessoal
Alice aguarda cirurgia e posterior internação em UTI desde o último dia 17

 

Falta de UTIs
A rede pública tem 408 leitos de UTI (adulto, pediátrica e neonatal), entre próprios e contratados. Desse total, 349 são regulados pela Cerih – 227 de UTI adulto, 44 de pediátrica e 78 de neonatal.

“Vale ressaltar que parte desses leitos encontra-se bloqueada, indisponível para admissão de pacientes criticamente enfermos, por motivos como falta de recursos humanos, equipamentos e insumos necessários à assistência intensiva”, destacou a pasta.

Na sexta (8), oito pacientes neonatais ou pediátricos aguardavam transferência para leito de terapia intensiva especializado, com vistas à realização de procedimento cardiocirúrgico. Desses, sete estão beneficiados por mandado judicial, segundo a SES-DF.

Mateus
O drama de Alice é o mesmo de Mateus, que também sofria com uma malformação cardíaca e ficou por duas semanas no Hospital Regional de Sobradinho esperando ser transferido para o ICDF. Apesar de duas decisões judiciais, o menino não passou pelo procedimento indicado por médicos devido à falta de vaga em UTI da unidade especializada.

Mateus virou símbolo de campanha realizada pelo Metrópoles. Em 1º de junho, cinco dias após conseguir a tão esperada transferência para o ICDF, o menino morreu nos braços da mãe, antes mesmo de conseguir fazer a cirurgia.

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