Da verba disponível em 2015 para combate à dengue e outras doenças, GDF investiu apenas um terço
Apesar do esforço de profissionais da área de saúde e de militares das Forças Armadas para combater a epidemia provocada pelo mosquito transmissor da dengue, febre chikungunya e do zika vírus, o Governo do Distrito Federal pouco investiu no ano passado para evitar que os casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti se multiplicassem. Em 2015, a Secretaria […]
atualizado
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Apesar do esforço de profissionais da área de saúde e de militares das Forças Armadas para combater a epidemia provocada pelo mosquito transmissor da dengue, febre chikungunya e do zika vírus, o Governo do Distrito Federal pouco investiu no ano passado para evitar que os casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti se multiplicassem. Em 2015, a Secretaria de Saúde teve um orçamento autorizado de R$ 43.761.805 para aplicar em ações de vigilância em saúde. No entanto, foram empenhados (quando o recurso é reservado para um gasto específico) apenas R$ 15.017.443, quase três vezes menos. Se considerarmos o que foi liquidado (efetivamente pago), o montante é menor ainda: R$ 6.869.091.
De acordo com as planilhas do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), a que o Metrópoles teve acesso, as despesas se referem ao controle ambiental e vigilância epidemiológica e sanitária. Em vigilância epidemiológica, por exemplo, durante todo o ano de 2015 o total empenhado foi de R$ 5.788.092, 79. Entretanto, o investimento poderia ter sido bem maior, já que estavam à disposição da pasta R$ 20.456.117,56.Para se ter uma ideia da redução do investimento nessa área importante, em 2014 os recursos foram bem maiores. Do total autorizado de R$ 58.628.022, foram empenhados R$ 49.865.049 e liquidados R$ 41.861.671.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (
SindMédicos), Gutemberg Fialho, a falta de recursos transformou o cenário de combate a epidemias, como é o caso da dengue. “Essas doenças são sazonais, sendo necessário fazer um trabalho preventivo antes da época em que os casos tornam-se mais frequentes. E não foi isso o que aconteceu”, destaca.
De acordo com o médico, o DF já enfrentou outras epidemias graves provocadas pela ausência de investimentos, campanhas educacionais e falta de ações como limpeza urbana. “Quem não se lembra do surto de hantavirose que o DF teve há alguns anos?”, afirmou.
Casos disparam
A queda nos investimentos na área contribuiu para o aumento das doenças transmitidas pelo mosquito no DF. O último balanço divulgado pela Secretaria de Saúde mostra que até 11 de fevereiro foram confirmados 1.794 casos de dengue, contra 504 no mesmo período do ano passado.
O balanço confirmou ainda cinco casos de febre chikungunya e seis de zika vírus, sendo que quatro são de moradores do DF, e em apenas um deles o contágio ocorreu na cidade. O levantamento mostrou também o primeiro registro do tipo 3 da doença. Isso significa que os quatro vírus estão em circulação na capital do país e uma pessoa pode ser infectada quatro vezes por cada um desses tipos. Eles causam os mesmos sintomas.
Com relação aos casos graves e óbitos por dengue, há a notificação de três registros classificados como grave (sendo dois residentes do DF e um de fora) e, ainda, um óbito em residente na cidade, o de Maria Cristina Natal Santana, cunhada de Renato Santana, que morreu de dengue hemorrágica. Outro caso de morte está sendo investigado, mas a vítima era moradora de Águas Lindas de Goiás.
Resposta do GDF
A Secretaria de Saúde justificou que, em 2015, foram disponibilizados R$ 15.791.167,02 para as ações de vigilância em saúde. Desse valor, R$ 15.017.445,18 foram empenhados e R$ 6.978.939,09 foram liquidados. “A diferença pode ser paga no presente exercício, uma vez que a programação financeira foi inscrita em restos a pagar”, diz a nota.