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Exclusivo. Corpos se acumulam e cheiro de cadáveres se espalha no Hran

Câmara fria do Hospital Regional da Asa Norte está lotada e o refrigerador apresenta defeito. Sem a temperatura correta, o odor dos corpos começa a incomodar os pacientes, segundo denúncia de servidores da unidade. Veja vídeo obtido com exclusividade pelo Metrópoles

atualizado

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necrotério morte
1 de 1 necrotério morte - Foto: iStock/ imagem ilustrativa

A falta de dignidade nos hospitais da rede pública do Distrito Federal não se limita aos vivos. A câmara fria do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde são guardados os cadáveres e restos mortais de pacientes que morreram na unidade, está superlotada e com a temperatura inadequada. Sem a devida refrigeração, o cheiro dos cadáveres começa a incomodar os pacientes internados nos quartos.

Vídeos gravados por funcionários e obtidos com exclusividade pelo Metrópoles mostram até 10 restos mortais de bebês em uma só gaveta. As imagens foram gravadas na tarde desta terça-feira (13/9) e chocam pelas más condições de armazenamento.

Instalações precárias, armários enferrujados, um corpo enfaixado sobre uma maca e materiais como facas e martelos sujos e gastos lembram mais um filme de terror do que um hospital público.

Enquanto o ambiente é filmado, um servidor fala: “Estamos aqui no necrotério do Hran, onde todas as gavetas estão emperradas. Em cada gaveta há dois cadáveres”, diz. Em outro trecho, o funcionário mostra os equipamentos utilizados para fazer necrópsias e denuncia: “Não há nem esterilização. Ficamos expostos à contaminação”.

Veja o vídeo abaixo, não recomendado para pessoas sensíveis.  

Ao todo, o Hran tem oito gavetas para manter os corpos. Da câmara fria, eles são liberados para as famílias fazerem o enterro ou seguem para o Instituto Médico Legal (IML) para necrópsia. De acordo com o relato no vídeo, existem corpos que estão no local há meses. A etiqueta de uma das gavetas aponta a data de óbito como “julho de 2015”. O cadáver em cima da maca estava nessas condições justamente porque não havia espaço nas gavetas.

“É um desrespeito com as famílias tratar os mortos dessa maneira. Não existe um comprometimento do Estado em manter as máquinas assistidas. É um constrangimento desnecessário. Além disso, o cheiro já está vazando para o hospital”, afirmou a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues.

GDF nega problemas
Apesar do vídeo ter sido gravado nesta terça (13) e da denúncia ter partido de servidores do próprio hospital, a Secretaria de Saúde nega problemas. “A direção do Hospital Regional da Asa Norte informa que a geladeira não está com a temperatura fora do normal. O que houve durante o fim de semana foi o acúmulo de corpos, mas a situação já foi resolvida e o armazenamento dos corpos está normalizado”. A pasta não comentou sobre o cheiro que está se alastrando pelo Hran.
ReproduçãoPolícia Civil
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o Instituto Médico Legal Leonídio Ribeiro é responsável pela necropsia em corpos de vítimas de crimes e mortes violentas (causas não-naturais). “Atualmente, o IML, mediante acordo com a Secretaria de Saúde, é responsável pelo recolhimento, em domicílio ou via pública, de corpos de morte natural, os quais são levados para a rede pública de saúde e liberados pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Secretaria de Saúde”.

Ainda segundo a nota, os corpos não estão acumulados em hospitais porque o IML não os recolheu: “porquanto nenhum corpo de morte violenta deixou de ser recolhido e periciado pelo Instituto”, diz a Polícia Civil.

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