Com protocolo de 1° mundo, Hran mantém equipe da UTI livre do coronavírus
Projeto chamado Lean é o responsável por evitar contaminações pela Covid-19 na unidade de referência contra a doença na capital do país
atualizado
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Dois meses após a primeira internação pelo novo coronavírus no Distrito Federal, um dado da equipe médica do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) chama a atenção. Não há registrado, até o momento, nenhum caso de infecção entre os envolvidos no cuidado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do local, que é referência no combate à Covid-19 no DF.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o êxito em evitar a contaminação no âmbito das UTIs se dá graças à montagem de um gabinete de crise. Orientados pelo Hospital Sírio-Libanês, o projeto conhecido como Lean, que em português significa “enxuto”, foi implementado.
Conforme explicado pelo Ministério da Saúde, essa é uma metodologia japonesa que, após a Segunda Guerra Mundial, chegou ao Ocidente e foi utilizada em vários setores produtivos. A partir da década de 1990 houve uma adaptação para utilização na área da Saúde, com impactos positivos.
Entre os principais resultados que hospitais do Brasil têm conseguido ao aplicar o projeto, estão a diminuição do tempo de espera no atendimento, aumento do giro de leitos, mais qualidade nos serviços prestados e redução do tempo médio de permanência, entre outros.
Ao Metrópoles, o médico Pedro Zancanaro, responsável pela comunicação do Gabinete de Crise do Hran, atribuiu o sucesso da operação ao planejamento meticuloso desenvolvido pelo grupo.
“O nosso foco maior segue sendo nas UTIs. É a área mais ‘quente’ do hospital, e onde temos zero infecções entre os profissionais. Acho que temos conseguido nos manter assim graças aos treinamentos diários que temos colocado em prática e cobrado desde fevereiro”, explicou.
Nesta sexta, 265 servidores do Hran foram testados. Em todos os procedimentos, o resultado deu negativo para o novo coronavírus. A Secretaria de Saúde informa que a testagem ocorreu em todos os setores da unidade, inclusive a UTI.
Zancanaro reforçou a importância de capacitar os profissionais para o combate à pandemia. “Repetimos treinamentos até que virem hábitos. Treinamentos, por exemplo, a paramentação e a desparamentação dos equipamentos de proteção individual [EPIs], que é quando existe o risco maior de contaminação”, explicou.
O dermatologista explica como o gabinete de crise tem agido em meio à pandemia. “Temos oito braços: comando, comunicação, apoio, operações, logística, planejamento, financeiro e administrativo”.
“Uma das técnicas que adotamos, na logística, foi a redução de pessoal nas UTIs para trabalharmos apenas com o suficiente e, assim, podemos economizar no gasto de EPIs, por exemplo. Assim, se houver um atraso na reposição dos equipamentos, teremos uma reserva para garantir a operação por uma semana”, disse.
A Secretaria de Saúde do DF destaca que esse método implementado na medicina foi usado após tragédias como em Brumadinho (MG), incêndios na Califórnia (EUA) e após o furacão Katrina, que atingiu o Caribe e os Estados Unidos em 2005.
Covid no DF
O número de óbitos em decorrência do novo coronavírus no Distrito Federal subiu para 54 no fim da tarde desta sexta-feira (15/05). A estatística foi atualizada às 18h02. Em 24 horas, foram registradas quatro fatalidades provocadas pela Covid-19 na capital do país.
O DF tem 3.861 infectados. Desse total, 1.936 já se curaram da doença. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal considera como recuperados aqueles pacientes que tiveram os primeiros sintomas há mais de 14 dias e não estão hospitalizados.
Parte desses pacientes passou pelo Hran, que é a unidade de referência para o tratamento da doença no Distrito Federal.