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Bebê precisa ser reanimado e família culpa demora em hospital do DF

De acordo com a avó, criança nasceu sem sinais vitais, precisou ser reanimada pela equipe médica do HRC e está internada na UTI

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Hospital Regional da Ceilândia
1 de 1 Hospital Regional da Ceilândia - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A família da gestante Hilary Freitas Valentim, 17 anos, vive dias de apreensão desde que a jovem foi internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), no último sábado (25/05/2019), para realizar o parto do filho.

Segundo os familiares, a adolescente precisou esperar mais de 24 horas para que o procedimento fosse realizado, e a demora teria provocado complicações tanto no estado de saúde dela quanto do bebê, que nasceu sem sinais vitais e precisou ser reanimado pela equipe médica presente.

Para a avó do recém-nascido e mãe de Hilary, a vendedora Luciana Maria de Freitas Silva, 40, a jovem é vítima de negligência. “Minha filha está internada. Ainda não conseguiu nem ao menos pegar o filho no colo e amamentar”, critica. Hilary e o filho estão internados na Unidade de Terapia Intensiva do HRC.

De acordo com a avó, o drama teve início quando as duas estiveram no posto de saúde perto de onde moram, no P Norte, na última sexta-feira (24/05/2019). No local, teriam recebido do médico responsável pelo atendimento um encaminhamento para internação imediata no HRC.

“Ela já estava com 41 semanas. Fomos fazer o exame pré-natal, e o médico nos disse que já estava passando da hora de ela ter o bebê”, explicou a vendedora.

No dia seguinte, Hilary foi internada no HRC. “Ela ficou no hospital e eu voltei ao trabalho. Às 13h de sábado, liguei para saber mais notícias, e me disseram que nada havia sido feito ainda, porque não tinha leito hospitalar para ela”, disse Luciana.

O leito, de acordo com a vendedora, vagou às 14h daquele dia, mas a espera para que a jovem realizasse o parto prosseguiu. “Como não tinha dilatação, os médicos começaram a introduzir medicamento via vaginal. Segundo eles, trata-se de um procedimento recomendado, um protocolo. Seriam seis comprimidos; mas, quando estava no quarto, ela me ligou, do telefone do corredor do hospital, pedindo ajuda, pois não aguentava de dor.”

Para a família, era preciso realizar uma cesariana, pois a demora para que o procedimento fosse feito estaria agravando o estado de saúde da gestante, que “já não tinha mais forças para passar por parto normal”. Os médicos, no entanto, teriam se recusado a fazer a cirurgia e alegaram estar “seguindo protocolo recomendado pelo Ministério da Saúde”, conforme declarou a mãe da adolescente ao Metrópoles.

Só às 4h30 dessa segunda (27/05/2019), Hilary entrou em trabalho de parto que durou 10 horas. Segundo a avó do bebê, o procedimento foi “forçado pelos médicos”, provocando sequelas respiratórias ao recém-nascido. “Como o bebê passou do tempo de gestação, ele urinou e defecou dentro dela, podendo causar infecção grave. Eu considero que meu neto tenha nascido morto. Ele nasceu sem sinais vitais, o coração batia, mas o cérebro não respondia. Precisou ser reanimado”, disse Luciana.

Procurada pela reportagem, a direção do Hospital Regional de Ceilândia negou a demora como causa dos problemas respiratórios e informou que as sequelas foram provocadas por “circular de cordão umbilical apertada em região cervical, situação desconhecida até o momento do parto”. A unidade, no entanto, não soube informar se a criança precisou ser reanimada após nascer.

Questionado sobre a demora para realizar o parto, o HRC alegou que o protocolo recomendado foi seguido e nada fugiu da normalidade. “A paciente deu entrada na unidade às 9h de sábado [25/05/2019], por gestação prolongada e sem estar em trabalho de parto”. O hospital, então, teria feito exame para “avaliar o bem-estar fetal, cujo resultado mostrou que estava dentro da normalidade”, conforme declarou a unidade por meio de nota.

Ao notar que o quadro de Hilary não apresentava urgência, a equipe médica optou por iniciar a “indução com misoprostol” – medicamento utilizado para induzir o parto. Ainda de acordo com o hospital, só no sábado (25/05/2019), por volta das 18h, a jovem “iniciou o franco trabalho de parto, e o parto normal ocorreu às 4h30 do dia 27”. Por fim, a direção informou que o procedimento “durou em torno de 10 horas, período considerado dentro do normal”.

Nasceu no corredor
No dia 18 deste mês, uma criança nasceu no corredor do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Segundo os pais, o motivo também teria sido a demora. Na época, a Secretaria de Saúde confirmou o episódio, mas afirmou que a mulher estava assistida e indo para a sala de parto, quando pediu para ir ao banheiro. Nesse meio-tempo, a bebê veio ao mundo.

O vendedor Fernandes Araújo do Nascimento, 39 anos, e a esposa e dona de casa Maria Luiza dos Santos, 22, chegaram ao HRT às 4h40 da madrugada. Moradores de Águas Lindas de Goiás, eles acreditavam que a rede pública do DF poderia proporcionar um parto normal para Heloa. Traziam no colo outra filha, Maria Fernanda, 1 ano.

De acordo com o vendedor, a família esperou por atendimento até as 7h30. A bolsa de Maria Luiza estourou. Fernandes diz que chamou por uma médica. Nesse momento, a equipe do HRT teria dito para ele que só tinha uma no plantão, que estava fazendo dois partos ao mesmo tempo. A gestante precisou ir ao banheiro. Diante da demora, o morador de Águas Lindas pensou em buscar atendimento em outro lugar.

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