Banheiros e parquinhos são campeões de parasitas nas escolas do DF
Pesquisa analisou 20 colégios públicos e constatou a presença de agentes transmissores de doenças, como giardíase e amebíase
atualizado
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Falta de sabonete, limpeza sem a frequência necessária e hábitos de higiene falhos estão entre as principais causas do alto índice de parasitas presentes em escolas públicas do Distrito Federal. É o que aponta estudo feito em 20 colégios. Em todos eles foi constatado ao menos um tipo de agente transmissor de doenças.
Por meio de uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Faculdade Anhanguera, os pesquisadores visitaram escolas de seis regiões administrativas do DF: três em Ceilândia, duas em Taguatinga, duas no Guará, duas em Samambaia, nove no Recanto das Emas e duas na Estrutural. Foram analisadas amostras de banheiros e parquinhos dessas instituições, cujos nomes não foram divulgados pelos pesquisadores para “não causar constrangimentos”.
Após as análises, os estudiosos constataram que em todos os colégios havia a presença de parasitas que podem causar doenças diversas. A situação assustou os pesquisadores. “As crianças estão mais suscetíveis a esse ambiente e tendem a ficar doentes com mais facilidade, uma vez que o sistema imunológico delas está em desenvolvimento”, explica a especialista em parasitologia Eleuza Rodrigues Machado.
Um dos ambientes mais propícios para o aparecimento dos parasitas são os banheiros. E em todas as escolas pesquisadas havia pelo menos um agente desse tipo nesses locais. Amostras foram coletadas em maçanetas, assentos sanitários e torneiras.Das 20 escolas, nove apresentaram a presença de amebas. “Esses seres podem causar a chamada amebíase (infecção por protozoários), com quadros de diarreia, dores abdominais e, em casos graves, úlceras no fígado e até doenças no cérebro”, alerta o pesquisador Rodrigo Gurgel Gonçalves.
Nos parquinhos, os casos mais comuns foram da Giardia lamblia, causadora da giardíase, infecção que provoca dores abdominais e diarreias intensas. “Essas doenças são tratáveis, mas podem prejudicar o desenvolvimento das crianças”, frisa Eleuza.
Falta de higiene
Segundo os pesquisadores, diversos fatores contribuem para a presença dos parasitas. “De cara, percebemos que não havia sabonete para as crianças lavarem as mãos. Esse é um item básico para hábitos de higiene”, comenta Eleuza. “Falta de educação sanitária, instalações inadequadas e a sujeira também contribuem para essa situação”, acrescenta a parasitologista.
A Secretaria de Educação do DF informou, por meio de nota, que a limpeza da maioria das escolas públicas do DF é terceirizada, exceto poucas unidades onde atuam alguns servidores do quadro.
A pasta ainda afirmou que, no edital de contratação das empresas de limpeza, há especificado, detalhadamente, todo o trabalho a ser executado. “Além disso, os diretores fiscalizam diariamente a limpeza das escolas”, aponta a secretaria. “A SEEDF reforça também que há um trabalho pedagógico realizado continuamente nas unidades escolares com foco na higiene pessoal”, conclui.