A cada 48h, uma pessoa é internada para tratar câncer de pele no DF
Apesar da média alta, o número registrado na pandemia é 46% menor do que o do ano passado. Médicos alertam para cuidados redobrados no verão
atualizado
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Verão, sol, praia e piscina são uma combinação que marca o fim de ano de muitos brasileiros. Justamente por essa maior exposição aos raios solares nesta época, o mês de dezembro é dedicado à luta contra o câncer de pele. Sendo este o tipo mais comum da doença no mundo, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, apenas neste ano, foram registrados cerca de 185 mil casos no país, o que corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos notificados no Brasil.
No Distrito Federal, de acordo com o mais recente levantamento da Secretaria de Saúde, entre janeiro e setembro deste ano, foram autorizadas 114 internações na rede pública, com o objetivo de tratar câncer de pele. Isso representa, aproximadamente, uma pessoa internada a cada dois dias.
No mesmo período do ano passado, a pasta registrou 212 internações, ou seja, 98 a menos do que em 2020 — queda de 46%. De acordo com o oncologista do Instituto do Câncer de Brasília (ICB), Caio Guimarães Neves, a redução na quantidade de internações, contudo, não significa que o câncer de pele vem atingindo menos pessoas.
O médico avalia que, durante a pandemia do novo coronavírus, menos pessoas podem ter buscado atendimento médico, no intuito de evitar a infecção pela Covid-19. “Notamos que diminuiu, mesmo, a procura. Mas isso não se deve porque estão diminuindo os números de câncer de pele, mas porque estamos numa pandemia. Temos de lembrar que é o câncer mais incidente tanto em homens quanto em mulheres”, alerta.
Neves explica que há três tipos de câncer de pele:
- Basocelular – 70% dos casos
- Espinocelular – 25% dos casos
- Melanoma – 5% dos casos
“Tanto o basocelular como o espinocelular são cânceres de baixa agressividade. O tratamento é cirúrgico e pronto. Já o melanoma tem alto índice de metástase e alta letalidade. É um dos cânceres mais agressivos”, explica.
Luta contra o câncer
A jornalista Carla Spegiorin (foto em destaque), 46 anos, é uma das pacientes que tratam o câncer de pele no DF. Ela foi diagnosticada com o tipo mais grave da doença, em 2012. “Eu tinha histórico de câncer de pele na família. A minha mãe tirou cinco basocelulares, mas não foram agressivos”, conta.
Por conta dos casos entre parentes, a moradora da Asa Sul sempre foi ao dermatologista com frequência. Aos 38 anos, em uma das consultas de rotina, descobriu três pintas, com aspecto suspeito. “Mandamos para a biópsia e deu que eu tinha um melanoma. Nisso, eu procurei um oncologista”, relata.
“Como a minha mãe teve e acabou tudo bem, eu não tinha ideia da gravidade. Achei que eu tiraria e tudo bem, mas, com o melanoma, não. O médico falou que, em muitos casos, em questão de meses, a pessoa já está com metástase”, conta.
Apesar do susto, Carla descobriu a doença em estágio inicial. Em questão de dias após a remoção das pintas, ela fez um segundo procedimento, com o intuito de “tirar tudo aquilo em volta que poderia estar contaminado”. Assim, a paciente não precisou fazer quimioterapia nem radioterapia.
“Quando fizeram a cirurgia para retirada da margem de segurança, mandaram para biópsia e estava livre de células cancerígenas”, diz.
Nos dois primeiros anos após o diagnóstico, ela fez acompanhamento médico de seis em seis meses. Agora, uma vez por ano, Carla realiza uma bateria de exames e mantém a maior atenção com a saúde. Depois de passar pelo período mais difícil da doença, ela hoje alerta para os cuidados que podem prevenir o câncer de pele.
“Eu peguei muito sol durante a minha infância e fui usar protetor solar já aos 16, 17 anos. Muitas vezes, nós não conseguimos enxergar uma pinta com malignidade, mas o médico, quando vê, já desconfia. Então, é importante que as pessoas façam esse check-up e tenham cuidados em relação ao sol”, ressalta.
Sintomas e prevenção
Conforme Alessandro Guedes, dermatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB), alguns aspectos diferentes em manchas na pele podem ser sinais de câncer e precisam ser observados.
“Existem dois grupos de câncer de pele. O mais temido é o melanoma, que é uma lesão que dá metástase de forma rápida. Se a pessoa nota uma pinta escura, com bordas irregulares, diâmetro maior do que 5mm, já é ideal procurar um dermatologista para fazer análise”, destaca. “Além desse tipo, há os carcinomas (basocelular e espinocelular), que são feridinhas que nunca se resolvem, não cicatrizam. Os dois têm influência do sol, da radiação ultravioleta em excesso”, completa.
Além da exposição aos raios solares, Guedes aponta que o fator genético também pode influenciar no desenvolvimento do câncer de pele. “Se a pessoa tem esse histórico na família, é importante ter uma rotina mais frequente de acompanhamento”, pontua.
“O sol que a gente toma na infância e na adolescência pode ser o que vai causar aquele câncer aos 40 anos. Por isso, é importante evitar a exposição ao sol das 10h às 16h, usar protetor solar e roupas com tecido de proteção ultravioleta”, reforça.
Protetor solar
Conforme o oncologista Caio Neves, pessoas de pele clara são mais propensas a desenvolver câncer de pele. Contudo, a necessidade do uso do protetor solar vale para todos. “Tem de ser usado diariamente, mesmo se a pessoa não for à praia, não for à piscina”, destaca.
“Todos os cânceres de pele têm 90% de chance de cura apenas com a cirurgia, se forem descobertos em fase inicial. Então, dizemos para as pessoas ficarem atentas a itens da mancha. Ver se está crescendo, se as bordas são irregulares, se ela está mudando o tom da coloração, se está mais enegrecida, se é uma lesão que sangra com facilidade. Na presença de qualquer um desses fatores, o médico deve ser procurado”, ressalta.