Sargento da PM morto por Covid-19 atuou em protesto investigado pelo MPDFT
A manifestação de 21 de junho entrou na mira do MP e da CLDF após policiais militares denunciarem compartilhamento de equipamento individual
atualizado
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O segundo sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Ranulfo Roberto Batista de Araújo (foto em destaque), que morreu na noite desse sábado (17/7) em decorrência do novo coronavírus, trabalhou na manifestação de 21 de junho, na Esplanada dos Ministérios. O ato entrou na mira do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) após policiais denunciarem o uso compartilhado de equipamentos de proteção individual, como exoesqueletos e capacetes.
Ranulfo Araújo deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) em 3 de julho, 12 dias após o protesto. Em seguida, voltou a passar mal e foi transferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante, onde permaneceu 11 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Informação preliminar aponta que a causa da morte foi Covid-19 com pneumonia bacteriana.
A PMDF registrou até o momento cinco mortes por coronavírus, 829 profissionais diagnosticados, 136 militares recuperados e 89 afastados.
Colegas do sargento postaram mensagens em homenagem ao policial. “Ranulfo era um excelente profissional, um homem honrado e um grande amigo. Que Deus console o coração da sua esposa, filhas e familiares”, disse um PM.
Veja os policiais escalados para o dia 21 junho.
Ofício
Um ofício assinado pelo presidente da CDH, deputado distrital Fábio Felix (PSOL), narra a denúncia feita por um policial militar.
O servidor estava em Serviço Voluntário Gratificado, fez o teste para a Covid- 19 e relata que, na ocasião em que foi realizar o exame, mais 10 policiais militares passaram pelo procedimento, sendo que o resultado foi positivo para cinco deles.
Todos os que testaram positivo trabalharam no domingo, dia 21 de junho, na segurança de manifestações que ocorreram na Esplanada dos Ministérios. O denunciante informou que, no dia, havia de 30 a 40 policiais sendo transportados em cada ônibus, e que houve troca de exoesqueletos sem higienização.
O policial aponta que podem ter sido esses os fatores que contribuíram para a grande proporção de infectados observada no momento em que realizou o teste.
Diante do problema, o deputado solicitou que todos os policiais militares que tenham trabalhado em 21 de junho na Esplanada dos Ministérios façam testes para o vírus, pois pode ter ocorrido um foco de disseminação no evento.
Felix enfatizou que a medida é necessária para proteger PMs e familiares do contágio pela doença.
Confira a íntegra do documento:
No MPDFT, o caso é apurado pela Promotoria de Justiça Militar.
Outro lado
Ao Metrópoles, a PMDF afirmou que os equipamentos foram limpos e que os comandos das unidades possuem um plano de higienização para ser executado antes e após a utilização dos materiais. A corporação não informou, no entanto, a quantidade de policias escalados para a manifestação que testaram positivo para a Covid-19.
A Polícia Militar acrescentou que instalou uma tenda, funcionando em sistema de drive-thru, para atendimento dos policiais e para a realização dos dois tipos de testes disponíveis: o RT-PCR e o teste sorológico (teste rápido).
“A corporação está disponibilizando também, a toda a tropa, materiais de proteção individual, além de kits para higienização das viaturas, inclusive dos compartimentos para condução de detidos. A PMDF reitera que reformulou os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs), readequando a conduta a ser empregada no policiamento enquanto durar a pandemia provocada por coronavírus (Covid-19)”, diz a nota.