Sargento acusado de assediar aluna diz ter enviado mensagem por engano
O policial militar terá de se explicar à Corregedoria da corporação. Além disso, a PCDF abriu inquérito e a Comissão de Direitos Humanos da CLDF foi à cidade ouvir a estudante
atualizado
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A denúncia de assédio sexual de um sargento da Polícia Militar a uma estudante da rede pública provocou reação de diversas instituições. Na tarde desta terça-feira (04/06/2019), integrantes da Comissão de Direitos da Câmara Legislativa foram à casa da adolescente, em Sobradinho, para ouvi-la. Em uma troca de mensagens pelo WhatsApp, o praça sugere à garota “beijos no cantinho da boca”. Mais cedo, a Polícia Civil informou que abriria inquérito para apurar o caso. Já a PMDF mobilizou a Corregedoria da corporação para investigar o episódio.
Após a repercussão negativa do caso, o PM alegou ter enviado a “cantada” para a pessoa errada. Ele explicou que conversava com a adolescente e com outra mulher e que teria confundido as janelas do aplicativo ao apertar o botão de “enviar”.
O polêmico episódio ocorreu no Centro Educacional 03 de Sobradinho, uma das quatro escolas militarizadas da capital do país.
Ao Metrópoles, o secretário de Educação, Rafael Parente, afirmou que o policial foi afastado preventivamente das funções.
“Foi aberta uma sindicância para investigar o que aconteceu. Sugerimos que ele fosse afastado durante a investigação e a PMDF acatou. Nas investigações oficiais, todos serão ouvidos”, explicou.
Ainda de acordo com o chefe da pasta, o colégio tomou conhecimento de uma possível vítima, mas será verificado se outras estudantes também sofreram assédio. A Polícia Militar confirmou à reportagem que o caso foi enviado à Corregedoria da corporação e ressaltou, por meio de nota, que a PMDF “não admite tal conduta.”
Veja a mensagem:
O secretário de Educação também se manifestou sobre o caso em sua conta no Twitter:
Sobre denúncia de assédio em uma d nossas escolas d Sobradinho, o profissional já foi afastado preventivamente e foi aberta 1 sindicância para investigar o que aconteceu realmente. Não vamos tolerar qualquer tipo de violência em nossas escolas, muito menos vinda de profissionais.
— Rafael Parente (@Rafael_Parente) June 4, 2019
Inquérito
Na manhã desta terça-feira (04/06/2019), policiais civis foram até a escola. O delegado-chefe da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), Hudson Maldonado, afirmou que foi procurado pela comunidade e vai abrir inquérito para apurar o caso.
“Por mais que o suposto crime tenha como investigado um militar, entendemos que, por a vítima ser menor e civil, podemos atuar. Vamos fazer uma investigação imparcial e transparente. Pretendo intimar os envolvidos e colher os depoimentos nos próximos dias”, disse.
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa participou de reunião no colégio. Afirmou, por meio de nota, que, desde o início do ano letivo, recebe denúncias sobre a violação de direitos nas escolas públicas militarizadas.
“A comissão tem atuado desde que recebeu relatos sobre a conduta de policial militar. Estamos acompanhando o caso de perto e elaboraremos relatório com as denúncias já registradas na CDH para que o GDF, a Corregedoria e o Ministério Público se pronunciem”, informou o deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF .
Polêmica
A ação de policiais militares derrubando e imobilizando alunos no Centro Educacional 07 de Ceilândia, após uma briga entre estudantes em abril deste ano, ajudou a reacender o debate sobre a gestão compartilhada na rede pública do DF. O caso foi registrado na Delegacia da Criança e do Adolescente de Ceilândia (DCA II) e encaminhado à Corregedoria da PMDF.
Vídeos feitos pelos estudantes circularam nas redes sociais. As imagens mostram um aluno sendo derrubado e imobilizado por um policial militar. O jovem está no chão e o PM permanece sobre ele. Também é possível ver um segundo estudante sendo controlado por outros agentes de segurança.
A ação foi filmada por alunos que questionam a truculência dos policiais. A direção da escola, a Secretaria de Educação e a Polícia Militar afirmaram que os PMs agiram para conter a briga e evitar uma confusão generalizada.
Segundo a direção da escola, 1.350 alunos participavam de uma atividade coletiva, no início da aula, quando é cantado o Hino Nacional e hasteada a bandeira. Ainda de acordo com a versão do colégio, três estudantes teriam começado uma briga.
Quatro escolas
No Distrito Federal, quatro escolas têm gestão compartilhada com a Polícia Militar. São elas: os centros educacionais 03 de Sobradinho; 308 do Recanto das Emas; 01 da Estrutural; e 07 de Ceilândia.
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que o programa será continuamente ampliado. Até julho de 2019, serão 20 escolas da PMDF, número que vai dobrar até o final do ano. Ele prevê que, até o término de seu mandato, o DF terá 200 escolas militares.