Samu-DF tem apenas 14 ambulâncias nas ruas e pacientes esperam até 95 horas
Frota tem 38 veículos no DF, mas a maioria está parada por falta de manutenção. Serviço também sofre com a escassez de médicos e motoristas
atualizado
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Enquanto pacientes sofrem à espera de socorro e aguardam mais de 95 horas por transferência, apenas 14 das 38 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão ativas no Distrito Federal.
A frota do Samu conta com oito ambulâncias avançadas e 30 básicas. Consulta no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) revela que somente uma unidade de ponta e 13 convencionais seguem em operação nas ruas.
Veja os documentos:
Apenas 36,8% da frota de ambulâncias do Samu estão nas ruas, em operações de resgate e transporte de pacientes.
Além disso, até a noite de quarta-feira (23/11), duas ambulâncias básicas estavam remanejadas e rodavam como veículos de intervenção rápida, enquanto as equipes de resgate ficavam nas bases.
O Samu poderia ter o reforço de 21 ambulâncias doadas pelo Ministério da Saúde, mas, por falta de seguro, os veículos estão parados na garagem.
O sucateamento da frota sobrecarrega as equipes da Saúde no DF. De acordo com consulta à escala de transferência entre hospitais, alguns pacientes esperam o transporte há mais de 95 horas.
Pontos críticos
Servidores avaliam que a falta de ambulâncias compromete resgates e socorro a pacientes em todo DF, mas principalmente em Ceilândia, Taguatinga, Estrutural e Sol Nascente.
Com a frota reduzida, frequentemente, diversas regiões do DF contam apenas com uma ambulância do Samu. Para profissionais de saúde, a falta de manutenção é a principal causa do sucateamento.
Falta pessoal
Segundo o diretor executivo do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiros-DF), Márcio da Mata, o sucateamento compromete a qualidade do atendimento à população.
“Há também uma dificuldade crônica no que diz respeito aos servidores, principalmente ao número de condutores e médicos. Isso tem tido um reflexo bastante negativo no atendimento. É uma situação bem complicada”, afirmou.
“Vivemos em uma grande cidade, uma metrópole. Todos os dias, pessoas necessitam do serviço de emergência. Se não estiver disponível, vai gerar situações adversas, com consequências irreparáveis na vida das pessoas”, alertou.
Exaustão
Com relação aos servidores, o sindicato tem registrado o aumento de casos de exaustão de profissionais, ao ponto de culminar em afastamentos e comprometer a qualidade do serviço.
“No período de 12 horas, uma ambulância atende de 10 a 12 ocorrências. É uma situação muito complicada”, assinalou. Conforme a gravidade do caso, as equipes do Samu precisam investir mais tempo para o socorro dos pacientes.
De acordo com Márcio da Mata, neste fim de ano, o número de chamados tende a aumentar. O diretor ressalta que, como se trata de um período delicado, o Samu deve estar preparado.
“Existe uma maior concentração de pessoas em festas, maior número de pessoas circulando, inclusive de outros estados. E ainda temos a Copa do Mundo e a posse de novo presidente da República”, explicou.
Situação crítica
Para a presidente do SindEnfermeiro e deputada distrital eleita, Dayse Amarilio (PSB), a situação é crítica e demanda soluções rápidas.
“Como não tem ambulância, não conseguimos fazer transporte de pacientes entre os leitos das unidades de terapia intensiva (UTIs). Estamos cientes da situação. Estivemos na Secretaria de Saúde [SES-DF] para cobrar soluções”, pontuou.
Segundo Amarilio, na conversa, a pasta teria assumido o compromisso de sanar o problema, inclusive com a oferta de manutenções rápidas para recolocar as ambulâncias nas ruas e a revisão da escala de médicos.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com o órgão e questionou a situação como um todo. A secretaria não explicou o motivo do sucateamento de parte da frota nem apresentou quais medidas serão tomadas para resolver o problema da falta de manutenção.
Sobre as viaturas doadas pelo Ministério da Saúde, a SES-DF argumentou que o processo de contratação do seguro está em fase de finalização. O modelo de doação só permite a utilização de carros que estejam assegurados.
Sem mencionar quantas unidades estão ativas ou desativadas, o órgão apresentou a distribuição das ambulâncias de suporte básico e avançado.
Veja a distribuição:
Região Central – 4
Região Centro Sul – 4
Região Leste – 2
Região Sudoeste – 10
Região Oeste – 6
Região Sul – 5
Região Norte – 5
Segundo a secretaria, duas unidades de suporte avançado estão destinadas aos atendimentos neonatal e de saúde mental. Além disso, há serviço aeromédico e 10 “motolâncias” ativas durante o dia.
A SES-DF informou, ainda, que a rede pública pública tem 85 ambulâncias. Os veículos são utilizados para transporte de pacientes, profissionais de saúde e atendimento. “O deslocamento de pacientes é regulado, para priorizar os casos mais graves”, afirmou em nota.
Novamente, sem mencionar quais estão ativas ou desativadas, a pasta apresentou a distribuição das unidades nas regiões do DF e citou, inclusive, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).
Confira:
Iges – 3
Administração Central – 12
Hospital da Criança – 2
Hospital de Apoio – 2
Hospital São Vicente de Paulo – 2
Hospital Materno Infantil – 3
Região Central – 4
Região Centro Sul – 5
Região Leste – 8
Região Sudoeste – 11
Região Oeste – 13
Região Sul – 8
Região Norte – 12
Quanto aos servidores, o órgão não informou qual é o atual efetivo do Samu nem comentou se há planos para contratações ou concurso. A pasta limitou-se a comunicar que o quadro de pessoal trabalha por escalas e está distribuído no Complexo Regulador, em áreas administrativas.