“Saiu acelerado”, diz sobrevivente de acidente com ônibus clandestino
De acordo com sobrevivente, motorista do veículo saiu acelerado após ser parado para fiscalização. Quatro pessoas morreram no acidente
atualizado
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Sobrevivente do grave acidente com um ônibus de turismo clandestino, que matou quatro pessoas e deixou, ao menos, 18 feridos na BR-070, altura de Ceilândia, no Distrito Federal, a vendedora Sebastiana Rosa de Oliveira, de 62 anos, informou que o motorista do veículo “saiu acelerado”, na tentativa de fugir dos fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), momento em que perdeu o controle da direção.
Inicialmente, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) tinha divulgado que cinco pessoas haviam morrido no acidente. Porém, com o uso de um guindaste para içar o veículo, os socorristas descobriram que os membros de uma mulher, que estavam decepados, eram de uma vítima já contabilizada e que não se tratava de um outro passageiro morto. Assim sendo, foram quatro óbitos confirmados no local.
Mais tarde, por volta das 23h, os bombeiros atualizaram o total de mortos para cinco: quatro no ponto do acidente e um no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Os agentes da agência reguladora escoltavam o veículo quando o acidente aconteceu no final da tarde deste sábado (21/10). O ônibus, que estava com os pneus carecas, tombou no canteiro central da rodovia. Chovia no instante do acidente.
Fuga de agentes
Ao Metrópoles Sebastiana, que é de Cidade Ocidental (GO), contou que o motorista chegou a pegar o documento de todos os passageiros do ônibus e que disse que ligaria para o dono do veículo. “Nós fomos parados pela polícia. Ele [o motorista] foi lá dentro e pegou o documento de todo mundo, aí levou para lá. Quando nós chegamos ao posto, aí ele disse que tinham ligado para o dono, para conversar com ele, foi na hora que ele saiu correndo acelerado”, disse ela.
“A gente gritou que ‘tava’ demais. Mas já tinha feito a curva ali e a sorte nossa que tinha aquela vara ali, porque se não, nós tínhamos ido. Se ele tivesse passado direto, a gente tinha descido naquele barranco e tinha capotado várias vezes”, contou a passageira.
Ônibus clandestino
Segundo Sebastiana, que já fez a mesma viagem em outras oportunidades, o motorista do ônibus garantiu aos passageiros que o veículo estava regularizado. “A pessoa está mentindo dizendo que o ônibus está legalizado e isso é muito feio. Não foi a primeira vez que fiz essa viagem. Não sabia que era clandestino, diziam que tinha legalizado. Sempre a gente pegava aqui na agência deles, só que hoje a gente pegou foi lá em Caxias (Maranhão)”, disse a sobrevivente.
De acordo com Sebastiana, ela pagou R$ 300 pela passagem. A mulher conta que estava acomodada no assento de número 5 e usava o cinto de segurança. “Machucou aqui, o cinto ralou, né? Mas não quebrei nada, graças a Deus ‘tô’ viva”, disse, aliviada.
Acidente grave
O veículo atuava de forma clandestina e fazia o trajeto Maranhão-Brasília. O motorista recebeu ordem da parada no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) da BR-070, pouco depois de Águas Lindas de Goiás, onde passou por vistoria. Na ocasião, ficou constatado que tratava-se de transporte pirata.
A abordagem foi feita pelos fiscais da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) no posto da PRF, na intenção de escoltar o ônibus até o terminal rodoviário mais próximo, como é protocolo. O combinado seria que o motorista deixasse todos os passageiros na rodoviária de Taguatinga e que providenciasse transporte regular para que todos seguissem viagem, até os respectivos destinos.
Na altura de Ceilândia, o condutor passou a acelerar o veículo, na tentativa de despistar os fiscais da agência reguladora. Em determinado momento, com a pista escorregadia por conta da chuva, perdeu o controle da direção e tombou o ônibus, no canteiro central da BR-070.
O ônibus transportava 32 passageiros. Sete pessoas foram transportadas com ferimentos leves para os hospitais regionais de Ceilândia e Taguatinga; quatro em estado grave, para as mesmas unidades de saúde e outras sete, sem gravidade, para o Hospital de Base.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal montou uma força tarefa para atender a todos os feridos no acidente. Servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e militares dos bombeiros fizeram a classificação das vítimas ainda no local, decidindo as prioridades de atendimento e destinando os hospitais para onde os pacientes seriam encaminhados.
Em nota, a ANTT lamentou o ocorrido e prestou solidariedade aos familiares das vítimas do acidente.
“A Agência Nacional de Transportes Terrestres lamenta e expressa solidariedade aos familiares das vítimas do acidente envolvendo um ônibus neste sábado (20) na BR-070, no Distrito Federal e esclarece que fornecerá todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.
A ANTT informa que o veículo de placa JHN-2973 não possui autorização para transporte interestadual de passageiros, sendo considerado um serviço clandestino. O ônibus foi abordado no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde a corporação e fiscais da ANTT constataram a situação irregular do transporte. Como procedimento padrão neste tipo de situação de flagrante, o veículo é escoltado até o terminal rodoviário mais próximo, onde é efetivamente apreendido e os passageiros podem seguir viagem por linha regular, sob responsabilidade de custa da empresa infratora.
O acidente ocorreu quando o motorista do ônibus, que estava sendo escoltado por uma viatura da ANTT até o Terminal Rodoviário de Taguatinga, tentou empreender uma fuga na BR-070. A Agência esclarece que, em nenhum momento, houve perseguição por parte da equipe da Agência. Na fiscalização no posto da PRF, além de constatar a falta de autorização para transporte, foi identificado que o veículo estava sem seguro e com os pneus carecas.
Vale destacar que, nas empresas outorgadas pela Agência, quando ocorrem acidentes, existe a obrigação de comunicação dos fatos, e dependendo da causa, são abertos procedimentos para verificação das condições de segurança”.