Saiba quem são os alvos na operação do MPDFT deflagrada nesta quinta-feira
Ação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado investiga a compra de leitos hospitalares, em 2014
atualizado
Compartilhar notícia
A operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (23/7) pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tem como alvo o ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT), o ex-secretário de Saúde do DF Rafael Barbosa e outros dois nomes: Luiz Carlos do Carmo e Adriana Aparecida Zanini, empresários, respectivamente presidente e vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (Ibesp).
A ação investiga a compra de leitos hospitalares, fraude supostamente ocorrida em 2014, ainda durante a gestão de Agnelo à frente do Governo do Distrito Federal. Na casa de Adriana, uma mala de dinheiro, com cédulas de real e de dólar, foi apreendida durante a operação.
Agnelo foi ministro dos Esportes no governo Lula, entre 2003 e 2006, e governador do DF de 2011 a 2014. O petista foi considerado suspeito de articular negociações no superfaturamento das obras do Mané Garrincha, feitas para receber a Copa do Mundo, que aconteceu no último ano de seu mandato à frente do Buriti. À época, ele ficou oito dias preso, para não interferir nas investigações.
O custo da obra, integralmente paga com recursos públicos, foi superior a R$ 1,7 bilhão, tornando o estádio o segundo mais caro do país.
Rafael Barbosa foi secretário de Saúde do DF durante a gestão de Agnelo à frente do Buriti. O médico já foi alvo de uma operação do MPDFT antes, em uma investigação que apurava contrato da Secretaria de Saúde com o Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe).
No ano passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou 11 pessoas por crimes de associação criminosa, peculato e fraude em licitação e admissão de vantagem sem previsão em lei, entre elas, Barbosa.
Outra investigada na Operação Alto Escalão é Adriana Aparecida Zanini, vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (Ibesp). Em 2003, ela assumiu o cargo em comissão de assessor do gabinete da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal.
Adriana foi nomeada, em 2007, como assessora especial da Administração Regional de Águas Claras. Dias depois, ela foi exonerada do cargo e nomeada para a assessoria do gabinete da Secretaria de Estado do GDF.
A mala de dinheiro apreendida nesta quinta-feira, durante a ação do MPDFT, estava na casa Zanini. A quantia não havia sido divulgada até a última atualização desta reportagem.
O presidente do Ibesp, Luiz Carlos do Carmo, também é investigado pela ação do Gaeco. O empresário tem o mesmo nome de um senador goiano pelo DEM, que não é investigado nesta operação.
O Ibesp teria obtido a verba do governo e é suspeita de ter recebido propina. O instituto foi criado em 2002 e, segundo consta na descrição da empresa, “objetivo de reduzir a distância entre as instituições públicas e privadas”.
A operação deflagrada hoje tem como alvo a compra de leitos hospitalares. Segundo apurado pelos promotores, para que o negócio fosse adiante, o dono da empresa Hospimetal pagou R$ 462 mil a agentes que atuariam em nome de ex-ocupantes de cargos do alto escalão do Governo do Distrito Federal. O valor equivale a 10% do montante total do contrato.
A vantagem indevida teria sido paga por meio de um contrato fictício de publicidade e marketing firmado entre a empresa que pretendia vender seus produtos à Secretaria de Saúde do DF e o Ibesp.
Outros nome também são apontados por supostamente terem envolvimento no esquema, de acordo com a investigação: Daniel Veras, Fabrício Andrade Carone, Ronaldo Pena Costa Júnior, João Kennedy Braga, Wilhas Gomes da Silva, Mara Lucia Montandon Borges e Adalgisa Medeiros Teodoro também são investigados.
A reportagem procurou a defesa dos citados na operação do MPDFT. Até a última atualização desta reportagem, somente o advogado de Rafael Barbosa, Kleber Lacerda, havia se pronunciado. Lacerda afirma que não teve acesso à decisão que autorizou a busca e apreensão proferida pela Juíza Ana Cláudia, e que recebeu apenas cópia do mandado cumprido pelo oficial. Segundo ele, após analisar a decisão, utilizará dos recursos legais para defesa de seu cliente.
O outro lado
O advogado de Rafael Barbosa, Kleber Lacerda, afirmou que não teve acesso à decisão que autorizou a busca e apreensão proferido pela Juíza Ana Cláudia, tendo recebido apenas cópia do mandado cumprido pelo oficial. “Assim, tão logo seja analisada a decisão, utilizará dos recursos legais para defesa de seu cliente”, diz a nota enviada à reportagem.
A reportagem ainda tenta contato com a defesa dos outros citados. O espaço segue aberto para manifestações.
Memória
A operação desta quinta-feira (23/07) é desdobramento de outra investigação do MPDFT, denominada de Operação Checkout. A primeira fase da operação foi deflagrada em junho de 2018, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
À época, o Ministério Público investigou servidores da SES-DF e funcionários de empresas privadas envolvidos na possível fraude à licitação e corrupção na compra de macas, leitos de hospitais e outros tipos de mobiliários para unidades da rede pública.
A segunda fase, deflagrada em fevereiro de 2019, cumpriu diligências no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Guará e na cidade de São Caetano do Sul (SP), numa empresa de turismo.
A ação, batizada de Operação Alto Escalão, é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). São cumpridos 13 mandados de busca e apreensão. Uma mala dinheiro, supostamente fruto de propina, foi apreendida na casa de Adriana Aparecida Zanini, vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP), também alvo da operação. O presidente da empresa, Luiz Carlos do Carmo, também é investigado.
Segundo apurado pelos promotores, para que esse negócio fosse adiante, o dono da empresa Hospimetal pagou R$ 462 mil a agentes que atuariam em nome de ex-ocupantes de cargos do alto escalão do Governo do Distrito Federal. O valor equivale a 10% do montante total do contrato.
A vantagem indevida teria sido paga por meio de um contrato fictício de publicidade e marketing firmado entre a empresa que pretendia vender seus produtos à Secretaria de Saúde do DF e o IBESP.
Em razão desse pagamento, a empresa foi contratada pela Secretaria de Saúde no ano de 2014. O esquema ilícito já havia sido desmantelado pelo GAECO, que ofereceu denúncia contra servidores públicos e o proprietário da referida empresa.
Os novos fatos foram revelados em colaboração premiada e após a realização de investigações e diligências independentes, além de provas obtidas do processo original. A Operação conta com o apoio da Polícia Civil do DF.
A operação desta quinta-feira (23/07) é desdobramento de outra investigação do MPDFT, denominada de Operação Checkout. A primeira fase da operação foi deflagrada em junho de 2018, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
À época, o Ministério Público investigou servidores da SES-DF e funcionários de empresas privadas envolvidos na possível fraude à licitação e corrupção na compra de macas, leitos de hospitais e outros tipos de mobiliários para unidades da rede pública.
A segunda fase, deflagrada em fevereiro de 2019, cumpriu diligências no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Guará e na cidade de São Caetano do Sul (SP), numa empresa de turismo.