Saiba quem é o servidor morto pela PM em perseguição no Lago Norte
Família denuncia abordagem da PM em ação que matou o empregado público Rodrigo Moreira. Polícia alega que ele fugia em alta velocidade
atualizado
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O empregado público Rodrigo Moreira de Figueiredo, 63 anos, era funcionário dos Correios desde 2006, onde trabalhava como analista. Morador de uma chácara no Lago Norte, gostava de cultivar plantas, cuidar de galinha e do cachorro Jack, segundo os familiares da vítima relataram ao Metrópoles.
Rodrigo foi morto com um tiro nas costas, no Lago Norte, em um disparo efetuado pela Polícia Militar do Distrito Federal no último sábado (10/8). Segundo a corporação, o homem fugia de uma abordagem policial quando os militares deram início à perseguição.
“Estamos angustiados”, disse Vitor Figueiredo, 26, filho de Rodrigo. “Eles [PM] deram um tiro intencionalmente e eles assumiram a culpa de matar”, destacou o rapaz.
Há duas versões no caso. De acordo com o relato dos policiais militares que atuaram na ocorrência, Rodrigo estava em um bar na 412 Norte, quando, supostamente, teria assediado três mulheres, inclusive puxando uma para dentro do carro. Elas teriam acionado a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
Ainda segundo os policiais que atuaram na ocorrência, Rodrigo fugiu, quando deu início a uma perseguição em alta velocidade. Os PMs alegam que Rodrigo teria, por diversas vezes, jogado o carro contra as viaturas da corporação, na tentativa de se desvencilhar dos militares. Os PMs informaram que um policial efetuou, então, um disparo em direção ao carro de Rodrigo para interromper a fuga.
Ele foi levado ao Hospital da Região Leste (Paranoá) e morreu no local, conforme consta em relato da PM.
As informações, contudo, são contestadas por familiares do servidor. “Eu não vejo meu irmão jogando o carro contra viaturas”, disse Regina Moreira, irmã da vítima. “Meu irmão foi executado e estão querendo dizer que ele é um criminoso para justificar a ação”, completou. Regina informa, ainda, que não foi encontrado nenhum arranhão no carro de Rodrigo, derrubando a hipótese de que teria colidido o carro contra as viaturas da PM.
Apesar de terem sido chamadas, as mulheres supostamente assediadas por Rodrigo não compareceram à delegacia. “Sabemos que houve perseguição, mas não sabemos ainda o motivo. Os policiais falam que foi por assédio, mas nem elas ainda deram a versão para a gente saber. Ou seja, só temos a versão da polícia”, reclama Regina.
A irmã da vítima ainda destacou que não há pena de morte no Brasil e que nem dirigir em alta velocidade nem o suposto assédio justificam a execução de alguém.
“Eles falam em colisão, mas não há uma marca no carro. Nós não sabemos nada e queremos uma investigação.”
Veja imagens do carro:
No atestado de óbito, a causa da morte é um traumatismo torácico e cervical, causado por objeto perfurocontundente, compatível com um tiro nas costas. Rodrigo era morador do Lago Norte, deixa dois filhos e um neto.
Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal alegou que foi acionada após denúncias de um homem assediando as mulheres em um bar. A PM também disse que o homem fugiu “quase atropelando” as pessoas na saída do bar, que dirigia na contramão e jogava o carro contra as viaturas, com “manobras perigosas na pista”.
“Certo momento, após jogar o carro várias vezes contra uma viatura, ele acabou por desestabilizar o veículo, vindo a colidir. Nesse momento os policiais efetuaram um disparo, para cessar a agressão, que atingiu o ombro do suspeito”, disse a PM em nota. A corporação também informou que na carteira da vítima havia porção de cocaína.
A família levanta a hipótese de que a droga teria sido plantada pela polícia, para justificar os disparos. Segundo a irmã, Rodrigo poderia, ainda durante a perseguição, ter se desfeito do entorpecente para se livrar do flagrante, caso estivesse mesmo em posse da cocaína.
O caso está na 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), que investiga a ocorrência e coleta informações preliminares. O local foi preservado e periciado, assim como os carros envolvidos.