Saiba mais sobre as ossadas de crianças encontradas em gruta pela UnB
Arqueólogos, professores e alunos da UnB finalizaram a segunda escavação em sítio em Unaí (MG). No local, pesquisadores encontraram múmia
atualizado
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Após reabertura da escavação do sítio arqueológico Gruta do Gentio II, em Unaí (MG), geógrafos da Universidade de Brasília (UnB) encontraram centenas de ossadas humanas, principalmente de crianças e adolescentes. Segundo os pesquisadores, o local funcionava como abrigo e cemitério há cerca de 4 mil anos.
Até então, a gruta só tinha sido escavada no fim da década de 1970 e começo de 1980 pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). À época, pesquisadores encontraram a única múmia do Brasil e das terras baixas da América do Sul. Os restos mortais são de uma menina de 12 anos (foto em destaque) que viveu cerca de 3,5 mil anos atrás. A ossada sofreu um processo de mumificação natural pelo ambiente seco da gruta e está embalada numa rede de algodão. A múmia recebeu o nome de Acauã.
Veja imagens surpreendentes da múmia:
A expectativa dos arqueólogos é encontrar outros restos mortais no local, além de retomar a história indígena profunda do Brasil. O objetivo é entender sobre os rituais religiosos e funerários desse povo, modo de vida, dieta e costumes.
De acordo com o coordenador do projeto, o pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e do Departamento de Antropologia da Universidade da Flórida, Francisco Pugliese, as ossadas e os demais artefatos encontrados no local estavam em estado de preservação surpreendente, equivalente ao que se pode encontrar em contextos de desertos.
“Não nos interessa só encontrar os indivíduos, mas entender em que contexto eles foram sepultados. Buscamos estudar e voltar a nos identificar com esse passado, com os nossos antepassados esquecidos. Com esse estudo, podemos entender muitas coisas sobre o nosso povo”, comenta.
Além dos sepultamentos humanos, os arqueólogos encontraram ossos de animais, espigas de milho, diversos tipos de sementes, brincos, agulhas, cerâmicas, tecidos, cabelos e penas.
Veja fotos do local:
Próximas escavações
Esta foi a segunda vez que os pesquisadores estiveram no local. A ideia é de que o grupo retorne à gruta somente em junho de 2023, quando o clima é mais seco e se pode trabalhar no sítio com facilidade.
Segundo Francisco, o trabalho de escavação é lento e cuidadoso, já que o material arqueológico sofreu muito impacto pelos anos de abandono, e as áreas ainda preservadas demandam a utilização de técnicas modernas. Todo o material encontrado pelos arqueólogos vai para o museu de arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), mas deverá ser repatriado quando alguma nova instituição local for configurada para receber a guarda definitiva.
O projeto de escavação recebeu autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar pesquisas na região por, inicialmente, três anos, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Alunos da USP e da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) também participam da escavação. A ideia é realizar uma pesquisa arqueológica no formato sítio-escola com alunos dessas universidades a fim de formar arqueólogos locais.
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