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Adriana Villela deve ser ouvida hoje no julgamento mais longo do DF

Até agora, 24 testemunhas foram ouvidas. Já são mais 70 horas de julgamento da acusada de mandar matar os pais na 113 Sul

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André Borges/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 Julgamento-Adriana-Villela-2 - Foto: André Borges/Especial para o Metrópoles

O julgamento de Adriana Villela, acusada de ser a mandante do homicídio dos pais e da empregada da família há 10 anos, continua nesta segunda-feira (30/09/2019). A audiência prossegue com mais de 70 horas de duração e após 24 testemunhas prestarem depoimento. É o júri mais longo da história do Distrito Federal que se tenha notícia. A expectativa é de que ela seja ouvida nesta segunda-feira (30/10/2019).

O triplo homicídio ocorreu em 28 de agosto de 2009: o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, a advogada Maria Villela e a doméstica Francisca Nascimento Silva foram mortos com 73 facadas, no total. Três homens foram presos e condenados. As sessões no Tribunal do Júri de Brasília para tratar da participação ou não de Adriana começaram na segunda-feira (23/09/2019).

A próxima fase é a leitura de peças do processo, com possibilidade de apresentação de vídeos e fotos. Somente depois é que ocorre um dos momentos mais aguardados: a ré será alvo de questionamentos da defesa, acusação e assistentes de acusação. Os jurados também podem fazer perguntas por meio do presidente do Tribunal do Júri de Brasília, Paulo Rogério Giordano.

Debates
Encerrada a inquirição, começam os debates entre as partes, com previsão de cinco horas de duração. Depois, é a vez dos sete jurados decidirem se Adriana é culpada ou inocente, em uma sala reservada. O resultado é anunciado pelo magistrado.

A acusada se emocionou em alguns momentos durante os sete dias de julgamento. Por exemplo, quando o ex-companheiro dela, Livino Silva, contou a situação na qual Adriana teria descoberto que os pais foram mortos, três dias após os assassinatos.

A defesa
Neste domingo (29/09/2019), as duas últimas testemunhas, chamadas pela defesa, falaram em frente aos sete jurados. O perito criminal Sami El Jundi foi contratado pela arquiteta e teve acesso a cerca de 80 volumes do processo. Isso inclui peças, laudos e depoimentos, a fim de fazer uma análise criminal. Ele afirmou ter usado manual do mais famoso departamento de investigação do mundo, o FBI (em inglês, Federal Bureau of Investigation).

Em um primeiro momento, o ex-porteiro do prédio onde residiam as vítimas e condenado pelo crime, Leonardo Campos Alves, não cita Adriana como mandante ou a coloca na cena do crime. O assassino, em situação posterior, mudou a versão. A ideia da defesa é provar que as primeiras confissões são verdadeiras por causa da riqueza de detalhes. A inserção de Adriana no caso ocorreu depois.

“Nos últimos depoimentos, quando ele [Leonardo] já está completamente caótico e atribui a terceiros, é quando começa a surgir a história do mandante. Na terceira vez, é ele quem fala na existência do mandante quando ele sequer está no apartamento”, frisou El Jundi.

Versões
Nas versões posteriores, Leonardo diz que não subiu ao apartamento da 113 Sul e que Adriana foi a mandante do crime. A acusação, por outro lado, sustenta que os primeiros depoimentos foram obtidos mediante tortura e em uma linha de investigação de latrocínio que excluiria eventual mandante. “Foram depoimentos montados que tiveram por objetivo, unicamente, dizer que foi latrocínio”, disse à imprensa o procurador Maurício Miranda.

O integrante do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) criticou informações do perito. “Ele só trouxe três trechos de um depoimento e esqueceu de analisar todos os outros”, declarou. “Ele é muito enfático ao dizer que é latrocínio. É uma mentira contada mil vezes”, assinalou.

Adriana retirou-se do plenário durante a apresentação de imagens do triplo homicídio usadas por El Jundi. Presentes durante o julgamento desde segunda-feira, a filha de Adriana, Carolina Villela, e o irmão da acusada, Augusto Villela, também não compareceram.

As imagens realmente são fortes e mostram os corpos na posição em que foram achados três dias após os assassinatos e as perfurações provocadas por arma branca.

O ex-ministro do TSE Pedro Gordilho era amigo dos pais da arquiteta. O ex-magistrado contou ter conhecido Maria na década 1950 e José Guilherme, que o sucedeu na cadeira do TSE, nos anos 1960. Desde então, manteve contato com o casal e conheceu a família dos amigos. Ele testemunhou a favor da filha dos Villela. “Uma pessoa que pratica a verdade, a bondade e a beleza não contrata assassino para matar os próprios pais”, declarou.

O que disseram as 24 testemunhas

Mabel de Farias

Era chefe de uma divisão da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida) à época do crime da 113 Sul. Mabel reproduziu detalhes do suposto diálogo que Adriana teria travado com o pai antes de ordenar a execução. “Nesse diálogo, José Guilherme fala: ‘Minha filha, você nisso’? E ela disse: ‘Eu te odeio! Vai para o inferno, seu velho”. A delegada ressaltou que as investigações ficaram extremamente comprometidas em função dos erros cometidos por Martha Vargas, a primeira delegada a presidir o inquérito do triplo homicídio. Martha assumiu ter recorrido a ajuda de uma vidente para chegar à identidade de três pessoas que nada tinham a ver com os assassinatos. Ponderou, contudo, acreditar que Martha tenha sido ludibriada por essa vidente.

Felipe Maia Ximenes

É policial civil do Distrito Federal. Disse que não fazia parte de nenhuma das unidades que investigava o caso e trabalhava na 27ª DP (Recanto das Emas). Ele contou que quando estava cobrindo um plantão na 17ª DP (Taguatinga Norte) em um fim de semana de 2012, encaminhava um preso de roubo a banco até o Instituto Médico Legal (IML). Durante o trajeto, o homem teria dito que ficou preso na mesma carceragem que Leonardo Campos Alves, um dos condenados pelo triplo homicídio da 113 Sul. “Quando os policiais falavam sobre dinheiro e que o caso da 113 Sul envolvia muito dinheiro, este preso balançou a cabeça positivamente”, contou. O policial então levou a situação ao conhecimento da Corvida, mas não sabe se o preso foi ouvido posteriormente.

Renato Nunes Henriques

É delegado da Polícia Civil de Minas Gerais. Ele disse ter ouvido de um tio de Paulo Cardoso, condenado pelo crime, que a filha dos Villelas [Adriana] era a mandante do triplo homicídio ocorrido há 10 anos. O lavrador Neilor Teixeira da Mota falou em Montalvânia (MG) a policiais do DF, mas não chegou a ser condenado pelo crime. O delegado de Minas afirmou, ainda, que Paulo Cardoso confessou detalhes do triplo homicídio ocorrido na 113 Sul. “Ele contou que ficou com dó de esfaquear a velhinha [Francisca, empregada da família]”, ressaltou. Paulo foi preso em Montalvânia por latrocínio [roubo seguido de morte], em 2010. Renato Henriques também ouviu o acusado, na ocasião. “Eu tirei o Paulinho da cela e ele confessou tudo. Pedi detalhes da dinâmica e ele disse que saiu de Montalvânia a convite de Leonardo Campos Alves para praticar o crime em Brasília. Contou ainda que pegou uma faca, amolou cerca de 1/3 da lâmina, transformando-a em um punhal para matar as vítimas”, detalhou.

Michele da Conceição Alves

É filha de Leonardo. Ela contou que um dos irmãos, identificado como Franklin da Conceição Alves, disse a ela ter encontrado um maço de dinheiro na casa do pai em Montalvânia (MG), à época do crime, e que ele teria recebido dinheiro para cometer o triplo homicídio. “Ele [Franklin] fala que meu pai tinha contado que matou o pessoal do ministro. Disse que meu pai fez uma coisa bem feita e não iriam descobrir”, narrou. Ainda reproduzindo o que teria ouvido do irmão, contou que Leonardo “havia sido pago para poder matar os senhores lá”. Questionada pelo presidente do Tribunal do Júri de Brasília, Paulo Rogério Santos Giordano, se o irmão dela explicou quem teria dado dinheiro para o cometimento do triplo homicídio na 113 Sul, ela afirmou não se recordar. O procurador Maurício Miranda, então, lembrou que Michele falou, durante o julgamento de Paulo Cardoso que Adriana teria ordenado a morte dos próprios pais.

Luiz Julião Ribeiro

Ex-chefe da antiga Corvida. Informou que desde o início das apurações da unidade havia suspeitas que recaíam sobre Adriana. A Corvida ficou responsável pelo caso, após sucessivas trapalhadas da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) e intervenção da 8ª DP (SIA), na época chefiadas pelas delegadas Martha Vargas e Déborah Menezes, respectivamente. Disse ter havido “quebra de padrão comportamental” da ré no dia do descobrimento dos corpos dos pais, pois, quando a filha dela, Carolina Villela, manifestou preocupação com os avós, Adriana ligou para o banco, para agência de viagem e parou em uma padaria. “Ela protelou ao máximo a chegada ao local”, completou. Segundo ele, Leonardo descreveu ter fechado “serviço” com Adriana por US$ 27 mil e joias. O pagamento teria sido feito em um encontro nas proximidades do Conjunto Nacional. “Na última versão, narra que no dia do crime eles estavam na parada de ônibus, nas imediações, e que ela teria passado três vezes. Na terceira vez, entregou os dólares e as joias. Ele ficou no ponto e ela teria dito para aguardar um pouco que ela iria subir”, pontuou.

José Ribamar Campos Alves

É irmão de Leonardo. Iniciou o depoimento dizendo que não sabe nada sobre o caso. Porém, contou que, até hoje, o ex-porteiro alega ser inocente. “Eu perguntei a ele: ‘Se você é inocente, por que foi condenado a quase 70 anos de prisão?’ Ele se fecha e não responde. Apenas confirma ser inocente”, disse.

Ecimar Loli

Foi diretor da Divisão de Homicídios I da Corvida. De acordo com ele, Leonardo prestou três depoimentos na unidade policial e em todas as oitivas, disse que a filha dos Villela era a mandante do triplo homicídio. “Em uma das oportunidades, Leonardo afirmou ter recebido telefonema de Adriana, no início de agosto de 2009, de um número privado, o convidando para vir a Brasília. Disse que tinha um serviço para ele. Eles se encontraram em uma praça em frente ao Conjunto Nacional no dia 4 e ela fez a proposta para que ele forjasse um assalto, porque não estava muito bem com os pais”, afirmou. Contou ainda que, no dia 9 de agosto de 2009, Leonardo levou Paulo Cardoso e Francisco Mairlon à 113 Sul para ter o primeiro contato visual com o casal Villela, que foi assassinado. “Ele sempre dizia, nos depoimentos, que o crime se tratava de um homicídio a mando da filha do casal”, destacou o delegado. Ao policial, Leonardo relatou ter tido o segundo encontro com Adriana no dia 14 de agosto daquele ano, no qual ela teria confirmado a intenção de simular um assalto e matar os pais. “A proposta era US$ 27 mil e joias. Adriana se mostrou preocupada e perguntou se os executores eram fontes seguras. Outra exigência era para eliminar os pais depois que eles estivessem amarrados”, assinalou.

Rosa Masuad Marcelo

Empresária e amiga de Maria Villela por 34 anos. Ela revelou que a arquiteta entregou-lhe o acervo de joias da mãe para guardar e foi buscar após três anos, a pedido de Rosa. A testemunha disse que Maria queria Adriana “muito bem”. Rosa destacou, ainda, ter visto a vítima na véspera do triplo homicídio. “Nos despedimos fraternalmente, ela estava muito alegre, tranquilíssima”, pontuou. Rosa acredita na inocência da acusada. “Não é possível que a Adriana fosse uma pessoa tão má e fria. A Maria gostava muito dela”.

Enio Esteves

Ex-cunhado de Adriana, ele comentou que teve contato mais próximo com a acusada na época em que ela se relacionava com o irmão dele e poucas vezes viu o casal Villela. “Apenas tive conhecimento dos fatos por conversas com pessoas próximas. Na época, eu morava em outro estado. O contato com Adriana foi muito frequente depois que meu irmão faleceu, no final de 1983. Na época em que Adriana estava grávida de Carolina. Ela tinha uma preocupação em preservar a memória dele”, destacou. Enio classificou o jeito de Adriana como “expansivo”. “Mas era uma pessoa que tinha muito carinho e consideração por todos”, destacou.

Geraldo Flavio de Macedo Soares

Foi advogado de Paulo. “O Paulinho disse para mim que agiu com Leonardo para roubar e que não tinha mandante”, afirmou. Recordou-se também que, ao ter contato com a delegada Mabel Alves de Farias, à época do crime, a investigadora pediu a ele para orientar Paulo de que a pena para o crime de mando era menor do que a de latrocínio (roubo seguido de morte). “Ela não impôs, apenas me pediu. Eu conversei com ele, disse que até seria beneficiado se falasse que teve mandante, mas ele me disse que não havia”, ressaltou.

Regina Batista Lopes de Luna

Contou ter conhecido Adriana pelo apelido Turyna no âmbito de um grupo de terapia. Em 2010, se interessou por uma loja da acusada na 116 Sul e foi investigada porque ficou cerca de uma hora dentro do carro conversando com Adriana, segundo ela, sobre o estabelecimento. “A Corvida estava monitorando e eu, por conta disso, entrei nessa história. Apesar de ser há tanto tempo, as lembranças são nítidas porque a situação foi traumática”. Depois, Regina foi alvo de busca e apreensão e de um pedido de prisão, que acabou negado.

Elimar Pinheiro do Nascimento

Ex-professor da ré, o sociólogo da Universidade de Brasília (UnB) disse que todas as menções da acusada aos pais “sempre foram muito afetivas”. Além disso, relatou que os colegas se referiam a ela de forma positiva. Provocado pelo assistente de acusação Pedro Calmon sobre possível mando do triplo assassinato por conta da herança, calculada em cerca de R$ 40 milhões, a testemunha afastou a hipótese. “Com o assassinato dos pais, evidentemente ela seria uma das herdeiras. Daí, fazer ilações de que pode ter matado os pais é uma estupidez”, declarou.

Marcos Menezes Barberino Mendes

É juiz e primo de Adriana. Segundo ele, a tese de que a prima é mandante da execução dos pais e da empregada da família é “uma fonte de angústia permanente”. “Adriana sempre se indignou, primeiro sobre as investidas a respeito da filha e do irmão e, depois, sobre ela. Todos temos a mesma percepção de que há algo muito estranho no curso dessas investigações”, assinalou. Marcos disse, ainda, que a relação da arquiteta com José Guilherme e Maria Villela era “muito afetuosa e baseada nas opiniões muito forte de todos eles”.

Célia Barberino Mendes Sena

Irmã de Maria Villela e tia de Adriana. Em frente aos jurados, ela afirmou que confia na sobrinha. “Jamais cometeria o mal. Se eu tivesse um pingo de dúvida sobre a inocência da Adriana, jamais iria depor”. Célia alegou que Maria ficou “muito feliz” por Adriana estar cursando mestrado. Sobre cartas apresentadas pela acusação que mostram intrigas e as da defesa, que apresentam bom relacionamento, a testemunha declarou que essas últimas têm mais força. “Elas eram amigas. Discussão sempre há entre mãe e filha.”

Alexandra Reschke

É amiga de Adriana. “Ela é muito verdadeira, muito autêntica, afetiva, amorosa”, afirmou. No dia do crime, segundo Alexandra, Adriana estava “nervosíssima” após descobrir que os corpos dos pais estavam no imóvel da 113 Sul. Ela contou que, ao saberem do julgamento, os amigos se uniram para apoiar a acusada. “Foi uma coisa extraordinária que aconteceu de sábado para cá”, assinalou. Alexandra classificou como “lenda urbana” a informação da acusação de que Adriana teria quebrado um apartamento dado pelos pais, na Asa Sul.

Rodrigo Meneses de Barros

É um dos papiloscopistas do Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil do Distrito Federal que elaborou laudo o qual apontou digitais da filha dos Villela no apartamento onde ocorreu o crime. O laudo é a principal prova da acusação para desmentir a versão de Adriana Villela de que a última vez que esteve no imóvel foi em 13 de agosto de 2009. Advogado de Adriana, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, perguntou se o trabalho do papiloscopista pode precisar que “no dia 28 de agosto de 2009, das 19h às 20h, a Adriana estava na casa dos pais dela”. E Rodrigo respondeu apenas que “não.”

Juliano de Andrade Gomes

É diretor de Perícia de Laboratório do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF e elaborou em 2012, junto a outros três peritos e a pedido da Justiça, um parecer que contesta o laudo 15.000 do II, o qual indica Adriana no apartamento dos pais em uma janela de tempo que inclui o dia do triplo homicídio. Ele afirmou que o documento “carece de metodologia técnico-científica”. “O trabalho realizado pelo II não tem sustentação técnico-científica suficiente para tecer conclusões a respeito da idade do fragmento de impressão papiloscópica questionado”, diz trecho do parecer escrito por ele.

Francisco das Chagas Leitão

Arquiteto e colega de Adriana, garante que estava com ela em um curso no dia do crime, 28 de agosto de 2009. Informou que chegou ao Instituto Cervantes por volta das 14h20 e saiu aproximadamente às 18h30. “Voltamos a nos encontrar novamente no hall do instituto, porque estava tendo uma exposição de fotografia. Saí algumas vezes para fumar. Em todas as vezes, foi possível manter contato visual com ela”, disse.

Graziela Ayres Ferreira Dias

Pedagoga e amiga de infância da ré. Ela declarou que Adriana foi à casa dela à noite e saiu ao fim do Jornal Nacional, da Rede Globo, no dia do crime. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que a atração acabou às 20h57. “Na hora que a Adriana saiu, eu entrei e estava passando as letrinhas do Jornal Nacional. Eu estava interessada porque queria ver a novela seguinte [Caminho das Índias]”, detalhou.

Livino Silva

Foi companheiro de Adriana e morou com ela por quatro anos, até 1998. O relacionamento acabou, mas eles continuaram amigos. Afirmou ter estado com a ré no momento no qual ela teria recebido a notícia que os pais foram mortos, três dias após os assassinatos. Livino detalhou que foi à casa de Adriana, no Lago Sul, após ela ligar preocupada com os pais e a levou, em seguida, ao apartamento dos Villela na 113 Sul. “Carolina [filha de Adriana e neta do casal Villela] disse que os avós estavam mortos. Estávamos no pilotis dos prédios, chegou chorando. Elas se abraçaram e a Carolina perdeu o equilíbrio. Ela usou o termo ‘mataram'”, detalhou, emocionado.

Ronei Alves

Ex-presidente de uma cooperativa de catadores de lixo do Riacho Fundo II onde Adriana desenvolveu um projeto de mestrado voltado para a reciclagem de vidro, em 2006. “Se ela tivesse sido uma pessoa má, não estaria aqui. Era uma pessoa amável”, afirmou. “Ela disse que vidro pode virar renda, trabalho, dignidade. Isso mudou a vida de muita gente e para nós foi importante para a dignidade de ter um trabalho bacana. Todo mundo que conviveu com ela, pensa a mesma coisa”. Ele chegou a ser investigado pela Corvida e, inclusive, forneceu impressões digitais. “Foram ríspidos e trataram friamente, como se fosse bandido”, declarou.

André Victor do Espírito Santo

Delegado aposentado e diretor do Departamento de Polícia Circunscricional à época das investigações, disse que sempre acreditou na hipótese de o crime da 113 Sul ser latrocínio. “Analisando a cena do crime e as possibilidades – e eu já tinha 20 anos de polícia – eu percebi que se a Adriana ou um desafeto qualquer de uma das vítimas quisesse ceifar a vida dessas pessoas, não seria daquela maneira”, afirmou.

Pedro Gordilho

É ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e amigo do casal Villela. Ele contou ter conhecido Maria Villela na década 1950 e José Guilherme, que o sucedeu na cadeira do TSE, nos anos 1960. Desde então, manteve contato com o casal e conheceu a família dos amigos. Ele testemunhou a favor de Adriana. “Uma pessoa que pratica a verdade, a bondade e a beleza não contrata assassino para matar os próprios pais”, declarou.

Sami El Jundi

Perito criminal e médico contratado pela defesa. Ele afirmou ter usado manual do mais famoso departamento de investigação do mundo, o FBI (em inglês, Federal Bureau of Investigation). Em um primeiro momento, Leonardo não cita Adriana como mandante ou a coloca na cena do crime. O assassino, em situação posterior, mudou a versão. A ideia da defesa é provar que as primeiras confissões são verdadeiras por causa da riqueza de detalhes. A inserção de Adriana no caso ocorreu depois. “Nos últimos depoimentos, quando ele [Leonardo] já está completamente caótico e atribui a terceiros, é quando começa a surgir a história do mandante. Na terceira vez, é ele quem fala na existência do mandante quando ele sequer está no apartamento”, frisou El Jundi.

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