Roubo de cabos de energia deixa comerciantes da 403 Norte no prejuízo
Ação ocorrida na madrugada desta terça-feira (11/9) é a quinta registrada na quadra em menos de um mês. Empresários reclamam de perdas
atualizado
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Lidar com a falta de energia provocada pelos inúmeros furtos de cabos de cobre virou rotina para os comerciantes da 403 Norte. Na madrugada desta terça-feira (11/9), por volta das 4h, a quadra foi alvo, pela quinta vez em menos de um mês, da ação de bandidos. Parte dos estabelecimentos ficaram no escuro até as 15h30, quando a Companhia Energética de Brasília (CEB) apareceu para repor a fiação.
Uma das afetadas pelo corte no fornecimento foi a empresária Valéria Wandalsen, 57. Dona da loja Frutacor, em funcionamento há 29 anos, ela diz ser “difícil encontrar alguém que não foi, em algum momento, afetado pelos roubos”.
Segundo a lojista, recentemente a região ficou visada pelos assaltantes, que “toda semana roubam algum cabo, sempre durante as madrugadas”. O estabelecimento é especializado em cestas de café da manhã, flores e decoração.
Ficamos sem luz desde as 6h da manhã. Para nós [comerciantes], é sinônimo de perda de vendas, comida jogada fora, prejuízos que doem no bolso. Estamos dependendo da luz do sol para garantir as vendas
Valéria Wandalsen, empresária
Veja o registro em vídeo de restaurante sem energia elétrica, com vela no banheiro:
Velas, lanterna e prejuízo de R$ 4 mil
Afetado pela quarta vez, o chef de cozinha e proprietário do Cantucci Bistrô, Rodrigo Melo, 28, precisou recorrer à lanterna do smartphone e velas (veja vídeo) para garantir a operação do restaurante. Mesmo assim, teve prejuízo estimado em R$ 4 mil. Melo serviu apenas 60% do público que está acostumado a atender todos os dias.
Nos outros três roubos em que foi diretamente atingido, Rodrigo Melo precisou gastar R$ 8 mil para consertar aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos queimados devido à má distribuição energética provocada pelo corte no abastecimento.
“Roubaram três cabos desta vez e não chegava energia nenhuma. Nas últimas ocasiões, levaram dois: a energia oscilava e queimava tudo. Perdi computador e modem, fora a perda no número de vendas”.
Entre os prejuízos, só nesta investida dos assaltantes, o proprietário perdeu “muita matéria-prima”, como alimentos, frutas e bebidas. “Ficamos sem sistema e atrasou toda a operação, pois tínhamos que registrar tudo na mão. Vi cliente entrar, sentar e ir embora. Não pude servir sobremesa, fazer suco nem gelar a cerveja”, contou o empresário.
Insegurança
Os comerciantes relataram que a região vive uma “onda de criminalidade e insegurança”. Nesta madrugada (11/9), bandidos teriam usado carrinhos roubados de um supermercado da quadra para transportar o material do furto. A Polícia Militar do Distrito Federal foi acionada, mas, segundo os empresários, não compareceu ao local.
Procurada pela reportagem, a corporação negou ter sido chamada e ressaltou que, “quando um crime apresenta um mesmo modus operandi, é necessário que um trabalho investigativo seja feito a fim de identificar os autores”.
Cabos trocados
De acordo com a Companhia Energética de Brasília, 18.975 metros de cabos foram furtados até agosto deste ano, quase o dobro do registrado em 2017, quando 9.825m foram alvo da ação de criminosos. O problema causou prejuízo de R$ 875.975,99 aos cofres públicos.
Para tentar conter a investida dos assaltantes, a CEB promoveu trocas do cabo neutro de cobre por peças de alumínio. De acordo com a companhia, o metal possui menor valor de mercado, o que gera desinteresse dos assaltantes.
Outra medida adotada pela estatal foi a construção de barreiras de concreto para evitar o acesso às caixas de controle subterrâneas.