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Rotina de caos: mesmo com frota 20% maior, usuários de ônibus penam no DF. Entenda

Segundo dados da Semob, entre 2000 e 2022, o número de ônibus em circulação no DF saiu de 2.374 para 2.869

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Nos últimos 22 anos, a frota de ônibus que circula no Distrito Federal aumentou 20,85%. O número de veículos em operação saiu de 2.374, em 2000, para 2.869, no ano passado. Apesar do aumento, a população da capital federal ainda reclama de superlotação de ônibus, atrasos e outras dificuldades no transporte público. Porém, segundo especialistas, ter mais ônibus na rua não é a solução para os problemas encontrados.

Ainda segundo os dados da Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob/DF), em 2013 e 2014, houve a entrada dos veículos das concessionárias referentes ao um edital de concorrência de 2011, o que ocasionou o aumento transitório da frota.

Por essa razão, o DF chegou a ter mais de 3,8 mil ônibus em 2013 e 4.144 no ano seguinte. Porém, em 2018, ocorreu a diminuição da frota, devido à extinção dos contratos de cooperativas que operavam na mesma região que as empresas concessionárias. Assim, o número de veículos caiu para 2.807.

Outra explicação para o serviço continuar precário é o tamanho da população. Em 2000, 2.648.532 pessoas viviam no DF. Já em 2022, o número saltou para 2.923.369. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Censo 2022.

Reclamações

O cumim Jhonatan Alexandre, 22 anos, utiliza os ônibus do DF diariamente e acredita que um aumento de frota resolveria grande parte dos problemas em relação ao transporte público. “Na minha opinião, os transportes públicos de Brasília são péssimos.”

“Vários ônibus passam de 40 em 40 minutos, o que acaba atrapalhando e atrasando as pessoas, porque, se alguém perde o transporte, só passa outro praticamente quase uma hora depois”, complementou o jovem.

A estudante Emily Nascimento, 18, reforça a queixa. “Eu moro em Ceilândia e pego ônibus da linha São José praticamente todos dias. Eles quebram muito e são lotados. O governo deveria investir em uma reforma eficiente. O aumento da frota também seria uma ótima solução”, afirma.

Segundo Adriana Modesto, doutora em transportes, não é possível estabelecer um número ideal para a frota, pois a insatisfação com o transporte público passa por aspectos como segurança, rapidez e comodidade. Ela pontua que o ideal seria fomentar o uso de coletivos, mas ressalta que o comportamento da sociedade não é algo simples de se modificar. “O que se recomenda é o fomento dos modos sustentáveis e coletivos, adoção de medidas que desestimulem o uso do transporte individual.”

“Não estamos intactos aos efeitos negativos de um sistema ruim ou precarizado. O planejador deve considerar o nível de satisfação dos envolvidos: usuários, comunidade, Estado, trabalhadores e empresários do ramo. O ideal é que haja satisfação equilibrada dos desejos dos envolvidos. Quando há a insatisfação de algum dos atores, temos um desequilíbrio gerando queda da demanda, perda da qualidade, perda da eficiência”, avalia Adriana.

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Emily Nascimento, 18, estudante, utiliza ônibus diariamente
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Jhonatan Alexandre, 22, é cumim e acredita que o aumento da frota de ônibus poderia ser uma solução para os problemas do transporte público

Yasmim Valois/Metrópoles
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Emily Nascimento, 18, estudante, utiliza ônibus diariamente

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Análise

Para Wesley Ferro Nogueira, economista e secretário executivo do Instituto MDT, o aumento na frota de ônibus não é a solução para os problemas indicados pelos usuários do sistema. “As cidades têm uma grande concentração de viagens em horários específicos ao longo do dia, em que o sistema sofre uma pressão grande. No DF, 44% das viagens estão concentradas nos horários de picos, que é quando o sistema não consegue atender. As outras 56% estão distribuídas ao longo do dia, quando não há tanta demanda”, defende.

Para ele, o modelo precisa ser alterado. “Os movimentos de demanda são flutuantes. O território vai crescendo, se espalhando, e começa a aparecer demanda em áreas diferentes. O Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) previa uma sistema de tronco alimentado, mas isso não foi implementado”, diz.

Esse sistema consistiria, segundo Wesley, em uma distribuição da demanda. “Ônibus menores fariam a distribuição entre os eixos por corredores estruturais. Porém, isso nunca foi implementado no DF “, completa.

“No DF, o problema não é a quantidade de ônibus. É falta de um centro operacional”, finaliza.

O que diz o GDF

Procurada, a Secretaria de Transporte e Mobilidade informou que todas as linhas do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF são monitoradas diariamente e intervenções são realizadas a pedido dos próprios passageiros.

“Além disso, constantemente linhas de ônibus são criadas ou passam por ampliação de viagens e itinerários visando a melhoria no sistema e o conforto dos usuários”, diz a pasta.

A população do DF pode fazer sugestões, solicitar mais viagens, alteração de horários ou itinerários por meio da Ouvidoria, pelo telefone 162, ou pelo site ouvidoria.df.gov.br.

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