Rollemberg garante que fim de racionamento no DF “está muito próximo”
Apesar da afirmação, governador não cravou uma data. Sobre aumento na conta de água, chefe do Executivo prometeu “avaliar” real necessidade
atualizado
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No dia que o governo do Distrito Federal anunciou aumento na conta de água, Rodrigo Rollemberg (PSB) voltou a garantir o fim do racionamento na cidade. Apesar da promessa, o chefe do Executivo local não cravou uma data para pôr fim ao rodízio que afeta a população da capital federal desde 2017.
“Nós estamos com quase 91% do volume de água no [reservatório do] Descoberto e com mais de 55% na Barragem de Santa Maria. Fizemos obras que permitem a transposição de água de uma bacia para a outra e, hoje, em torno de 550 litros estão indo do sistema Santa Maria, Bananal, Lago Paranoá, para atender as regiões abastecidas pelo Descoberto, nos permitindo garantir, com segurança, o fim do racionamento”, destacou.
Avaliação do reajuste
Em relação ao aumento nas tarifas de água e esgoto, Rollemberg alegou tratar-se de uma autorização da Adasa e comprometeu-se a analisar a decisão. “Ainda vamos avaliar efetivamente a necessidade do reajuste. Quem determina o valor é a Adasa, e não o GDF. O que nós estamos fazendo são os investimentos necessários para garantir o abastecimento de água para a população de Brasília”, declarou o governador, na manhã desta segunda (30/4), durante visita às obras de uma adutora do Sistema Produtor Corumbá, em Santa Maria
A partir de 1º de junho, o valor do serviço de água e de esgoto no Distrito Federal será corrigido em 2,99%. Segundo a Adasa, o reajuste foi homologado na sexta-feira (27) e oficializado no Diário Oficial do DF desta segunda-feira (30). Conforme a publicação, a medida vigorará até 31 de maio de 2019.
O aumento ocorre em pleno racionamento na capital do país mesmo com os níveis dos reservatórios elevados. Nesse domingo (29), a Barragem do Descoberto estava com 90,4% de sua capacidade. Já a de Santa Maria fechou o dia com 56%. Os índices são monitorados pela Adasa.
Para a Caesb, seria necessário repassar ao consumidor acréscimo de 10,47% a fim de recompor as perdas da empresa em razão da queda de arrecadação por conta do rodízio de água na capital do país. A companhia assegura ter registrado diminuição de 34,8 milhões de metros cúbicos no consumo do recurso hídrico em 2016 e 2017, o que teria representado um impacto negativo de R$ 155,7 milhões em sua receita.
Cálculo das faturas
De acordo com a atividade exercida pela unidade consumidora, os tipos de tarifas de água são divididos em: residencial (inclui templos religiosos ou entidades declaradas de utilidade pública pelo governo de Brasília e construções de casa própria sob encargo do proprietário); comercial (engloba atividades não previstas nas outras categorias e água para irrigação); e industrial e pública (órgãos e entidades da administração direta e indireta do Distrito Federal, dos municípios e dos estados, da União, organizações internacionais e representações diplomáticas).
No serviço de esgoto, o cálculo das faturas, com base no abastecimento de água, tem duas categorias: para sistema convencional de esgotamento sanitário (que varia de 50% a 100% da cobrança da água) e para sistema condominial (100% na rede própria externa e 60% na interna). A tarifa popular é aplicada para famílias de baixa renda cadastradas em programas sociais do governo.
Culpa do governo
Uma pesquisa encomendada pelo Metrópoles ao Instituto Dados e divulgada em dezembro de 2017 mostra que, quando questionados sobre a culpabilidade pela crise hídrica, dois terços da população responsabilizam o governo, porque “não buscou alternativas para evitar a falta d’água”.
Especialistas ouvidos pela reportagem à época afirmaram que o desabastecimento era previsto há pelo menos 12 anos, por isso o GDF deveria ter tomado medidas para resolver o problema.
“Na época, o governo decidiu apostar todas as fichas na captação em Corumbá. Mas o projeto, grandioso, demandou alto investimento e, devido a problemas diversos, não começou a funcionar até hoje”, disse o especialista em recursos hídricos e professor da Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Koide.
Com o objetivo de reduzir os impactos do problema, o Executivo local inaugurou, em outubro, serviços de captação de água no Lago Paranoá e no Subsistema Bananal. As obras de Corumbá, no entanto, continuam, e a entrega está prevista para dezembro de 2018.