Rollemberg cria conselho gestor do Parque Burle Marx, no Noroeste
Grupo será formado por membros da sociedade e integrantes do GDF. Infraestrutura adequada no local é uma das principais demandas de moradores da região
atualizado
Compartilhar notícia
A demanda dos moradores do Noroeste para que o Parque Burle Marx, no Noroeste, fique em plenas condições de uso pela população é antiga. Na manhã deste sábado (23/4), o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) assinou um decreto para criar um conselho gestor para o parque, como resposta aos pedidos. O grupo será formado por membros da sociedade e integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF), como a Secretaria do Meio Ambiente e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
“O que eu desejo é que se defina rapidamente o que teremos no parque, para que possamos iniciar a implementação de acordo com o que for definido pela comunidade. O conselho é fundamental para isso”, declarou Rollemberg.Presente na cerimônia, o secretário de Meio Ambiente, André Lima, destacou a importância do parque para a população. “É fundamental que ele saia do papel, pela questão do cerrado, das nascentes, da qualidade do ar… O parque não é do Noroeste ou da Asa Norte, ele é do Distrito Federal”, defendeu Lima.
O decreto muda também a categoria do Burle Marx. De “parque múltiplo uso” ele foi classificado para “parque ecológico”. Com isso, espera-se mais garantias de que a vegetação nativa será mais preservada. A mudança permite ainda que o local receba recursos de compensações ambientais – forma de retribuir à população e ao meio ambiente os impactos ambientais causados por empreendimentos da cidade.
Críticas
A assinatura do decreto não acalmou os ânimos dos moradores. O governador enfrentou diversas críticas da Câmara Comunitária do Noroeste (CCN) durante a cerimônia. O presidente da CCN, Antônio Custódio Neto, enfatizou os problemas enfrentados pelos moradores da região, como a segurança na região do parque.
Como confiar em um governo que pensa em construir a sede de um órgão ambiental dentro do parque e não pensa na segurança da comunidade que ali transita todos os dias? É difícil, governador
Antônio Custódio Neto, presidente da CCN
Ao Metrópoles, Neto afirmou que as principais soluções necessárias para a região dizem respeito ao parque, à invasão que fica próxima ao bairro e aos indígenas que ocupam aquela que seria a via principal do Noroeste. “Agora temos um assento no conselho e esperamos, com isso, ser mais ouvidos. Mas não deixamos de acreditar na inércia do governo”, destacou.
O governador, por sua vez, ressaltou os investimentos feitos no Noroeste ao longo do ano passado, entre eles R$ 20 milhões da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e R$ 27 milhões da Companhia Energética de Brasília (CEB). “Temos, para este ano, um orçamento de mais R$ 50 milhões da Terracap para implementar a infraestrutura e o paisagismo da região”, garantiu o chefe do Executivo local. Ele assegurou ainda que o policiamento será intensificado.
Nos planos iniciais, as promessas – rede elétrica subterrânea, painéis de energia solar, paisagismo, coleta de lixo a vácuo, ciclovia e o parque Burle Marx em plenas condições de uso – elevaram os preços dos imóveis a valores exorbitantes. O metro quadrado na região já chegou a custar R$ 14 mil.
Invasão do Noroeste
Moradores da chamada “invasão do Noroeste” também marcaram presença no evento. Eles aproveitaram para repassar demandas próprias a Rollemberg. “Nós queremos a habitação e o galpão para trabalho que nos foram prometidos no último governo”, afirmou Deivid Nasário de Alencar, de 21 anos. “Estamos sendo atacados pelos moradores do Noroeste, que dizem que somos um lixão. Trabalhamos com a reciclagem e precisamos de um local para continuar com a atividade”, explicou Alencar.