Privatização da Rodoviária: o que vai mudar no maior terminal do DF
Privatização da Rodoviária vai impactar mais de meio milhão de pessoas por dia que passam pelo local. Veja principais mudanças
atualizado
Compartilhar notícia
O projeto de privatização da Rodoviária do Plano Piloto gerou polêmica após alterar o modelo de gestão de uma das áreas mais importantes do Distrito Federal. Aprovado na Câmara Legislativa do DF (CLDF) em uma sessão histórica, que teve início às 15h de terça-feira (12/12) e terminou somente à 0h40 de quarta-feira (13), o texto vai impactar as mais de meio milhão de pessoas que passam pela Rodoviária diariamente. Por isso, o Metrópoles reuniu as principais mudanças previstas.
O Projeto de Lei (PL) nº 2.260/2021 concede a Rodoviária do Plano Piloto à iniciativa privada por 20 anos. Ele recebeu 16 votos a favor e 7 contrários. O objetivo da proposta é atuar em quatro eixos principais: recuperação, modernização, conservação e exploração do local. De acordo com o texto aprovado, a empresa vencedora da licitação poderá explorar:
- Área locável do complexo da Rodoviária;
- Estacionamentos da plataforma e dos Setores de Diversão Norte (SDN) e Sul (SDS), com 2.724 vagas;
- Publicidade nos painéis de informação do complexo;
- Cobrança da acostagem dos ônibus do sistema de transporte público sob responsabilidade da Semob (ônibus e metrô).
Além disso, a empresa tem como obrigação fazer uma “reforma estrutural” na Rodoviária. Entre as ações, estão previstas:
- Obras de recuperação estrutural do viaduto;
- Obras de recuperação estrutural de reservatório;
- Recuperação das instalações elétricas e eletrônicas;
- Conclusão da operacionalização dos sistemas de prevenção e combate a incêndio;
- Recuperação dos banheiros e das instalações hidrosanitárias;
- Reforma nas áreas internas do complexo (inclusive acessibilidade) e fachada das lojas;
- Instalações mecânicas (ar-condicionado, escadas rolantes e elevadores);
- Recuperação dos estacionamentos e passeios.
Em relação ao mezanino, o texto prevê a reorganização do conjunto das lojas e a retirada dos depósitos da fachada norte, além de propor a circulação pelas duas fachadas. O projeto também abrange as vias N1 e S1, prevendo a reurbanização dos locais.
Para isso, serão realizadas obras relacionadas ao aumento da capacidade das calçadas dos pedestres, recomposição da geometria da via, implantação de faixas de pedestres e semaforização nos principais pontos de travessia dos usuários.
Valores
O critério para a seleção da empresa que vai gerir a Rodoviária do Plano vai ser o de maior valor de outorga anual. A vencedora deverá pagar a outorga de um mínimo de 4,3% da receita bruta ao governo, que pretende receber R$ 1,8 milhão por ano.
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) afirma que a rodoviária teve receita de R$ 6,2 milhões e despesa de R$ 27,5 milhões neste ano, o que gera déficit anual de R$ 21,3 milhões. Um ponto que gerou polêmica na discussão na CLDF é a previsão de que o GDF pagará aluguel por metro quadrado por todos os espaços usados no terminal rodoviário.
Ou seja, pontos como o Na Hora, que são do governo, mas ficam na rodoviária, são obrigados a pagar aluguel para a empresa que vai administrar o local. O GDF, porém, cita números de investimentos que apontam melhorias no espaço. São previstos, ao todo, R$ 120 milhões em obras de recuperação e modernização.
De acordo com a proposta, serão investidos R$ 55 milhões nos primeiros quatro anos, para recuperação estrutural da edificação, enquanto a modernização, prevista para 3 anos, terá investimentos de R$ 48,5 milhões. Também nos três primeiros anos, serão investidos R$ 8 milhões na implantação do centro de controle operacional.
Preço das passagens
Na discussão antes da votação na CLDF, deputados da oposição alegaram que o projeto vai trazer aumento do preço das passagens. O temor veio após o PL trazer a chamada “tarifa de acostagem”, que é, basicamente, um valor que será pago cada vez que um ônibus ou até vagão do Metrô parar na Rodoviária.
O GDF prevê como receita da concessão com a tarifa de acostagem, por ano, R$ 11 milhões. Como as empresas de ônibus são privadas, os deputados da oposição alegam que, com esse custo a mais, elas vão trabalhar para um aumento do preço das passagens. Já o governo nega, afirmando que pode dar equilíbrio nas contas subindo o valor da tarifa técnica, que é paga pelo GDF.
Rodoviária: lucro ou prejuízo
Em reuniões entre secretário e deputados distritais, foram apresentados números gerais da concessão da rodoviária, como a previsão de R$ 36 milhões de receitas anuais. Outro número mostrado foi da despesa do GDF com o local. A Secretaria de Transporte e Mobilidade apontou que o total da despesa de 2023, até o momento, foi de R$ 27 milhões.
Os deputados questionaram, já que o valor está muito acima dos outros anos. Em 2022 e 2021, por exemplo, a despesa foi de, respectivamente, R$ 7,4 milhões e R$ 9,6 milhões. O secretário, porém, lembrou que houve despesa de R$ 15,9 milhões em 2019 e que, em linhas gerais, a Rodoviária “vai custar menos” para o governo.