metropoles.com

Risco de vazamento de chorume em novo aterro ameaça Rio Melchior

Local fica próximo ao curso d’água em Samambaia, que foi tomado por espuma na sexta-feira

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo / Metrópoles
melchior
1 de 1 melchior - Foto: Michael Melo / Metrópoles

Uma grande mancha de espuma foi flagrada na manhã de sexta-feira (10/01/2020) no curso do Rio Melchior, nas proximidades do Aterro Sanitário de Brasília (ASB), localizado às margens da DF-080, em Samambaia. A imagem foi registrada pelo repórter fotográfico Michael Melo, do Metrópoles.

Segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), o rio recebe os efluentes (esgotos tratados) de duas estações de tratamento, que “apresentam elevada eficiência na remoção de matéria orgânica”.

Nesse processo, afirma a companhia, “pode ocorrer espuma, causada em função do residual de detergentes presentes nos esgotos tratados e do processo de agitação ocasionado pelo desnível existente entre as estações e o ponto de lançamento no rio. Essa espuma não é tóxica e é dispersada logo abaixo dos pontos de lançamento das estações”.

À reportagem, o Brasília Ambiental, instituto responsável pela fiscalização do meio ambiente no DF, afirmou que vai monitorar o recurso natural.

O caso ocorre em meio a debates entre a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) sobre o limite da capacidade de armazenamento de chorume nas lagoas de contenção da estação de descarte. Os dois órgãos estão trabalhando em conjunto para buscar as soluções técnicas mais adequadas para o esvaziamento das lagoas.

A agência tem alertado o SLU porque os depósitos estão atuando na capacidade máxima, o que pode ser considerado um problema, especialmente em período chuvoso.

Há grande risco de que o volume de água causado pela estação chuvosa faça essas piscinas transbordarem, o que poderia, inclusive, fazer com que o líquido formado pelo lixo chegasse diretamente ao Melchior.

O rio corre por Ceilândia e Samambaia, dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico JK, e deságua no Rio Descoberto, na altura da cidade de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, depois da Barragem do Descoberto, em Águas Lindas (GO).

O chorume é um líquido de coloração escura e “odor nauseante” proveniente de processos de decomposição dos resíduos orgânicos. É um material de carga orgânica muito alta e, por isso, tem um grande potencial poluidor e de contaminação de recursos hídricos e lençóis freáticos.

5 imagens
Projeto está na fase inicial
Nesta sexta-feira, o Metrópoles flagrou uma grande mancha poluente em toda a corredeira do Rio Melchior
A mancha ocupou um trajeto grande do rio
Segundo o SLU, medidas estão sendo tomadas para evitar o risco ambiental
1 de 5

Proposta busca resolver contaminação causada por chorume

Michael Melo / Metrópoles
2 de 5

Projeto está na fase inicial

Michael Melo / Metrópoles
3 de 5

Nesta sexta-feira, o Metrópoles flagrou uma grande mancha poluente em toda a corredeira do Rio Melchior

Michael Melo / Metrópoles
4 de 5

A mancha ocupou um trajeto grande do rio

Michael Melo / Metrópoles
5 de 5

Segundo o SLU, medidas estão sendo tomadas para evitar o risco ambiental

Michael Melo / Metrópoles

Os problemas com o chorume não são uma novidade para o governo local. Em janeiro de 2019, um relatório do SLU apontou o vazamento do líquido em pelo menos dois pontos do aterro sanitário.

Na época, o órgão de limpeza informou que “tão logo o problema foi detectado, foram tomadas todas as providências para interromper o fluxo”, incluindo o isolamento da caixa de passagem pela qual ocorreu o vazamento e a instalação de um desvio provisório para direcionar o chorume ao local correto do descarte.

Veja as lagoas de chorume no aterro:

Ampliação de capacidade

O SLU reconhece o perigo e sustenta que o contrato com a empresa Hydros Soluções Ambientais, responsável pelo tratamento do chorume, prevê trabalhar com até de 400 m³ por dia.

Contudo, o valor foi calculado para períodos de estiagem e não projetou o volume das chuvas que ocorrem até maio. Por problemas de armazenamento, no ano passado, a empresa chegou a interromper o tratamento do chorume por falta de espaço para reservação do efluente tratado.

“Neste sentido, e considerando que temos a capacidade de tratamento do dobro solicitado anteriormente, sugiro encaminhar à Adasa a solicitação de modificação da outorga”, afirma o SLU em documento interno.

Para dobrar a capacidade, o SLU decidiu lançar novo edital a fim de regularizar a situação de forma permanente. O SLU tenta, com isso, aumentar a capacidade de vazão máxima outorgada de lançamento do efluente no Rio Melchior. Por mês, o GDF gasta R$ 138.092,00 com a empresa.

O volume a ser tratado diariamente também depende do período considerado. “No primeiro, de chuvas intensas, considerou-se que a empresa possuía capacidade máxima de tratamento de 950 m³ por dia e que, até o presente momento, tratou cerca de 18.000 m³, possuindo, ainda, previsão de tratamento de 54.000 m³ até o fim do contrato”, pontua o documento do SLU.

“Nos demais períodos, foi levado em consideração um novo contrato emergencial que prevê o tratamento de 800 m³/dia. Dessa forma, o total de dias necessários para a eliminação do passivo acumulado é de 170 dias”, acrescenta o Serviço de Limpeza Urbana.

O SLU acredita que o processo terminará até o final de junho. “Após esse período, o tratamento será apenas do efluente gerado diariamente. Com base nisso, reforça-se a necessidade urgente de aumento da vazão máxima outorgada de lançamento do efluente no Rio Melchior”, afirma.

O outro lado

O Metrópoles procurou a Adasa, o Brasília Ambiental e o Serviço de Limpeza Urbana e, em nota conjunta, os órgãos afirmaram o seguinte: “O Brasília Ambiental informa que vai incluir o Córrego Melchior no cronograma de fiscalização do instituto, a fim de verificar o ocorrido”.

Além disso, frisa o texto, “a Adasa emitiu, na sexta-feira (10/01/2020), nova outorga que flexibiliza o lançamento de efluente tratado do Aterro Sanitário de Brasília (ASB) no córrego, dentro dos parâmetros ambientais adequados e seguros, sem aumento da carga orgânica (prevista na outorga anterior). Com isso, as lagoas de chorume continuarão com seus volumes adequados e com tratamento contínuo para redução até o ponto de água de resíduo”.

Já o Serviço de Limpeza Urbana garante que não há risco de descontinuidade do serviço. “O órgão informa ainda que o contrato emergencial com a empresa Hydros Soluções Ambientais – com vencimento em 7 de fevereiro de 2020 – está em fase final de renovação, que deve ocorrer antes do fim da data de validade do contrato atual. Com isso, o serviço de tratamento de chorume continua regularmente.”

Ainda segundo a nota do GDF, “o SLU também se reuniu com o Brasília Ambiental e com a Adasa quando foi acertado ajuste na outorga para descarga de material do Aterro Sanitário de Brasília no Rio Melchior, dentro dos parâmetros ambientais adequados e seguros, sem aumento da carga poluente”.

A Adasa informa que tem realizado frequentes ações de fiscalização para acompanhamento da situação.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?