Risco de Covid-19 adia depoimento de estudante picado por Naja no DF
O jovem ficou uma semana internado na UTI após ser picado pela serpente de origem asiática, adquirida de forma clandestina
atualizado
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Como medida de precaução devido à pandemia do novo coronavírus, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) decidiu aguardar um prazo de 15 dias para agendar o depoimento do estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22 anos.
O jovem ficou uma semana internado na UTI após ser picado por uma Naja, serpente de origem asiática, adquirida de forma clandestina pelo rapaz. Dessa forma, os investigadores entendem que é melhor agir preventivamente e aguardar mais um período antes de fazer Pedro deixar o isolamento para seguir até a delegacia.
A 14ª Delegacia de Polícia (Gama) apura crimes de maus-tratos e tráfico de animais. A mãe e o padrasto do estudante prestaram depoimento na tarde dessa quinta-feira (16/7). Eles chegaram à unidade policial às 12h14 e deixaram o prédio por volta das 16h20, sem falar com a imprensa. Ambos foram ouvidos pelo delegado responsável pela investigação.
O padrasto do rapaz é um coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que foi alvo da segunda fase da Operação Snake, deflagrada nas primeiras horas de quinta-feira.
O coronel Eduardo Condi é apontado pelos investigadores como um dos responsáveis por ajudar Pedro a ocultar provas em investigação sobre tráfico de animais, após o estudante ser picado pela Naja que criava em casa, no Guará. A suspeita é de que Pedro faça parte de uma organização de tráfico de animais exóticos no Distrito Federal.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou em R$ 61 mil o estudante. A mãe e o padrasto dele também foram penalizados, em R$ 8,5 mil cada.
Kambreck é acusado de dificultar a ação dos fiscais, por maus-tratos e por manter animais nativos e exóticos sem autorização. A mãe, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, e o padrasto, o coronel da Polícia Militar do DF (PMDF) Eduardo Condi, por sua vez, foram penalizados por terem dificultado a ação de resgate.
O oficial da PMDF foi visto saindo do prédio em que a família mora, no Guará, carregando as caixas com os animais. A movimentação foi flagrada logo após Pedro ter sido atacado pela cobra. Câmeras de segurança teriam filmado a ação. Questionada sobre as imagens capturadas pelo condomínio no qual a família mora, a 14ª DP afirmou que só vai se manifestar após a conclusão das diligências.
Segundo o Ibama, também foram multados: o proprietário da chácara onde 17 serpentes foram encontradas (no valor de R$ 68 mil) e Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro, que teria ajudado a esconder as serpentes (em R$ 61 mil).
Na segunda-feira (13/7), peritos criminais da Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente da Polícia Civil do DF (PCDF) estiveram no Jardim Zoológico de Brasília para fazer uma análise nas cobras e serpentes que pertenciam a Pedro Henrique.
Segundo a PCDF, a identificação das espécies é importante para determinar a origem e um eventual tráfico de animais. Nesse sentido, as condições de saúde dos animais podem ajudar na comprovação dos crimes.
Alta
Pedro Henrique Krambeck foi picado pela Naja no último dia 7, chegou a ficar em coma, mas recebeu alta do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, na manhã de segunda-feira (13/7).
A família de Pedro importou dos Estados Unidos doses de soro antiofídico. A busca pelo antídoto — tão raro no Brasil quanto a presença desse tipo de serpente — mobilizou especialistas. As únicas doses disponíveis no país estavam no Instituto Butantan, em São Paulo, que enviou ao DF todo o estoque disponível para que fosse usado no tratamento do estudante.
Veja vídeo da Naja: