Revólver encontrado com Lázaro foi roubado por ele no Distrito Federal
O crime ocorreu em 16 de abril deste ano. As vítimas moram em uma chácara localizada no Incra 9
atualizado
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O revólver calibre .38, da marca Taurus, encontrado com Lázaro Barbosa, 32 anos, após confronto fatal com a Polícia Militar de Goiás (PMGO), foi roubado pelo maníaco no Distrito Federal. O crime ocorreu em 16 de abril deste ano. As vítimas moram em uma chácara localizada no Incra 9, mesma região em que o criminoso matou uma família após assalto.
A vítima conta que estava na rede de casa quando, por volta de 21h, foi surpreendido pela chegada de dois homens armados – um com espingarda e outro com facão.
A dupla anunciou o assalto e ordenou para que o morador deitasse no chão. Ele obedeceu e os suspeitos amarraram-lhe as mãos nas costas e perguntaram onde ele guardava as armas. Após receberem as instruções, os dois fugiram levando os armamentos, celulares e R$ 350.
Uma hora de terror
Durante o crime, a mulher da vítima foi ameaçada a todo momento. Os moradores relataram que os suspeitos ficavam apontando as armas e pressionando a espingarda contra a cabeça da dona de casa.
Já o morador levou coronhadas e os criminosos sempre repetiam que o matariam. Deram chutes causando lesões em diversas partes do corpo. Toda ação ocorreu em frente aos filhos do casal, um de 10 e outro de apenas 4 anos. O homem ressaltou que não tentou reagir e obedeceu tudo que lhe foi ordenado.
Antes de fugir, os assaltantes ainda colocaram uma TV dentro do carro da família, mas desistiram e optaram por deixar a propriedade a pé, levando apenas as armas, celulares e dinheiro. O fazendeiro chegou a ficar uma hora amarrado sofrendo ameaças.
Investigação
Ao Metrópoles, o delegado Rafael Catunda, da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), esclareceu que o caso segue em investigação e confirmou que o revólver do morador do Distrito Federal é o mesmo que foi apreendido pela polícia de Goiás.
“Temos alguns inquéritos instaurados. Depois da repercussão do caso, vítimas nos procuraram e o reconheceram como autor de outros crimes. Ainda estamos apurando para confirmar se, de fato, foi ele. Se constatada a autoria, pediremos arquivamento. Entretanto, nos casos em que ele agiu com comparsas, seguiremos com as investigações”, explicou o delegado.
As investigações e identificação do suspeito que atuou com Lázaro no assalto pode ajudar a polícia a identificar possíveis comparsas ou até mesmo alguma organização armada a qual o maníaco teria integrado.
Dois assaltos em um dia
O Metrópoles apurou, ainda, outros dois assaltos cometidos pelo psicopata no Incra 9. Ambos foram registrados no mesmo dia, em 22 de abril deste ano. O primeiro ocorreu por volta de meia-noite, Lázaro e um comparsa invadiram uma chácara, seguiram para a churrasqueira e levaram um aparelho de som.
Os cachorros começaram a latir e chamaram atenção do morador. Quando a vítima gritou para impedir o furto, os autores passaram a efetuar disparos e gritaram para que o fazendeiro abrisse a porta. O homem se escondeu e ligou para o vizinho, que chamou a polícia. Quando a guarnição chegou ao local, a dupla não estava mais lá.
Por volta de 4h da madrugada, o criminoso voltou a atacar. A vítima conta que mora próximo ao Córrego da Coruja, em Ceilândia, quando às 4h20 foi acordada com os latidos dos cachorros. Detalhou que levantou e viu um cavalo solto. Levou o animal para baia e percebeu que outro cavalo estava com a rédea. Voltou para casa para pegar uma lanterna e desceu com o caseiro para verificar o que havia acontecido.
Quando chegaram próximo ao chiqueiro, o assaltante colocou uma lanterna em seu rosto e disse para ele se deitar. A vítima, no entanto, começou a se agachar e correu em direção a sua residência, momento em que o autor efetuou disparos. O morador conseguiu pegar um carro, mas quando retornou não localizou mais suspeito.
O dono da chácara, ao lado do caseiro, decidiu percorrer a região para tentar encontrar o assaltante. A família da vítima permaneceu na casa. Após determinado momento, os familiares foram surpreendidos com uma janela quebrada.
O assaltante jogou um pedaço de tronco de árvore pela janela e entrou na casa. Ele portava um revólver .38. e. ameaçou a família pedindo celular. Ele também invadiu uma casa vizinha. Tentou levar uma televisão, mas não conseguiu e desapareceu no matagal com os aparelhos roubados. Os casos também estão em investigação na 19ª DP.
Mochila
Morto por policiais militares de Goiás na segunda-feira (28/6), com pelo menos 38 tiros, Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, carregava com ele uma mochila bem equipada. O material foi entregue às autoridades e será periciado. O conteúdo da sacola revela que Lázaro estava preparado para ficar mais dias escondido, além dos 20 em que esteve foragido
Na mochila foi encontrada uma faca de cabo verde, um coldre de arma de fogo, carregador de pistola sobressalente, diversas munições, liga de borracha e fita plástica; jaqueta camuflada, balaclava, luva de pano, isqueiro, frasco branco com óleo, frasco branco com comprimidos, amoxicilina (antibiótico) e naproxen (analgésico), macarrão instantâneo, tempero pronto, uma cebola, bolachas e R$ 4,4 mil em espécie.
Ao lado do corpo de Lázaro Barbosa, os PMs encontraram também duas armas de fogo, uma do tipo pistola, “que parou aberta com todas as munições deflagradas”, e o revólver calibre .38 ,com 6 munições deflagradas. As informações foram prestadas em Registro de Atendimento Integrado, feito à Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
O criminoso foi morto durante confronto com forças policiais na manhã de segunda-feira (28/6), numa mata nas imediações da casa da ex-sogra, em Águas Lindas (GO). Após o confronto no matagal, Lázaro ainda chegou a ser socorrido e levado a uma viatura do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu.
Confira imagens da movimentação em Águas Lindas de Goiás após a captura de Lázaro:
Rede que o acobertava
“As investigações não acabam aqui. Ainda temos pessoas para investigar e prender. Agora, sai a força intensiva e fica o trabalho investigativo. Vamos até descobrir todos os envolvidos”, disse Rodney Miranda.
Ele afirmou que o criminoso tinha uma rede que o acobertava: “Temos informações que ele atuava como jagunço e segurança de algumas pessoas. A questão dele querer fugir, patrocinado, logicamente, mostra que ele tinha uma rede que o acobertava. Com gente não interessada na prisão dele”.
Chacina
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada de 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia.
O corpo de Cleonice foi encontrado dias depois, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
Desde que matou a família Vidal, Lázaro vem entrando e saindo de propriedades, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele invadiu outros dois locais, baleando três pessoas em um deles, além de um policial. Em Goiás, ele ficou escondido na região entre Girassol, Edilândia e Cocalzinho, Entorno do DF.
Família Vidal: