Repositor de mercado denuncia colega por injúria racial: “Preto sujo”
Vítima registrou ocorrência contra uma funcionária da limpeza. A mulher o teria chamado ainda de “preto velho” e “saci-pererê”
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga crime de injúria racial sofrido pelo repositor de uma loja da rede de supermercados Vivendas, Douglas Ferreira Lustosa, 18 anos. O caso aconteceu na última quinta-feira (12/8).
Segundo informações que constam na ocorrência registrada na 20ª Delegacia de Polícia (Gama), a situação ocorreu no estabelecimento localizado na CL 416, em Santa Maria.
Em depoimento à PCDF, a vítima contou que estava trabalhando no supermercado quando um amigo, que também presta serviço no local, o procurou para alertar que uma funcionária da limpeza havia perguntado por Douglas se referindo a ele como “preto sujo”.
Outro funcionário do mercado contou que a mulher se aproximou dele e perguntou: “Cadê aquele preto? Ele agora trabalha à noite. Será que aquele preto velho gostou do banho no pé dele, aquele saci-pererê?”, descreve trecho da ocorrência.
Após sofrer o ataque racista, o jovem chamou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que conduziu os envolvidos até a delegacia.
Douglas também afirmou à polícia que havia se desentendido com a agressora dias antes do ocorrido. Na oportunidade, a colega de trabalho jogou água no pé dele.
De acordo com a PCDF, o inquérito do caso foi aberto. A mulher acabou indiciada, pagou fiança e está em liberdade.
O que diz a rede de supermercados
Em nota, o Grupo Vivenda tratou o caso como um “episódio isolado”. “Dois colaboradores se desentenderam perante clientes e funcionários, tanto um, quanto outro, agredindo de forma recíproca, utilizando-se de palavras indecorosas, desmerecedora e até racistas. A gravidade do episódio causou enorme sofrimento e indignação em todas as pessoas presentes (clientes e colaboradores)”, informou.
Além disso, a empresa destacou que “atos racistas como o ocorrido na última sexta feira, por briga entre funcionários, são frequentes na vida das pessoas negras e devem ser combatidos firmemente, evitando qualquer forma de cumplicidade.”
Segundo o Grupo Vivendas, ambos os funcionários estavam em contrato de experiência e não terão os contratos renovados, mas também “em virtude de redução de quadro por motivos da pandemia da Covid-19.”
“Estes fatos ocorridos recentemente contra mulheres, indígenas, negras, negros, lésbicas, gays, transgêneros são profundamente lamentáveis, e chamam a atenção para a necessidade urgente de uma ação de ordem federal mais profunda em relação ao racismo e toda e qualquer forma de discriminação”, reforçou.