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Fé em chamas. Imagem de Oxalá na Prainha é incendiada

Grupos de religiões de matrizes africanas do Distrito Federal denunciam que se trata de um ato de intolerância religiosa contra o símbolo sagrado

atualizado

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oxalá, prainha
1 de 1 oxalá, prainha - Foto: Divulgação

A imagem de Oxalá na Praça dos Orixás, na Prainha, foi queimada na noite de domingo (10/4). Os bombeiros foram chamados por volta das 23h20. Mas, quando chegaram, as chamas já haviam consumido a estátua. O local é referência brasiliense do candomblé e umbanda e não é a primeira vez que foi alvo de ataques. Representantes de religiões de matrizes africanas do Distrito Federal denunciam que se trata de um ato de intolerância religiosa contra símbolos sagrados.

“Que é isso? Não está dando mais para aguentar essa situação de intolerência em Brasília”, desabafou Mãe Baiana, do terreiro Axé Oyá Bagan. De acordo com ela, o fogo consumiu a imagem rapidamente. “Isso não é um acidente. Não foi uma vela. Foi provocado!”, disse.

Dirigentes da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno registraram ocorrência na manhã desta segunda (11) na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). “Mais do que nunca é necessário estamos juntos contra mais esse ato de intolerância e covardia, lembrando que o ato de atear um fogo em uma representação religiosa ou social o faz com o intuito de destruição total, como se quisesse destruir tudo aquilo que a representação simboliza”, disse Luiz Alves, que representa a entidade.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

 

De acordo com a Polícia Civil, um morador de rua que testemunhou o incêndio disse que uma mulher desceu de um carro e posteriormente ateou fogo à estátua. A corporação informou que o caso será transferido para a recém-criada Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

Segundo Murilo Mangabeira Chaves, diretor de Políticas Étnico-Racial da Secretaria de Igualdade Racial, “o ato é sim de intolerância, já que o agressor teria agido achando que atacaria o deus do candomblé.”

Rafael Moreira, presidente da federação, esteve pela manhã na Prainha e ficou assustado com o que viu. De acordo com ele, houve perda total da imagem. “Não há como revitalizá-la”, lamentou. De acordo com ele, seis das 16 esculturas da Praça dos Orixás estão danificadas: “Desde 2005 sofremos ataques. E nunca ninguém foi punido”.

Moreira explica: “O orixá Logunedé, da riqueza e da fartura, perdeu a lança de caça. Alguns adornos de Ogum, oxalá da guerra, e Omolú, das doenças, também foram roubados. As estátuas de Nanã e Ossanha, que representam a saúde e as florestas para o candomblé, perderam dedos. O tridente de Exu foi danificado e a imagem de Oxalá, que já tinha perdido o cajado, agora é vista pelo povo de terreiro como perda total”.

Para Adna Santos, chefe de Divisão de Patrimônio Cultural Afro-Brasileiro,  o ato se trata de intolerência religiosa. “Qual será a próxima? É uma falta de respeito. Se fosse um monumento na Praça dos Três Poderes, que não é sagrado, mas apenas um monumento, a cidade estaria virada de cabeça para baixo. Seria uma grande mobilização. E por que com a Prainha não ocorre o mesmo”, questiona.

Histórico
Em dezembro do ano passado a mesma imagem de Oxalá sofreu um ataque e foi depredada, tendo o cajado roubado. No dia 29 de janeiro, o Centro Espírita Auta de Souza, em Sobradinho II, foi tomado por chamas que afetaram a estrutura interna do local. Inicialmente, testemunhas alegaram ter sido um acidente, mas investigação da Polícia Civil descobriu se tratar de um incêndio criminoso motivado por divergência religiosa.

As investigações foram conduzidas pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

A Decrin ocupa nove salas no Departamento de Polícia Especializada (DPE), no Complexo da Polícia Civil, ao lado do Parque da Cidade. No local, além da delegada titular Gláucia Cristina da Silva, atendem o público outra delegada, três escrivães e 13 agentes. “Escolhemos a dedo quem tinha interesse na causa”, afirma a titular da unidade especial.

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