Relator de CPI sobre PMs presos ausentes em relatório: “Foram vítimas”
Segundo Hermeto, PM da reserva e relator da CPI, poupou nomes de PMs já presos pelo 8/1, alegando que foram “vítimas de falta de informação”
atualizado
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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), chamou policiais militares já presos por investigações do 8 de Janeiro de “vítimas”. Hermeto (MDB), que também é PM da reserva, culpou dois integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por falhas nos atos antidemocráticos, mas poupou a alta cúpula da corporação, denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O relatório de Hermeto pede o indiciamento do coronel Marcelo Casimiro, que chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR), e da coronel Cíntia Queiroz de Castro, que é da PM, mas atua como subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF. Os outros policiais militares já presos, segundo o relator, são “vítimas da falta de informações” desses dois.
“Eles foram a peça do domínio que derrubaram todos. A reunião do dia 7, que antecedeu a quebradeira, entre Cintia e Casimiro com a PF, foi fundamental. Eles tiveram informações privilegiadas, mas reteram essas informações. Os outros policiais foram vítimas da falta de passar o conhecimento”, declarou Hermeto.
Pelo entendimento do relator, o alto escalão da PMDF não agiu porque falta de conhecimento da “situação real”. “É uma expressão: a coronel Cíntia ‘mata no peito’ e não informa aos superiores”, alegou. “Com as informações que eu tenho aqui, não tenho provas para indiciar os outros”, defendeu.
O documento tem 444 páginas e mais de 100 pedidos de indiciamento. São centenas de pessoas que, segundo a investigação, cometeram crimes relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Entre elas, há general, coronéis e muitos “patriotas”.
Como o Metrópoles adiantou nessa terça-feira (28/11), o texto pede o indiciamento de Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula (PT), e da coronel Cíntia Queiroz de Castro.
Além da discordância entre deputados da CPI em indiciar G. Dias, vem sendo debatida a inclusão do nome de Cíntia, já que o então chefe da coronel no 8 de Janeiro, Anderson Torres, deve ser poupado.
Com esse cenário, nomes fortes no âmbito federal acabam blindados pelo relatório. É o caso dos generais Augusto Heleno, ex-GSI de Bolsonaro (PL), e Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP). Também não deve constar no documento final o nome de Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Apresentado pela manhã, às 9h, o relatório de Hermeto será votado no período da tarde do mesmo dia, após o almoço. São previstas três horas para leitura do texto e mais 15 minutos de discussão entre os deputados titulares e 10 minutos para os suplentes.