Recorde histórico de estiagem e dia mais quente: 2024 castiga o DF
Nesta sexta-feira (4/10), o DF chega a 164 dias sem chuvas, o recorde histórico de estiagem enfrentado pela capital federal
atualizado
Compartilhar notícia
Nesta sexta-feira (4/10), o Distrito Federal registra um recorde histórico: são 164 dias sem chuvas, a maior estiagem da história da capital federal. Com a seca, o DF sofreu com 163 focos de queimadas apenas em setembro e a área queimada ultrapassou os 10 mil hectares. O dia mais quente do ano foi na quinta-feira (3/10), com 36,8°C no período da tarde.
A última vez que choveu na capital do país foi em 23 de abril. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), essa condição deve permanecer pelo menos até 8 de outubro, quando há possibilidade de pancadas de chuvas. Apesar de alguns moradores terem registrado chuviscos em 29 de setembro, para o Inmet, do ponto de vista estatístico, o DF segue na seca.
Segundo o instituto, as chuvas registradas entre a tarde e a noite de sábado foram pontuais, nas áreas mais a oeste, fora dos pontos de monitoramento.
Além da falta de chuva, a seca de 2024 foi responsável pelo recorde de baixa umidade do ar na capital federal. Em 3 de setembro, a estação meteorológica de Ponte Alta, no Gama, chegou a registrar umidade mínima do ar de 7%.
A previsão para esta sexta-feira é de que a umidade fique entre 15% e 55%. Já a temperatura pode chegar a 34°C.
Queimadas e qualidade do ar
Durante a seca, principalmente entre agosto e setembro, o DF foi alvo de uma série de queimadas. Apenas em setembro, mais de 6.302 hectares de vegetação sofreram com o fogo.
O momento mais crítico foi em 15/9, quando um incêndio de grandes proporções atingiu o Parque Nacional de Brasília. Ao todo, 1.722,79 hectares de vegetação foram queimadas em todo o DF naquele dia. O GDF chegou a suspender as férias de todos os bombeiros e houve convocação geral para o combate ao incêndio no Parque Nacional, também conhecido como Água Mineral. O local precisou ser fechado para visitação.
Em 16 de setembro, os brasilienses começaram a sofrer com uma densa coluna de fumaça proveniente das chamas que atingiam a Água Mineral. A situação elevou o nível de poluentes presentes no ar mais de sete vezes acima do nível de referência anual definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo os sites de monitoramento da qualidade do ar AQICN.org e IQAir.
A situação fez escolas públicas e particulares a suspenderem aulas.
Nos primeiros dias de outubro, um incêndio atingiu uma área de vegetação próxima ao Aeroporto JK.
Em 18 dias, DF teve mais áreas queimadas do que em 8 meses de 2024
Crime
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que, qualquer caso de incêndio em vegetação será tratado, no mínimo, como crime com dolo eventual – quando se assume a responsabilidade sobre uma ação que possa, ocasionalmente, resultar em um delito, como ingerir bebida alcoólica e assumir a direção de veículo automotor, por exemplo.
Responsável pela Coordenação Especial de Proteção ao Meio Ambiente, à Ordem Urbanística e ao Animal (Cepema), o delegado João Maciel Claro afirma que, diante do cenário das diversas queimadas registradas no Distrito Federal, a corporação decidiu adotar um posicionamento mais enérgico nos casos de indiciamento.
Além disso, o investigador ressaltou que, nos casos de crimes com dolo, as penas são mais severas. Em situações de incêndio, o suspeito pode ser indiciado com base no artigo 250 do Código Penal, devido à exposição a perigo “a vida, a integridade física ou o patrimônio” alheio.
Para esse delito, a pena varia de três a seis anos de detenção, com possibilidade de ser majorada em um terço se ocorrer em “lavoura, pastagem, mata ou floresta”.
Previsão de chuvas
Segundo o Inmet, a previsão é de que a temporada de chuvas comece na próxima terça-feira (8/10). O instituto avalia que há sinais de fortes precipitações para os dias 9 e 10 de outubro.
Normalmente, a estação chuvosa, no DF, estende-se até março do ano seguinte. Já em abril, a seca volta.