Recém-nascida aguarda há um mês por cirurgia no coração no DF
Marília Vitória nasceu com transposição de grandes artérias e precisa urgentemente de passar por um procedimento
atualizado
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Recém-nascida, Marília Vitória Ferreira trava uma batalha pela sobrevivência desde o primeiro dia de vida, em 21 de fevereiro deste ano. Diagnosticada com uma anomalia na estrutura do coração logo após o parto, a criança precisa urgentemente passar por uma cirurgia para corrigir a falha cardíaca. No entanto, a estrutura na rede pública de Saúde tem ignorado a necessidade do procedimento e ela corre grave risco de morte.
Os problemas de Marília Vitória vêm desde a gestação. A mãe, Sana Sousa Ferreira, de 34 anos, precisou sair de São João do Arraial, uma cidade do norte do Piauí, a 203 km de Teresina, para buscar um melhor acompanhamento pré-natal. A mudança foi incentivada pela irmã, Erani Sousa Ferreira, moradora de Planaltina de Goiás, ao saber que no Nordeste o suporte era deficiente.
“De acordo com os médicos de Planaltina, anotaram tudo errado lá no Piauí. A caderneta de gestante da minha irmã veio toda rabiscada e ela só foi descobrir que tinha diabetes gestacional quando fez a consulta aqui, já no penúltimo mês de gravidez”, afirma Erani.
Os altos índices de açúcar no sangue acabaram se mostrando adversidade pequena em relação ao que foi descoberto logo após o parto de Marília: a transposição das grandes artérias do coração, ou seja, os vasos condutores de sangue estão com os lados trocados.
Apesar de os médicos do Hospital Regional de Planaltina (HRP) terem feito o diagnóstico, a necessidade de cirurgia e de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal não pôde ser suprida, uma vez que o HRP não possui esse tipo de estrutura.
Com isso, desde o nascimento, Marília Vitória espera um local para que a cirurgia seja realizada. “A menina ficou em uma incubadora durante todo este tempo até ontem. Toda a alimentação é feita por uma sonda, está entubada para respirar e não pode esperar mais”, diz a tia da garota.
Defensoria Pública
A aflição fez com que, na quarta-feira (13/3), Erani fosse atrás da Defensoria Pública no intuito de conseguir decisão favorárel à transferência de hospital e realização do procedimento. “Desde a primeira vez que fui lá na Defensoria, foram quatro descumprimentos de ordem judicial. Só foram arrumar vaga para ela no Hospital Universitário de Brasília (HUB) nessa terça (19/3) à noite”, conta.
A mudança de hospital, no entanto, não é suficiente. O HUB possui uma UTI capaz de atender à recém-nascida, mas não tem estrutura para que a cirurgia no coração seja feita. “Mudaram mãe e filha de lugar mesmo sabendo que o procedimento cirúrgico não poderia ser feito, não resolveram o problema. A menina continua entre a vida e a morte”, aponta a tia da bebê.
O Metrópoles teve acesso ao relatório médico mais recente da criança, onde está descrito um “estado grave” e é dito que a bebê “apresenta deteriorização do quadro em relação ao dia de cadastro na Central de Regulação de Vagas, caracterizando quadro grave e com risco de evolução para óbito”.
A Secretaria de Saúde, por meio de nota, afirmou que a menina já foi internada na UTI do Hospital Universitário de Brasília e que lá ela “está sendo assistida pela equipe multidisciplinar até que seja possível a transferência para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) – unidade onde fará cirurgia cardíaca.”
Até o momento, informa a pasta, não há vaga no ICDF, mas a Secretaria “segue acompanhando o caso e, assim que for possível, encaminhará a paciente para realizar a cirurgia.”
Confira o conteúdo do relatório: