Reaberta, Feira dos Importados tem fila e aglomeração na entrada
Lá dentro, com muitos boxes fechados, não havia tanta gente. Responsáveis pretendem abrir outro portão para evitar o problema
atualizado
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Centenas de pessoas fizeram fila na entrada da Feira dos Importados, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), para o primeiro dia de reabertura do centro comercial após três meses. Com apenas um portão funcionando e duas pessoas aferindo a temperatura, o que se viu foi uma aglomeração do lado de fora, um perigo em tempos de pandemia do novo coronavírus.
Apesar das marcações no chão, com dois metros de distância uma da outra, não eram todas as pessoas que respeitavam. A fila chegou a dobrar o quarteirão.
O designer Renan Bonacorso, 24 anos, decidiu encarar a espera. Precisando trocar os óculos da esposa, a loja da qual ele é cliente fica no meio da feira. “Sou cliente há dois anos já. Estava só esperando abrir”, diz.
Ele, no entanto, não esperava uma fila tão grande. A necessidade acabou falando mais alto e decidiu aguardar. “Até que está andando mais rápido do que eu imaginava, pelo menos”, comenta.
Outro que preferiu ir até a Feira dos Importados ainda no primeiro dia de reabertura foi o estudante de recursos humanos Vinícius Moraes, 22. Após pesquisar preço de celulares, viu que em uma loja do local conseguiria o valor mais baixo. “Fui em outras, na autorizada, mas é aqui mesmo que vou comprar”, diz.
Ele afirmava não estar preocupado com tanta gente do lado de fora, mas temia o que encontraria quando entrasse. “Naqueles corredores pequenininhos, cheios de gente. Aí é que eu quero ver.”
Dentro da feira, no entanto, o movimento não causou tanta aglomeração. Com muitos boxes ainda fechados, o fluxo se limitava ao corredor principal.
Para o vice-presidente da Cooperativa de Produção e Compra em Comum dos Empreendedores da Feira dos Importados do DF (Cooperfim), Edilson Neves, este primeiro dia servirá para entender o que pode ser melhorado. “Dentro da feira, não temos aglomeração nos corredores, mas há esse inconveniente da fila do lado de fora”, afirma.
Para ele, pode ser que seja aberta uma outra entrada para os próximos dias com o intuito de evitar tanta gente demorando a entrar na feira. “Ao fim do dia, nós faremos essa análise, mas já entendemos que isso será uma necessidade” conta.
Em Ceilândia
Na cidade com maior número de casos e mortes por Covid-19 no DF, a movimentação não foi grande. Na Feira do Setor O, em Ceilândia, o movimento estava pequeno. Com muitos boxes ainda fechados, o dia é de readaptação e preparação para o fim de semana.
“O tempo fechado foi muito triste, de muita preocupação, mas, graças a Deus, agora voltou. Sem muita gente, mas sábado e domingo é que veremos mais gente”, diz a administradora Consuelo Ribeiro.
A reabertura trouxe alívio para Irani Maria de Almeida, 61 anos. Dona de uma banca de comida, ela diz que sobreviveu apenas com o auxílio emergencial e a aposentadoria do marido desde março. “Levei todo arroz, feijão, carne e refrigerante para casa. Comi eu mesma para não perder a validade de tudo”, explica.
Sem a possibilidade de consumo no local, Irani é taxativa ao dizer que só está vendendo marmitas. “Chegou, escolheu e foi embora. Nada de ficar aqui”, conta.
O aposentado Manoel Joaquim dos Santos, 71, foi um dos que aproveitou a reabertura da feira perto de casa. “Sempre fiz compras aqui e fez falta o tempo fechado. Hoje, eu vim pegar carne”, fala. Ele se diz satisfeito com os cuidados tomados pela administração da feira. “Tem que fazer isso mesmo. Só comprei e já vou embora também.”
No P Sul
Na Feira Modelo do P Sul, o movimento foi ainda menor. Com quase dois terços dos boxes fechados, o dia está sendo utilizado como um teste. “A gente imaginava que não seria tão movimentado. Espero que, no fim de semana, melhore”, conta a administradora da feira, Anailde Brandão.
Sem condições de contratar pessoas para ficar exclusivamente na porta aferindo a temperatura, Anailde conta com os próprios feirantes para fazer o trabalho.
Um dos poucos a reabrir foi Paulo Henrique Pereira, 58. Há três dias sem dormir direito de preocupação, ele comemora a volta às atividades. “Está todo mundo com medo, mas estamos aqui por necessidade”, diz.
Para Cristiana Gomes, 42, moradora da QNP 26, ter a feira novamente disponível vai facilitar a vida. “Para comprar roupa, quando precisa, é aqui que a gente vem. Hoje mesmo vou trazer meu celular para consertar”, afirma.