Rastro de dor: DF tem ao menos 199 órfãos de Covid-19 com até 6 anos
Levantamento de cartórios foi feito a partir do cruzamento entre registros de nascimentos e de óbitos com base em CPFs emitidos desde 2015
atualizado
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Ao menos 199 crianças de até seis anos ficaram órfãs de pai ou mãe por Covid-19 no Distrito Federal. Realizado entre março de 2020 e setembro deste ano, o levantamento feito pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) cruzou dados dos CPFs dos pais nos registros de nascimentos dos filhos com os referentes a óbitos nos 14 cartórios de Registro Civil do DF desde 2015, ano em que as unidades passaram a emitir o documento diretamente nas certidões de nascimento das crianças recém-nascidas em todo o território.
Segundo a Arpen-Brasil, 25% das crianças que perderam pai ou mãe não tinham completado um ano de idade, enquanto 18,2% tinham feito um ano. Os órfãos com dois anos também representam 18,2% dos casos, e aqueles de três anos correspondem a 14,5%.
Completando lista, as crianças de quatro, cinco e seis anos representam, respectivamente, 11,4%, 7,8% e 2,5% dos casos apurados. Ainda de acordo com o estudo, três pais faleceram antes que seus filhos nascessem.
“A base de dados dos cartórios tem auxiliado constantemente os poderes públicos, os laboratórios e os institutos de pesquisas a dimensionar o tamanho da Covid-19 em nosso país e o fato de termos esta parceria com a Receita Federal para a emissão do CPF na certidão de nascimento dos recém-nascidos nos permitiu chegar a este número parcial, mas já impactante”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.
No âmbito nacional, foram registrados 12.211 casos de crianças que perderam um dos pais. O levantamento apurou ainda que os estados que mais registraram órfãos com até seis anos foram: São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná.
Desde o início da pandemia de coronavírus, o DF já notificou 511.145 contaminações e 10.720 óbitos em decorrência da doença. Nas últimas 24 horas, foram registradas 12 mortes e 448 novas infecções. Devido ao atraso nas notificações, os óbitos não ocorreram, necessariamente, nesse período.