Ramez Farah ignora pandemia e promove baladas em mansão do Lago Norte
Festas recorrentes com som alto, que duram a noite toda, indignam vizinhos, que reclamam da falta de conscientização durante a pandemia
atualizado
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Apesar das recomendações de isolamento social em função da pandemia do novo coronavírus, uma casa no Setor de Mansões do Lago Norte virou endereço recorrente de festas que duram a noite toda embaladas por som alto, bebida e aglomeração. A rotina dos eventos tem tirado o sossego de moradores da região.
Neste final de semana, foram duas baladas. A primeira, varou a madrugada de sexta para sábado e, menos de 24 horas depois, outra festa já fervia no mesmo endereço.
O imóvel, no Conjunto 2 da SMLN 13, pertence à família do empresário Lutfallah Farah e as festas, em geral pagas, são organizadas ultimamente pelo filho mais novo do incorporador: Ramez Garcia Farah Neto, de 25 anos.
Os convites são feitos por meio de grupos no WhatsApp. O mais recente dizia: “Galerinha do meu coração. Hoje, 22/8, open (vodka, gin, suco, energético, água de coco e refri), sonzeira e funk pra animar [SIC]”.
A mensagem informava o endereço e o preço para ingresso no evento: R$ 200. O convite ainda destacava que “quem estava na lista de ontem (sexta) também estava na de hoje (sábado)”, evidenciando que as duas festas ocorreram no mesmo lugar, um dia depois do outro.
Incomodados com o barulho e a movimentação das repetidas confraternizações, moradores chegaram a chamar a polícia. “As festas ocorrem sempre e vão até de manhã. Parece que não existe Covid-19 para eles”, reclamou uma das pessoas que vive na região e conversou com a reportagem.
A equipe do Metrópoles esteve na porta da casa onde ocorreu a festa na madrugada de sábado para domingo. A movimentação começou a ficar mais intensa por volta de 1h30, quando vários carros, alguns luxuosos, chegaram quase ao mesmo tempo no lugar. Na entrada da mansão, um segurança conferia os nomes dos convidados. Nenhum dos jovens usava máscara.
Para não chamar tanta atenção, a pista de dança fica na área interna da mansão, o que não segura o som que toca alto a noite toda e pode ser ouvido mesmo a distância.
Veja vídeos e imagens da festa desse sábado:
A família dos Lutfallah não mora no endereço do Lago Norte, mas usa o local para promover os eventos. Muito antes do contexto da Covid-19, o lugar já era utilizado para organização de festas promovidas por Felipe Farah, 30 anos, irmão de Ramez. Com a pandemia, Felipe deu um tempo na promoção das baladas, mas o caçula assumiu o posto.
“As festas nos causam grande incômodo, não só pelo som alto e o barulho até de manhã, mas também porque estamos vivendo uma pandemia, com milhares de famílias que perderam entes queridos. Acho uma falta de respeito e de humanidade”, disse outro morador da região, também indignado com a postura do jovem.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) já foi acionada para conter as reuniões que duram a noite toda. “Já ouvi que, por se tratar de festa em casa particular, eles não poderiam fazer nada. Em outras ocasiões, disseram que estavam enviando uma viatura, mas a festa continuou até de manhã”, disse um senhor que mora nas redondezas e voltou para casa depois de um longo período internado para tratamento da Covid-19.
O outro lado
Procurado pela reportagem, Ramez disse que as festas reúnem só amigos mais próximos e que todos são orientados para tomar os devidos cuidados. “Fico um pouco mais tranquilo porque já tive Covid-19 e alguns dos meus amigos também. Além disso, a festa é fechada e só entra gente conhecida. Também orientamos os funcionários que trabalham no evento a usarem máscaras e oferecerem álcool em gel”, explicou-se.