“Rainha dos golpes” deu cano de R$ 9 mil em cirurgião plástico
Depois da prisão de Larissa Borges da Silva, mais vítimas procuraram a Polícia Civil para denunciar a mulher
atualizado
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O número de vítimas da mulher apontada pela Polícia Civil como uma das maiores golpistas do Distrito Federal se multiplicou nas últimas 24 horas. O volume de ocorrências que passou a ser registrado em várias delegacias do Distrito Federal motivou a 1ª DP (Asa Sul) a abrir um novo inquérito para apurar as denúncias contra Larissa Borges da Silva, 29 anos. Entre os novos registros, está o do médico que colocou silicone na “Rainha dos Golpes” e levou cano de R$ 9,1 mil.
A prisão da acusada foi revelada em primeira mão pelo Metrópoles nesta quarta (19). Jovem, sedutora, bonita, bem-vestida e perigosa, a mulher é alvo de pelo menos 31 ocorrências no Distrito Federal. O cirurgião contou na 1ª DP que Larissa o procurou em abril deste ano e, após consulta e exames pré-operatórios, o procedimento foi marcado para o dia 14 daquele mês, uma sexta-feira.
Na véspera, Larissa foi até a clínica e disse que tinha feito a transferência de R$ 9.150. Como o depósito não foi confirmado, a mulher usou a mesma tática aplicada em outros golpes: de que havia um problema no sistema bancário e, por isso, o dinheiro não tinha sido creditado. Envolvente e boa de lábia, a estelionatária convenceu o médico a operá-la assim mesmo e garantiu que o pagamento ocorreria logo depois.
O cirurgião não só implantou o silicone como deu toda a assistência no pós-operatório. Larissa prometeu pagar o valor em parcelas de R$ 500. Mais de 20 boletos foram impressos, mas o médico não recebeu nem um tostão.
Nesta quinta (20), um motorista de Uber também registrou queixa de estelionato contra Larissa. Segundo ele, a mulher prometia pagar as corridas, mas nunca honrou as dívidas. “Há muitas ocorrências que estão sendo registradas em várias cidades do DF. Todas serão anexadas ao novo inquérito”, disse o delegado-adjunto da 1ª DP, João de Ataliba Nogueira Neto.
Larissa foi encarcerada na última terça-feira (18) em cumprimento a um mandado de prisão preventiva. Apresentada à imprensa na tarde desta quarta (19), chorou e não quis dar nenhuma declaração. Somente na 1ª DP, há 17 registros de estelionato e um de furto, em uma loja de alimentos naturais da Asa Sul na noite de terça (18), contra a jovem.
Além de estelionato, Larissa é acusada de crimes como injúria, difamação, furtos diversos, ameaça, lesão corporal e dano ao patrimônio. Segundo o delegado Ataliba, a jovem comprou até cachorro e carro por meio de golpes.A moça veio de Goiânia e se apresentava com outros três nomes: Luana, Laiane e Laiana. O que acabou facilitando a investigação. A polícia calcula que os golpes aplicados no Distrito Federal tenham rendido pelo menos R$ 50 mil para a estelionatária.
Segundo a polícia, a beleza e a simpatia eram as “armas” usadas por Larissa. Entre as vítimas da mulher estão médicos, lojistas, taxistas, motoristas do Uber e entregadores. Até carro Larissa teria comprado por meio da atividade criminosa.
Ela tentava ainda aplicar o “golpe da barriga”. Um homem, que pediu para não ser identificado, diz que a moça inventou uma gravidez e começou a ameaçá-lo de morte. “Conheci a Larissa através de uma ex-namorada. Fiquei com ela umas cinco vezes apenas e brigamos. Nessa briga, ela quebrou meu pé com uma garrafa e meu carro”, contou.
Depois da confusão, Larissa começou a dizer para o rapaz que tinha problemas psiquiátricos, mas mesmo assim insistia em continuar o relacionamento. “Ela fez uma cirurgia plástica, para pôr silicone nos seios, e uma semana depois disse que estava grávida”, relatou. Essa versão foi confirmada pelo médico na 1ª DP. Ele disse que Larissa havia dito a ele, depois da cirurgia, que estava gestante.
“Ela colocou várias pessoas pra falar comigo e confirmar a versão dela, da gravidez. E como se não bastasse, foi ao meu condomínio [na Asa Sul], ameaçou todos que estavam no local e quebrou o portão da entrada principal”, disse o ex-namorado. A ação ocorreu na madrugada de 25 de junho e foi registrada por câmeras de segurança.
Ele registrou quatro ocorrências contra Larissa e hoje passa por tratamento para se recuperar. “Faço terapia duas vezes por semana. Com o passar do tempo comecei a surtar e ficar louco, falei pra ela que iria fazer a mesma coisa que ela fazia comigo e ela recuou”, ressaltou.
De acordo com a polícia, Larissa se apresentava como uma arquiteta de Goiás e só gostava de roupas e acessórios caros. Em Goiânia, há 14 ocorrências contra a jovem. Larissa está no Presídio Feminino do Gama e, se condenada, pode pegar mais de 50 anos de prisão.