Racismo: Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF divulga apoio a delegado
Texto foi assinado pela presidente do colegiado, Josefina Serra dos Santos, e pelo presidente da entidade, Délio Lins e Silva Júnior
atualizado
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A Comissão de Igualdade Racial e a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) publicaram nota de apoio ao delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Ricardo Viana, que afirma ter sido chamado de “macaco” por um morador do Lago Sul na noite de sexta-feira (7/8) em uma unidade do Mc Donald’s da QI 23 do Lago Sul.
A OAB-DF disse que está de portas abertas para prestar todo o auxílio necessário ao delegado Ricardo Viana e afirmou que repudia qualquer ato discriminatório, de qualquer natureza.
“Poderia ter sido um dia atípico, diante dos estarrecedores casos de racismo que vimos ganhar espaço na mídia, mas não foi. Infelizmente, foi um dia como qualquer outro em que ficou expresso que o absurdo perdeu a vergonha. A exclusão racial, que é um fato desde o início do Terra Brasilis, agora está espetacularizada. Não adianta dizer que os casos aumentaram, pois, na verdade, só estão mais expostos”, diz trecho do texto.
Ainda segundo a nota, “é imperioso sairmos das redes, das hashtags, e partirmos para ação, para a contenção deste crime que mata e exclui. O silêncio e a conivência encorajam esse tipo de delito”.
Drogas e lesão corporal
O acusado, Pedro Henrique Martins Mendes, 35 anos, foi autuado por injúria, injúria racial, vias de fato, ameaça e porte de drogas.
Segundo informações obtidas pelo Metrópoles com fontes policiais, o acusado já tem outras passagens na PCDF por uso e porte de entorpecentes, lesão corporal e também por proferir ataques racistas em outras ocasiões. O histórico das demais ocorrências não foi divulgado.
Em vídeo, o policial diz que está muito consternado e não poderia se calar nesse momento. “Eu declaro a vocês que nós vivemos um racimo estrutural. O racismo está entranhado em todas as classes sociais e, eu, convivo com isso desde que eu sou menino. Todas as vezes que a gente vai galgando algum espaço na nossa sociedade, essa ferida é tocada.”
Assista:
Os ataques foram presenciados por populares. Após receber voz de prisão do delegado, o criminoso tentou fugir, mas foi preso em sequência pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
“Falou que iria me pegar, me chamou de macaco e viado. Arremessou um pé de sua chinela em minha direção”, narrou Viana.
Em revista ao carro do homem, foram encontradas porções de maconha. O criminoso foi detido em flagrante e a ocorrência, registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
“Até o momento, não entendi porque tanto ódio em uma só pessoa, o pior é saber que este tem histórico de violência e já praticou fatos semelhantes com outros negros”, finalizou o policial.
“Não há saída rápida e nem fácil. É preciso olhar para o futuro e educar a sociedade, mas, sobretudo, conter, desde já, a prática racista, especialmente, com as consequências jurídicas cabíveis, após devido processo legal.”
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa de Pedro Henrique. O espaço permanece aberto.