Racionamento de água no DF acaba no dia 15 de junho, diz Rollemberg
Informação foi dada pelo governador, nesta quinta-feira (3/5), para alívio dos brasilienses. Rodízio começou em janeiro de 2017
atualizado
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Um dia depois de questionar o aumento de 2,99% na conta de água do DF, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou, nesta quinta-feira (3/5), o fim do racionamento no dia 15 de junho. O rodízio começou há 15 meses, em janeiro de 2017, deixando os brasilienses com as torneiras secas uma vez a cada seis dias.
O chefe do Executivo local, pré-candidato à reeleição, atribuiu o resultado ao “esforço da população nesse um ano e três meses [de racionamento], dos agricultores, que mudaram a forma de irrigação, e das obras de captação de água inauguradas pelo governo de Brasília.”
Quando o racionamento teve início, na pior crise hídrica registrada no DF, os índices da Barragem do Descoberto chegavam a 19,1% da capacidade. O de Santa Maria estava com 41%. Nessa quarta (2), os sistemas tinham níveis de 90,9% e 56,4%, respectivamente.O Descoberto apresentou a maior recuperação. Em 7 de novembro de 2017, chegou a ter apenas 5,3% do volume – foi a pior baixa da história.
O anúncio foi feito no Palácio do Buriti, ao lado do secretário de Agricultura, Argileu Martins, e do presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), Maurício Luduvice. O presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles, não estava na entrevista coletiva.
O retorno à normalidade veio graças ao aumento no volume de chuvas e a investimentos feitos às pressas, ainda em 2017, para aumentar a captação de água no DF, como no Lago Paranoá e no Subsistema Bananal. As obras de Corumbá IV também começaram e a entrega está prevista para dezembro de 2018.
“Nós estamos fazendo do ponto de vista absolutamente técnico. Todas as análises feitas pela Adasa com o menor nível de afluência para o reservatório do Descoberto, nos levam a uma projeção de ter um menor volume no final de novembro, algo em torno de 21, 9% da capacidade do reservatório quando teremos novamente um período de chuva e em dezembro teremos a inauguração da obra de Corumbá”, disse o governador.
O socialista destacou que a população é a grande responsável pelo anúncio, visto que reduziu o seu consumo em algo em torno de 12% a 13%, ressaltando também o esforço dos produtores rurais ao mudarem os métodos de irrigação.
Consumo prejudicado
O percentual de domicílios com abastecimento diário de água no Distrito Federal caiu de 99,7% para 43,3% em 2017. O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reflete o impacto do racionamento no dia a dia dos brasilienses.
Levando em consideração o número de consumidores locais, mais de meio milhão de imóveis deixaram de ter água disponível todos os dias. O índice de endereços que ficaram “na seca” entre quatro e seis vezes na semana passou de insignificante 0,2%, em 2016, para 54% em 2017.
A Caesb registrou queda de 34,8 milhões de metros cúbicos no consumo de água em 2016 e 2017, o que teria representado um impacto negativo de R$ 155,7 milhões em sua receita.
O prejuízo para os empresários também é grande. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), um dia de suspensão do abastecimento por semana representa 10% de queda no faturamento do setor.
O dano pode ser maior ainda, dependendo da atividade. Cerca de 11% dos salões de beleza do DF tiveram redução de 3% no faturamento, o equivalente a um prejuízo total de R$ 2 milhões desde que a rodízio foi adotado. Alguns precisam fechar as portas no dia em que a água não chega.
Cautela
Na contramão de todo o movimento pelo fim das restrições, estão especialistas em recursos hídricos. Para eles, o momento ideal para se tomar a medida seria apenas no segundo semestre, após o período da estiagem.
“O racionamento tem que continuar. Não pode fazer a conta pelo volume que está agora. A conta é de quanto estará no final da seca, lá para novembro. Se a seca for acentuada e o consumo aumentar, como estará o Descoberto? Voltará a ficar com 5%?”, questiona Gustavo Souto Maior, especialista em Economia Ambiental e professor da Universidade de Brasília (UnB).
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