“Queremos justiça”, cobra mãe de grávida que morreu ao dar à luz no DF
Velório de Mariana Cardoso ficou marcado pela indignação de amigos e parentes da manicure, que morreu após dar à luz bebê natimorto
atualizado
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O luto e o anseio por justiça marcaram o velório de Mariana Cardoso Vieira, 37 anos, na tarde desta segunda-feira (24/10), no Cemitério de Taguatinga. Grávida de 41 semanas, ela deu entrada no Hospital Regional de Samambaia (HRSam) na sexta-feira (21/10) e, um dia depois, entrou em trabalho de parto, mas morreu. Para a família, houve negligência da equipe de saúde, que teria induzido o nascimento da criança.
A manicure estava à espera da pequena Luiza Vitória. No entanto, teria sofrido uma hemorragia, segundo a família. Mãe e filha morreram no hospital. “Eles forçaram o parto. Teve uma abertura no útero, seguida de uma hemorragia. Houve negligência”, criticou Juliana Evangelista dos Santos, uma amiga próxima à família.
“Estamos em pedaços, destruídos. Tinha como eles [médicos] esperarem para [Mariana] ter um parto natural, mas forçaram. Foi um hemorragia interna muito grande. [Ela precisou de] oito bolsas de sangue, e eles não conseguiram conter, detalhou Juliana. “Ela não tinha qualquer tipo de doença. Entrou falando, andando e saiu assim.”
Pré-natal
A bolsa da Mariana rompeu na madrugada entre sexta-feira (21/10) e sábado (22/10), por volta da meia-noite. Em seguida, a gestante teve um sangramento. A família alega que o atendimento médico só chegou às 6h.
A grávida foi levada para o centro cirúrgico e começou o procedimento da cesárea. Quando deu à luz a criança, a menina nasceu sem vida. Os médicos tentaram reanimar a recém-nascida, mas não conseguiram.
“[A mãe] vai para o hospital ganhar o neném boa, sem doença alguma, e sai nessa situação. Por que não fizeram a cirurgia na menina [a mãe]? Se não tem condições de nascer por baixo, [a criança] pode nascer por cima [cesariana]”, diz a mãe de Mariana, Antônia Cardoso, 63. “Não havia risco de nada. Minha filha fez um pré-natal saudável. Eu sei que a vida dela não vai voltar, mas queremos justiça.”
“Cesariana de emergência”
Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que a gestante foi atendida no Pronto-Socorro do HRSam na sexta-feira (21/10) e que tinha “parâmetros adequados para ser submetida à indução do trabalho de parto”.
“Com evolução satisfatória [do quadro], iniciou-se sangramento genital, sendo indicada operação cesariana de emergência”, detalhou a pasta. No entanto, a bebê foi retirada do útero da mãe sem vida.
“A equipe tentou manobras de reanimação cardiorrespiratória por 40 minutos, sem sucesso. A mãe precisou passar por uma histerectomia [retirada do útero], com sinais de choque hemorrágico. Toda a assistência foi prestada à paciente, tendo sido encaminhada para a UTI [unidade de terapia intensiva] no próprio hospital”, completou a Secretaria de Saúde, em nota.
A mãe da bebê chegou a passar por “múltiplas transfusões de concentrados de hemácias, plasma e plaquetas”, além de ter recebido medicamentos que ajudaram a manter o quadro de saúde estável. “Apesar de toda a assistência médica possível, a puérpera foi a óbito às 21h45 de sábado [22/10]. A Secretaria de Saúde solidariza-se a essa família, [aos] amigos e parentes”, concluiu a pasta.