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Quarentena? Como se viram trabalhadores que não podem se isolar

Entregadores de comida, motoristas de ônibus e funcionários de mercados não têm opção de trabalhar em casa

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1 de 1 WhatsApp-Image-2020-03-20-at-21.31.371 - Foto: Mike Sena/Metrópoles

As ruas vazias de Brasília refletem os efeitos do fechamento do comércio, shoppings, igrejas, academias e escolas. Paralelamente, o teletrabalho ganhou força como arma a fim de combater a disseminação do coronavírus.  Mas há um grupo de trabalhadores sem opção de trabalhar em casa: entregadores de delivery, rodoviários e funcionários de supermercados.

A determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de manter-se em casa não pode ser seguida por José*. Ele é funcionário de uma empresa de call center, no Plano Piloto, na qual 150 pessoas se aglomeram em uma sala pequena todos os dias.

Funcionários que chegam ao trabalho de ônibus ou metrô dividem fones de ouvido com microfone nas trocas de turno, que ocorrem às 14h. Eles atendem ligações o dia inteiro com postos de trabalho próximos. O medo é generalizado. “Minha mulher trabalha em casa. Tenho medo de ser infectado e levar para toda minha família”, disse um dos funcionários, que preferiu não se identificar por medo de ser demitido.

O sindicato da categoria, o Sinttel, enviou ofício ao Governo do DF (GDF) pedindo o fechamento de todas as empresas de call center. “Essa medida se faz necessária, uma vez que as atividades laborais desses trabalhadores são executadas em ambientes fechados e de uso coletivo, com altíssimo risco de contágio pelo coronavírus”, alega o diretor da entidade, Leandro da Fonseca em documento.

Porém, ainda não houve resposta das empresas do setor.

Correios

Nas agências dos Correios, o medo impera. As correspondências têm chegado e o atendimento ao público continua vigente, mesmo com afirmação da empresa que mandaria para casa os grupos de risco e de que não abriria agências.

A reportagem do Metrópoles foi, nesta sexta-feira (20/03) à agência do Guará e estava em pleno funcionamento. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos entrou na Justiça para conseguir mais itens de higiene para os trabalhadores. A Justiça concedeu liminar determinando que a empresa apresente nota de todos os itens de higiene comprados e onde serão usados.

“Conseguimos também o afastamento do grupo de risco dos locais de trabalho. Eles não têm proteção, trocam canetas com clientes, não têm vidro na área de atendimento”, ressaltou a presidente dos trabalhadores dos Correios e Telégrafos, Amanda Corsino.

Nesta sexta-feira (20/03), houve a liberação de sabonete líquido nos banheiros, mas ainda não há álcool em gel para carteiros, segundo integrantes da entidade representativa.

No supermercado

Os trabalhadores de caixas de supermercados vivem o mesmo dilema. Para manter o abastecimento da população, eles têm feito atendimento nos estabelecimentos. Mas reclamam da falta de álcool em gel. Alguns chegaram a pedir máscaras, mas não é o recomendado pelo Ministério da Saúde.

Os sistemas de delivery também exigem que os trabalhadores da cozinha tenham contato direto enquanto trabalham.

Aumento das chances de contaminação

A infectologista Luciana Medeiros conversou com o Metrópoles nesta sexta-feira (20/03). Ela considera a preocupação dos trabalhadores plausível. “Eles ficam mais suscetíveis porque estão se expondo à aglomerações quando o indicado é isolamento social, mas se precisam trabalhar é preciso seguir as recomendações para tentar se proteger”, explicou.

Segundo a especialista, as recomendações do Ministério da Saúde são as mesmas para toda população: higienizar as mãos, passar álcool em gel,não levar as mãos ao rosto, manter distâncias entre as pessoas.

“As máscaras não são indicadas para pessoas assintomáticas. Elas são para os profissionais da saúde e para quem tem sintomas ou está em algum grupo de risco”, completou.

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