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Quadrilha usa casa de câmbio no DF para lavar dinheiro do tráfico

Homem chegou a ser jurado de morte pela organização criminosa por não honrar o pagamento de uma negociação ilegal envolvendo dólares

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Uma organização criminosa engendrada no Distrito Federal e formada por doleiros, estelionatários e contrabandistas se tornou alvo de investigação da Polícia Civil. Estruturado e com funções bem definidas, o bando desenvolveu um sofisticado esquema para lavar o dinheiro do tráfico de armas e drogas.

Uma casa de câmbio de fachada é usada para vender dólares com preços muito abaixo dos praticados pelo mercado e lavar as quantias faturadas com os crimes. Pelos menos seis pessoas, entre as quais quatro homens e duas mulheres, foram identificadas como integrantes do grupo.

De acordo com as investigações, a quadrilha também costuma usar a casa de câmbio, que não possui registro formal nos órgãos de controle financeiro, para realizar empréstimos pessoais e, assim, acobertar a lavagem de dinheiro.

Em uma das transações, um homem chegou a ser jurado de morte pelo bando após não honrar o pagamento de uma negociação ilegal. O valor do empréstimo seria de R$ 600 mil. Diante da ameaça de morte, ele procurou uma delegacia de Taguatinga para registrar o caso.

Além de ter fortes ligações com o tráfico de drogas e armas – a maioria proveniente do Paraguai –, a organização criminosa fatura com a venda de produtos falsificados também trazidos do país platino. Parte dos produtos contrabandeados costuma ser comercializada em uma loja situada no Riacho Fundo.

Uma das mulheres apontadas pela PCDF como membro do bando é filha de um criminoso condenado por tráfico de armas e drogas no Rio Grande do Sul, onde cumpriu pena até 2013.

Braço Armado

O grupo possui braço armado, responsável por fazer cobranças de dívidas não pagas, garantir a segurança no transporte dos produtos contrabandeados, além da busca e entrega de grandes quantidades de dólares usados nas transações financeiras. As apurações policiais identificaram o principal suspeito de ameaçar de morte os clientes da organização que não honravam os pagamentos dos empréstimos.

O homem estava sendo investigado quando foi preso, em 23 de abril, em Anápolis (GO). Detido em flagrante por contrabando e tráfico internacional de armas de fogo, o acusado foi flagrado por policiais rodoviários federais quando transitava com um veículo que transportava armas supostamente trazidas de forma ilegal do Paraguai.

O suspeito também é apontado por vítimas ouvidas pela polícia como o homem responsável por agir violentamente para fazer cobranças em nome da quadrilha.

Braço jurídico

A organização criminosa também conta com braço jurídico que dá cobertura ao esquema, auxiliando, principalmente, na lavagem de dinheiro. O escritório de advocacia que presta suporte ao bando fica no Lago Sul, em uma das quadras mais valorizadas da capital da República.

Após identificar os suspeitos, a dinâmica de atuação do grupo e como os crimes eram praticados, a PCDF pediu apoio do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro. A unidade especializada apareceu há cinco anos e é subordinada ao Departamento de Inteligência e Gestão da Informação (DGI).

É considerada uma pasta de assessoramento e auxilia todas as delegacias que precisam de análise de quebra de sigilos bancário e fiscal ou relatório de inteligência financeira.

Após pedir as quebras de sigilo fiscal e bancário e realizar busca e apreensão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) declinou da competência das investigações e determinou que o inquérito e os autos do processos fossem remetidos para a Justiça Federal.

No entanto, a PCDF permanece monitorando as ações do bando e se colocou à disposição das autoridades federais para prestar apoio nas diligências. As apurações correm em sigilo nos órgãos federais.

O outro lado

Em contato com a reportagem, a advogada do suspeito informou que, de fato, seu cliente foi indiciado por crime de porte de arma de uso permitido, contrabando e descaminho em outra unidade da federação. “Ele responde ao processo em liberdade, não tendo tais fatos qualquer vinculação a casa de câmbio ou investigação em trâmite perante o Distrito Federal”, afirma a nota.

A assessoria de imprensa da casa de câmbio do Riacho Fundo mandou nota para a reportagem afirmando que o comércio “não atua como operadora de empréstimos, apenas na conversão de moedas, detendo todas as autorizações necessárias à operação junto aos órgãos reguladores. A casa foi aberta há sete anos e possui sede fixa”.

O texto diz que na dívida citada, “o valor refere-se à cobrança judicial executada pela empresária na condição de pessoa física, após empréstimo não quitado. A empresa ressalta que o passivo no valor de 600 mil reais, citado na reportagem, foi reconhecido por meio de acordo firmado em cartório, e não há qualquer tipo de ameaça contra a vida do devedor”.

“Destacamos, ainda, que, nos sete anos de atuação no mercado, a casa de câmbio citada sempre prezou pela transparência, pontualidade, lisura e honestidade com todos os clientes e em todas as suas transações”, continua a nota, afirmando que a empresa adotará “as medidas judiciais e legais cabíveis serão adotadas, a fim de elucidar os fatos em questão perante as autoridades competentes”. Por fim, coloca-se à “disposição para os esclarecimentos necessários”.

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