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Quadrilha de travestis conseguia fotos íntimas para extorquir clientes

Pessoas eram coagidas, ameaçadas e obrigadas a fazer depósitos bancários nas contas dos criminosos. Grupo foi preso pela Polícia Civil

atualizado

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1 de 1 império - Foto: Michael Melo/Metrópoles

organização criminosa liderada por cafetinas desarticulada pela Polícia Civil do Distrito Federal na terça-feira (26/9) também atuava na internet, extorquindo vítimas. Clientes que tinham feito programa com as travestis eram coagidos, ameaçados e obrigados a fazer depósitos bancários nas contas dos criminosos que integravam o esquema.

Após surgirem as primeiras vítimas, a ação começou a ser investigada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

As vítimas da quadrilha eram escolhidas em aplicativos de paquera, a maioria destinada ao público homossexual. Travestis se faziam passar, muitas vezes, por homens ávidos por sexo. Depois do primeiro contato, as conversas se intensificavam por meio do aplicativo WhatsApp. Após a troca de mensagens, fotos íntimas e confidências sexuais, começavam as ameaças e extorsões.

A reportagem conversou com uma das vítimas do bando. Pedro* tem 28 anos e mora em são Paulo. Ele contou que foi extorquido por uma travesti famosa na região de Taguatinga Sul: Bruno Monteiro Rodrigues, 26, conhecida como Bruna Morango, que foi assassinada com quatro tiros à queima-roupa em 8 de setembro. O namorado da travesti também foi atingido pelos disparos e até hoje está internado no Hospital de Base.

O caso, noticiado pelo Metrópoles no último dia 17, tem como pano de fundo a disputa por pontos de prostituição envolvendo garotas de programas e travestis no setor industrial de Taguatinga Sul.

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A travesti foi executada com quatro disparos à queima-roupa
Bruna Morango se desentendeu com uma garota de programa que namorava um dos traficantes que atuam na região
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Bruna Morango e o namorado foram alvos de traficantes que desejam dominar os pontos de prostituição em Taguatinga Sul

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A travesti foi executada com quatro disparos à queima-roupa

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Bruna Morango se desentendeu com uma garota de programa que namorava um dos traficantes que atuam na região

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Segundo Pedro, o contato entre ele, Bruna Morango e seu namorado ocorreu no fim de agosto.

Tudo começou nesse aplicativo de paquera. Quem apareceu em um primeiro momento foi o namorado dessa travesti. Nós conversamos, trocamos algumas fotos, fetiches e preferências sexuais

Pedro*, vítima da travesti Bruna Morango

O rapaz explicou que, logo depois, começou a receber prints com as páginas do Facebook de seus pais e amigos próximos. Bruna e o namorado disseram que as imagens com o registro dos diálogos seriam enviadas para os parentes de Pedro.

A vítima fez dois depósitos bancários em contas repassadas pelos criminosos. “No momento em que a ficha cai, o sentimento é de constrangimento, revolta e receio. Por medo, acabei fazendo o pagamento da forma que eles queriam. Apenas dias depois descobri que essa travesti e o namorado haviam sido alvo de outros bandidos”, contou.

De acordo com a delegada adjunta da Decrin, Elisabete de Morais, antes de ser morta, Bruna Morango estava na lista de prisões da ação deflagrada pela Operação Império na manhã de terça (26). “Nós já vínhamos investigando essa vertente de crimes envolvendo as extorsões virtuais que o bando praticava”, afirmou Elisabete.

Tráfico de pessoas
O esquema desbaratado pela Operação Império também envolvia o tráfico interestadual de travestis para exploração sexual. Segundo as investigações, os integrantes da quadrilha tinham atividades bem definidas.

De agenciadores a cafetinas, os criminosos mobilizavam ainda “soldados” e “olheiros” armados com revólveres e facões, que vigiavam os pontos de prostituição para que outras garotas de programa não disputassem a clientela.

A relação que essas cafetinas tinham com as travestis era de ‘mãe e filha’. As repúblicas eram divididas entre as lideranças e também tinham soldados e olheiros que faziam rondas no território com armas de fogo e facões, com o intuito de ameaçar pessoas estranhas que queriam se prostituir no ponto

Elisabete de Morais, delegada

Para turbinar as travestis, existia até uma “bombadeira”, que injetava silicone industrial para torná-las mais atraentes. As apurações começaram em janeiro deste ano, após algumas moças procurarem a polícia para denunciar o esquema.

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Cinco cafetinas foram presas
A movimentação foi intensa na delegacia
O grupo praticava crimes graves na região de Taguatinga
A operação também contou com a participação de equipes do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e das Divisões de Operações Especiais (DOE) e Aéreas (DOA) da Polícia Civil do DF
Cinco carros também foram apreendidos
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Em 26 de setembro, policiais cumpriram 11 mandados de prisão preventiva

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Cinco cafetinas foram presas

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A movimentação foi intensa na delegacia

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O grupo praticava crimes graves na região de Taguatinga

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A operação também contou com a participação de equipes do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e das Divisões de Operações Especiais (DOE) e Aéreas (DOA) da Polícia Civil do DF

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Cinco carros também foram apreendidos

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Dos 11 mandados de prisão preventiva, 10 foram cumpridos na manhã de terça (26). Entre os detidos, estavam cinco cafetinas, duas travestis que atuavam como soldados, o marido de uma delas e duas pessoas de uma organização criminosa rival que disputava o território.

A operação ocorreu em cinco repúblicas em Taguatinga e no Riacho Fundo. Em cada uma delas, moravam até 15 travestis. Todas que estavam nos locais no momento das buscas foram levadas coercitivamente para a delegacia.

De acordo com a delegada Elisabete, muitas das vitimas tinham uma relação de dependência com as cafetinas e não tinham a percepção de que elas, na verdade, eram seus algozes. “No entendimento de muitas delas, eram as cafetinas que davam a oportunidade de ter uma casa, ganhar dinheiro. Elas criavam uma relação de afeto, e a travesti pensava que formavam uma família. Não se sentiam vítimas, já que não viviam em situação subumana”, explicou.
*Nome fictício a pedido da vítima

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