Punhal, arma, Jesus: veja objetos históricos que sumiram de museus
No início de agosto, pelo menos 1775 objetos constavam no Banco de Bens Procurados do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional
atualizado
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Desaparecimento de itens históricos de valores incalculáveis ocorrem há anos no Brasil, segundo dados encaminhados ao Metrópoles pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Até o início de agosto, pelo menos 1775 objetos constavam no Banco de Bens Procurados (BCP) do Iphan. Conforme consta em boletins de ocorrências, inclusive alguns registrados no fim do século 20, itens como manuscritos, obras de arte e coroas de 1700, por exemplo, permanecem sumidos há décadas no país.
Recentemente, o Metrópoles denunciou o furto de um cachimbo da etnia Tapajó que desapareceu da exposição “BioOCAnomia Amazônica”, do Sesi Lab, em 25 de julho. O objeto estava em exibição no Setor Cultural Sul, em Brasília, quando sumiu. Ninguém soube explicar em quais circunstâncias o crime aconteceu.
Em maio de 2022, inúmeros objetos históricos, como armas pertencentes ao marechal Deodoro, punhais ligados ao marechal Floriano Peixoto e armas com ignição à pólvora e chumbo do período da guerra do Paraguai sumiram no Museu do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Os valores das peças não foram informados.
Confira alguns dos objetos procurados:
Em 1985 também entraram no sistema do Cadastro Nacional de Bens Musealizados Desaparecidos artes sacras esculpidas em ouro, tais como esculturas do menino Jesus, joias e imagens de santas.
Ao Metrópoles, o Iphan explicou que detalhes sobre o desaparecimento de bens históricos são um desafio para a pasta. “Na grande maioria dos informes, os dados sobre as características dos bens, suas fotografias ou detalhes das ocorrências não existem, não são conhecidos ou não são informados. Ainda que o sistema atual ou o novo sistema apresentem fichas com grande quantidade de campos a serem preenchidos para maior detalhamento possível, raramente é possível completá-los”, disse o órgão, em resposta a um pedido via Lei de Acesso à Informação.
No último domingo (11/8), ao explicar o acionamento da Interpol – Organização Internacional de Polícia Criminal – a respeito do sumiço do cachimbo histórico de valor “incalculável”, o subsecretário de Patrimônio Cultural Felipe Ramon disse que alertar o organismo internacional faz parte de um dos protocolos seguidos em casos de “bens musealizados desaparecidos”.
“É preciso informar à Interpol para evitar que o bem cultural seja levado para o exterior. Assim, caso o bem dê entrada em acervos internacionais, estará registrado que ele possui origem ilícita”, disse Ramon.
Plataformas de pesquisa
Segundo o Iphan, “a rede de atores na proteção ao Patrimônio Cultural brasileiro é diversa e conta com outros entes que registram o desaparecimento de bens sob sua tutela”. Os principais bancos de dados disponíveis online hoje são:
I – O de bens culturais mineiros desaparecidos organizado pelo MPMG: https://sondar.mpmg.mp.br/
II – O Cadastro de Bens Musealizados Desaparecidos (CBMD), organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus: https://bensdesaparecidos.museus.gov.br/
III – O Banco de Bens Procurados do Patrimônio Cultural carioca: http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/bem_procurado
IV – O app mobile da Interpol: https://www.interpol.int/Crimes/Cultural-heritagecrime/Stolen-Works-of-Art-Database
V – O app mobile do FBI: https://play.google.com/store/apps/details? id=com.fbi.nsaf&hl=pt_BR&gl=US&pli=1
VI – A consulta sobre o acervo bibliográfico desaparecido: https://www.gov.br/bn/pt-br/atuacao/colecoes-e-servicos-aosleitores/obras-desaparecidas