Psicólogas denunciam colega por assédio: “Disse que iria se masturbar”
Caio Diogo teria oferecido R$ 1,5 mil para profissional aceitar transar com ele. Afirmou, ainda, que iria se masturbar e gozar pensando nela
atualizado
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Um homem de 29 anos é acusado de assediar sexualmente psicólogas durante sessões terapêuticas, em Brasília. Ao menos três mulheres foram à delegacia nas últimas semanas e depuseram contra o suspeito, identificado como Caio Diogo Santana de Sousa.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou, em nota enviada ao Metrópoles, que as investigações estão em andamento e que as denúncias vêm sendo apuradas pela 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). A Comissão de Ética do Conselho Regional de Psicologia do DF (CRP-DF) também analisa os fatos.
Caio Diogo também é psicólogo e atua no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Uma das vítimas, a psicóloga Ana Caroline Neres (foto em destaque), de 25 anos, relatou, com exclusividade ao Metrópoles, os assédios sexuais praticados pelo homem. Ela foi a primeira a denunciá-lo na delegacia.
O suposto crime ocorreu em 10 de junho deste ano. Ana Caroline estava sozinha na clínica onde trabalha, em Taguatinga, quando Caio pediu para marcar uma sessão com ela, de forma presencial. A terapia começou por volta das 18h30.
A psicóloga relata que, inicialmente, o homem logo falou que estava procurando ajuda devido a pensamentos sexuais correlacionados a mulheres, e ela o acolheu profissionalmente. Caio Diogo, porém, começou a assediá-la, em seguida.
“Ele é manipulador. Sai da postura de paciente, e se torna um assediador”, assinala.
Durante a terapia, segundo a denunciante, Caio confessou que estava no consultório para ficar excitado. Ele também teria admitido que a encontrou nas redes sociais e que marcou uma sessão com Ana Caroline para se encontrar com a profissional, pois ela era muito bonita. Afirmou, ainda, que iria se “masturbar e gozar” pensando nela, assim que chegasse a casa.
“Ele começou a dirigir todo o assédio para mim, elogiando meu salto, minha roupa, meu corpo. E falou o que faria em casa pensando em mim. E, mesmo eu falando que estava desconfortável, ele continuava”, relata a vítima.
“Ele também me ofereceu R$ 1,5 mil para ficar com ele, para transar com ele. Fiquei apavorada.”
Com o avanço dos assédios sexuais, e temendo que algo pior pudesse acontecer, Ana Caroline avisou, via aplicativo de mensagens, a irmã e uma amiga sobre o ocorrido. Elas começaram a telefonar ininterruptamente para a vítima, que usou isso para encerrar a sessão.
A psicóloga ainda ofereceu contato de um profissional do sexo masculino para que Caio Diogo se tratasse, mas o homem, segundo ela, recusou e disse que gostaria de continuar as consultas com Ana para ter esse “momento de prazer”. O pesadelo durou 1 hora e 10 minutos.
Ana Caroline ressalta ter realizado a denúncia para, sobretudo, evitar que mulheres passem por situação semelhante.
As outras duas psicólogas depuseram contra Caio Diogo somente após Ana Caroline relatar o caso em uma rede social. “Na sessão, ele falou que já era psicólogo, e isso intimida. Disse que aqui [no consultório] era um espaço seguro, e que tem a questão do sigilo. Então, ele se aproveita desse contexto terapêutico”, assinala Ana Caroline.
“Invenção da vítima”
O advogado criminalista Afonso Lopes, que representa Caio Diogo, nega as acusações de assédio sexual e diz que o cliente estava apenas buscando ajuda terapêutica. O psicólogo prestou depoimento na 12ª DP no último dia 5 de julho.
“O Caio está diagnosticado com depressão em alto grau. A depressão dele é um distúrbio no sentido de que foge do controle dele. Então, ele vê mulheres na rua e fica excitado, e isso estava atrapalhando a vida dele. Por esse motivo, na condição de psicólogo, resolveu buscar um atendimento. Entrou na internet e a encontrou”, descreve o defensor, em conversa com o Metrópoles.
Afonso conta que o cliente não ofereceu R$ 1,5 mil para a psicóloga transar com ele e que tampouco falou em se “masturbar e gozar” pensando nela.
Na delegacia, Caio Diogo alegou ter ficado à vontade para relatar a situação, pois estava em um “ambiente de sigilo”. Afirmou também que não tinha o intuito de assediar ninguém, mas que acreditou que pudesse falar o que estava pensando ao ter se sentido em um “espaço de acolhimento”. E que, durante a sessão, apenas “narrou o que sentia usando a psicóloga como exemplo”.
O advogado também disse que a denúncia de Ana Caroline trata-se de uma “invenção da vítima, que contaminou as demais”.
“Essas outras pessoas atenderam ele normalmente e falaram que não estavam confortável. Simplesmente, pediu para que ele não voltasse: ‘Caio, eu não quero te atender mais’. Então, que vítimas foram essas que não procuraram a delegacia e só existiram a partir do momento que a senhora Ana Caroline fala sobre o caso em rede social?”, indaga o criminalista.
Questionado sobre o motivo de Caio Diogo não ter buscado tratamento com um psicólogo homem, o advogado respondeu que o rapaz acreditava, inicialmente, que precisava superar isso falando com mulheres.
“Ele buscou ajuda de mulheres justamente para que elas se colocassem no lugar”, pontuou Afonso.
O criminalista também informou que a defesa providencia representação administrativa junto ao Conselho Regional de Psicologia do DF contra Ana Caroline por, segundo ele, ter quebrado o sigilo profissional.