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Prontuários vazados: MPDFT pede abertura de inquérito policial militar

Atualmente, MPDFT, PCDF e CRM-DF apuram denúncias sobre supostos vazamentos de dados pessoais de prontuários médicos de bombeiros militares

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1 de 1 Bombeiros militares - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Diante da denúncia de supostos vazamentos de prontuários médicos de integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) entre oficiais da corporação, o Ministério Público (MPDFT) pediu a abertura de inquérito policial militar para apuração do caso.

O ofício, assinado pela 3ª Promotoria de Justiça Militar do Distrito Federal, foi encaminhado à Corregedoria do CBMDF na sexta-feira (12/7).  O MPDFT requisitou o inquérito para investigar o suposto acesso de terceiros a informações sigilosas de pacientes, com dados sensíveis encaminhados ao comandante da unidade – que não é médico.

Caso as denúncias sejam comprovadas, a situação pode caracterizar os crimes de invasão de privacidade, quebra de sigilo profissional e até mesmo exercício ilegal da medicina. O Ministério Público deu prazo de 10 dias para que a corregedoria responda ao ofício.

O caso

Denúncias sobre o ocorrido também tramitam no MPDFT, na Polícia Civil (PCDF) e no Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), após prontuários médicos de bombeiros militares e de parentes supostamente vazarem entre oficiais da corporação.

Sem qualquer tipo de autorização, integrantes do alto escalão do CBMDF teriam acessado informações sensíveis de pacientes que integram as fileiras da tropa.

A primeira denúncia veio à tona no início deste ano, dados pessoais e sigilosos restritos ao prontuário de saúde mental de um paciente correram em rodas de conversas com participação de oficiais. Na ocasião, um militar em tratamento teria sido alvo de julgamentos e escárnio por parte de superiores.

Exposição

A vítima é paciente do Centro de Assistência Bombeiro Militar (CEABM), unidade de saúde que oferece tratamento exclusivamente para militares e dependentes com transtornos mentais e psiquiátricos, como ansiedade e dependência química.

Para evitar constrangimentos e a exposição de pacientes, o centro funciona em local separado da Policlínica Médica do CBMDF, onde ocorrem atendimentos médicos de outras especialidades. O CEABM conta com psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais. No entanto, apesar de o corpo técnico ser formado por profissionais de saúde, o coordenador do CEABM é um tenente-coronel sem formação na área.

Alarmado pela possível circulação de informações sem consentimento deles, um grupo de bombeiros entrou em contato com o oficial para tentar descobrir a origem do vazamento, mas não receberam respostas. Para piorar, os militares foram surpreendidos ao saber que os prontuários eram acessados e visualizados por chefes da unidade que não têm formação em saúde.

CRM

Após receber a denúncia, o CRM-DF instaurou investigação sobre o suposto vazamento e acesso ilegal dos prontuários médicos dos bombeiros militares. Se for constatado vazamento de dados, o responsável técnico poderá sofrer sanções éticas. O caso também será encaminhado pelo Conselho para apuração por outros órgãos competentes. Entretanto, a instituição ressaltou que todas as denuncias são investigadas sob sigilo processual.

Por meio de nota, o CBMDF argumentou que o regimento interno da corporação determina que a função de comandante do CEABM precisa ser preenchida por um oficial combatente. No entanto, ressaltou que a responsabilidade é exclusivamente administrativa; por isso, abrirá investigação interna.

Leia a nota completa:

“Conforme o regimento interno do CBMDF, a função de Comandante do Centro de Assistência Bombeiro Militar (CEABM) é destinada a um oficial combatente. Esses oficiais são formados e aperfeiçoados ao longo da carreiras para administrar a corporação em diversas áreas.

Em relação às informações recebidas sobre a questão:

O Centro de Assistência Bombeiro Militar informa que a responsabilidade do comandante do centro é exclusivamente administrativa, não tendo acesso aos prontuários dos pacientes. Esses prontuários são mantidos em uma sala trancada, cujo acesso é restrito aos militares do quadro técnico, como psiquiatras e psicólogos. Além disso, os processos eletrônicos que contêm prontuários e pareceres técnicos são considerados sigilosos e só podem ser acessados mediante credencial apropriada. Portanto, todas as pessoas que têm acesso a esses documentos possuem o devido amparo legal.

Reiteramos que o comando do CBMDF vai averiguar internamente o sigilo das informações para confirmar que essa prática tem sido seguida e garantir que será mantida.

O CBMDF está à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais e reafirma o compromisso com a segurança e o sigilo das informações de nossos pacientes.”

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