Promotor e representante da OAB -DF discutem em julgamento de Adriana
Marcelo Leite, do MPDFT, disse que perguntas feitas pela assistente de acusação favoreciam a arquiteta, o que causou irritação da advogada
atualizado
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No quarto dia de julgamento de Adriana Villela, o promotor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios Marcelo Leite disse ao presidente do Tribunal do Júri que a representante da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional DF (OAB-DF), que atua como assistente de acusação, Bárbara Maria Franco Lira, tem feito perguntas que favorecem a defesa da arquiteta. Por isso, pediu que o MPDFT faça questionamentos às testemunhas após a assistente, invertendo a ordem.
Bárbara usou o microfone para se declarar ofendida. “A OAB-DF entrou no caso por três motivos: por que as vítimas eram advogados, um pedido da família das vítimas e em razão das enormes irregularidades. Me surpreende a postura do doutor Marcelo neste momento, pois todas as minhas perguntas, independentemente das testemunhas, foram relacionadas à investigação e às contradições”, declarou.
O juiz indeferiu o pedido, mas ressaltou que ficará atento para garantir o contraditório.
“Guerra” de cartas
Mais cedo, Marcelo Leite fez um balanço dos três primeiros dias de julgamento de Adriana. Ela é acusada de ser a mandante do triplo homicídio na 113 Sul. “As provas estão excelentes para a condenação da acusada. Os depoimentos expõem muito bem o que ocorreu. O nosso balanço é o melhor possível”, afirmou.
Segundo ele, a carta lida pelo procurador Maurício Miranda aos jurados nessa quarta-feira (25/09/2019) “deixa muito clara a questão da briga que tinha entre a mãe e a filha por questões financeiras”. “É justamente o que a gente entende como o motivo do crime. Essa carta foi apreendida no escritório de Maria Villela [mãe de Adriana] durante as investigações pela 1ª DP [Asa Sul]. Ali fica muito claro que o motivo da discussão era financeiro”, acrescentou Borges.
Por outro lado, a defesa de Adriana apresentou oito troca de e-mails entre Maria Villela e a filha, Adriana. Nos textos, as duas se tratam de forma carinhosa e Maria Villela sempre se refere à arquiteta como Nana.
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, também avaliou os três primeiros dias de júri. “Estamos desmontando uma farsa que foi criada pelo MPDFT e pela Corvida, que tentou incriminar a Adriana de forma covarde. Ela recebeu uma carta dura da mãe em 2006, que representa um momento que teve um problema de relacionamento com dona Maria. No entanto a acusação não considerou dezenas de cartas e e-mails que estão nos autos e são absolutamente amorosas, recebidas após essa carta. Isso é deslealdade”, ressaltou.
“Agora nós teremos que fazer um enfrentamento com as demais testemunhas que virão e dirão quem é a Adriana. Vamos tirar essa impressão de uma mulher que teria um problema grave com os pais. Isso absolutamente não corresponde à realidade”, completou.
O crime da 113 Sul ocorreu em 28 de agosto de 2009. Na ocasião, foram mortos a facadas — 73 no total — o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73; a esposa dele, Maria Villela, 69; e a funcionária do casal, Francisca Nascimento da Silva, 58.