Projeto da UnB treina cães para evitar a entrada de produtos de origem vegetal e animal proibidos no país
Pesquisadores acreditam que uso do animal é mais eficaz. Enquanto ele fareja a bagagem em cinco segundos, um scanner leva um minuto
atualizado
Compartilhar notícia
Um projeto pioneiro no país treina cães para auxiliar na detecção de produtos orgânicos de origem animal e vegetal que entram pelos aeroportos e fronteiras nacionais. O método – em que os animais identificam doenças, vírus e outras pragas – é subsidiado por uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Vigilância Agropecuária Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Vigiagro). No Aeroporto Internacional de Brasília, o labrador Romeu começa a “trabalhar” em menos de duas semanas.
Segundo o professor Cristiano Melo, coordenador do projeto, a atuação conjunta dos cães e dos fiscais federais agropecuários na detecção da entrada de produtos ilegais torna o processo mais eficaz. “A velocidade de interceptação vai aumentar”, acredita. “O cachorro é como uma extensão do fiscal que o acompanha. Ele, a entrevista que se faz com o passageiro que chega do exterior e o scanner completam todo o sistema”.
Bernardo Sayão, superintendente federal de agricultura no DF, acredita que o uso do animal dispensa o scanner corporal, uma vez que ele fareja as malas e os passageiros. “O cão faz o trabalho em cinco segundos. O scanner leva um minuto”, defende.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Animais, Márcio Henrique Micheletti é fiscal federal agropecuário e trabalha com o labrador Romeu (foto), que está finalizando o treinamento e deve começar a atuar no Aeroporto de Brasília.
“O cachorro facilita o processo de interceptação ao identificar uma mala que necessariamente deverá passar pelo scanner”, explica Márcio. “Provavelmente teremos um segundo cachorro trabalhando nesse sistema de prevenção antes das Olimpíadas”.
Segurança
A entrada de produtos sem o Certificado Sanitário Internacional coloca em risco a saúde da população e a economia do país. “O programa da Vigilância Agropecuária tem o objetivo de fazer barreiras contra o ingresso de pragas que não existem no Brasil”, explica Fábio Schwingel, chefe da unidade do Vigiagro no aeroporto de Brasília.
O estudo mapeou o perfil dos passageiros que entram com os produtos proibidos, além dos principais voos com probabilidade de conter itens que oferecem risco à saúde pública e animal. O professor Cristiano Melo explica que é necessário interceptar o produto sem certificação ainda no aeroporto, uma vez que as possíveis pragas se disseminam rapidamente.
“Se o passageiro não traz o certificado sanitário é impossível atestar que aquele produto é isento de agentes infecciosos, como a febre aftosa”, afirma. “O consumidor compra esse produto lá fora e muitas vezes não o consome, então o resto desse alimento vai parar no lixo e pode virar lavagem para um porco, por exemplo”, complementa. (Informações da UnB).